O torcedor do Rennes agredido por Neymar em 2019 e que, posteriormente, foi assediado após a divulgação de sua identidade no Twitter, entrou com uma ação na Justiça nesta terça-feira contra o Paris Saint-Germain.
O processo foi aberto após o portal Mediapart divulgar que o fã em questão foi vítima de uma campanha hostil nas redes sociais que teria sido orquestrada pelo PSG, informou seu advogado à AFP. Entre os crimes alegados estão os de coleta fraudulenta ou injusta de dados pessoais, violação do sigilo profissional, violência psicológica grupal e assédio moral.
Segundo o Mediapart, o clube parisiense encomendou entre 2018 e 2020 à agência de comunicação Digital Big Brother (DBB) a criação de contas falsas no Twitter para realizar campanhas hostis contra "inimigos" ou pessoas que fossem contra a equipe.
O torcedor, que levou um tapa de Neymar após a derrota do PSG para o Rennes na final da Copa da França de 2019, teve sua identidade e ano de nascimento divulgados de forma não autorizada no Twitter.
"Como consequência da divulgação de sua identidade, ele foi interrogado na rua, perdeu clientes em seu restaurante, foi ameaçado em sua casa", diz o processo, alegando também que o homem sofreu "cyberbullying".
Segundo o jornal francês Le Parisien, o PSG havia conseguido acesso à identidade do torcedor através de um ex-agente do serviço secreto francês, Malik N., contratado em 2018 para fazer o contato entre os grupos de seguidores e o clube.
Malik é uma das três pessoas que foram acusadas pela Justiça francesa em 29 de setembro por, entre outros delitos, violar o sigilo profissional ao divulgar informações sensíveis e confidenciais a diversas instituições, inclusive ao PSG.
De acordo com o processo, "não há dúvidas de que tal campanha foi levada intencionalmente para desestabilizar o autor e impedi-lo, em particular, de apresentar uma denúncia" contra Neymar.
Por fim, o torcedor apresentou a denúncia em maio de 2019, que terminou com o atacante brasileiro sendo chamado ao Tribunal de Justiça francês em outubro de 2021. Neymar atualmente responde a um processo movido pelo grupo DIS, um fundo de investimentos que possuía parte dos direitos econômicos do atleta quando ele ainda atuava pelo Santos, que denuncia supostas irregularidades em sua transferência para o Barcelona, em 2013.