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Ex-dirigentes da Conmebol receberam 32 milhões em subornos, diz testemunha

Esquema de subornos no mercado de direitos televisivos ficou conhecido como FIFAgate e estourou em 2015; julgamento do caso está sendo realizado em Nova York

19/01/2023 10:23
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Testemunha confessou ter pago cerca de 32 milhões de dólares em propinas aos principais executivos da Conmebol até 2015
foto: AFP PHOTO/DON EMMERT

Testemunha confessou ter pago cerca de 32 milhões de dólares em propinas aos principais executivos da Conmebol até 2015


 
O argentino Alejandro Burzaco, uma das testemunhas no julgamento em Nova York de dois ex-dirigentes no âmbito do megaescândalo de subornos na Fifa, garantiu nessa quarta-feira (18) que pagou cerca de 32 milhões de dólares em propinas aos principais executivos da Conmebol até 2015. 

Até estourar o escândalo de suborno conhecido como FIFAgate em 2015, a empresa T&T - criada por Burzaco e a brasileira Traffic -, da qual teriam participado os dois réus, o argentino Hernán López e o mexicano Carlos Martínez, pagou entre "30 e 32 milhões de dólares" em propinas para garantir o lucrativo mercado de direitos televisivos de campeonatos de futebol, disse o delator no tribunal. 

"Tínhamos uma joint venture chamada T&T Cayman" com Hernán López e Carlos Martínez, com a qual pagavam subornos a dirigentes da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) para garantir direitos de transmissão lucrativos de longo prazo para torneios de futebol sul-americanos como a Copa Libertadores, assim como amistosos e de classificação e a organização de eventos esportivos.

A quantia total chegava a "entre 50 e 60 milhões" de dólares, mas não conseguiram pagar os valores comprometidos porque a investigação em 2015 do chamado FIFAgate o frustrou. 

Os principais beneficiados foram o chamado "grupo dos seis", formado pelos membros mais importantes da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol): o presidente, Nicolás Leoz (paraguaio, falecido em 2019), o vice-presidente Eugenio Figueredo (uruguaio), o secretário-geral Eduardo Deluca (argentino), o tesoureiro Romar Osuna (boliviano) e os presidentes das duas mais poderosas federações sul-americanas de futebol, o brasileiro Ricardo Teixeira e o argentino Julio Grondona, falecido em 2014. 

"Subornamos todos esses senhores e eu participei desse esquema", disse Burzaco, que se declarou culpado e chegou a um acordo com o tribunal dos Estados Unidos que incluía o pagamento de uma multa de pelo menos 21,6 milhões de dólares.

"Por que esses indivíduos em particular?", perguntou a promotora Kaitlin Farrell. "Eles eram membros-chave da Conmebol", explicou a testemunha apresentada pela acusação. 

Desde 1999, a Conmebol vem negociando os direitos de transmissão dos clubes que até então os negociavam individualmente. 

O objetivo era assinar contratos de direitos de transmissão das partidas "a um preço abaixo do mercado", "evitar a concorrência", "comprar sua lealdade" e "fazer negócios futuros com eles", disse Burzaco. 

O interesse da T&T era renovar os contratos muito antes de expirarem para garantir o negócio, explicou. 

Os pagamentos foram feitos por meio de contratos de prestação de serviços que não existiam, explicou Burzaco, que não volta a sua terra natal, a Argentina, desde 25 de maio de 2015, embora também houvesse itens que eram pagos por meio da tesouraria da Conmebol.

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