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Três clubes da Série A não se manifestaram sobre Dia de Combate à LGBTfobia

Data é celebrada no dia 17 de maio; clubes que se posicionaram pediram respeito e inclusão

18/05/2023 15:50 / atualizado em 18/05/2023 16:37
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Dia Internacional Contra a Homofobia, a Transfobia e a Bifobia é celebrado em 17 de maio
foto: Divulgação/Junior Souza/CBF

Dia Internacional Contra a Homofobia, a Transfobia e a Bifobia é celebrado em 17 de maio

 

Dos 20 clubes que disputam a Série A em 2023, apenas Flamengo, Cuiabá e Coritiba não fizeram nenhuma menção - nem nas redes sociais nem nos sites oficiais - ao Dia Internacional Contra a Homofobia, a Transfobia e a Bifobia, celebrado na quarta-feira (17).

 

As outras 17 equipes destacaram a data com mensagens de inclusão, respeito e de luta contra o preconceito e a discriminação. A homofobia, caracterizada como "aversão odiosa à orientação sexual ou à identidade de gênero de alguém", é, desde 2019, crime equiparado ao racismo, e, portanto, inafiançável e imprescritível.

Casos de LGBTfobia no futebol

A CBF usou o 17 de maio para divulgar um estudo realizado pelo Coletivo de Torcidas Canarinhos LGBTQ+. Segundo o Anuário do Observatório do Coletivo, em 2022 foram registrados 74 casos de homofobia relacionados ao futebol, seja dentro ou fora de campo.

 

Esse número é 76% maior do que o registrado no ano anterior, quando foram contabilizados 42 casos. Em 2020, foram 20 casos - os campeonatos ficaram paralisados por um período por conta da pandemia de coronavírus.

 

O Coletivo tem uma parceria com a CBF desde o ano passado. O presidente da entidade, Ednaldo Rodrigues, diz ter como prioridade "combater os preconceitos e trabalhar para que o futebol seja um lugar de inclusão". Neste ano, a confederação foi a primeira no mundo a adotar a possibilidade de punir clubes por casos de discriminação.

Por que os posicionamentos dos clubes são importantes

O presidente do Coletivo de Torcidas Canarinhos LGBTQ+, Onã Rudá, citou os cânticos com conotação homofóbica, mascarados como provocação aos adversários, como um dos exemplos do processo social que tenta, segundo ele, afastar a comunidade LGBTQIA+ do esporte.

 

Para ele, os clubes têm o dever de atender a demanda social de combate à homofobia.

 

- Todos os clubes têm torcedores que são da comunidade LGBTQIA+. Essas pessoas não merecem respeito desses clubes? Não merecem atenção? Não merecem que os clubes trabalhem, ainda que de forma sutil, para garantir a existência dessas pessoas como torcedores e torcedoras? - disse, ao Superesportes.

 

Rudá classificou como "lamentável" a falta de posicionamento de algumas equipes.

 

- Mostra um descompromisso com o combate a essa que é uma violência recorrente no futebol - concluiu.

O que dizem os clubes que não se manifestaram

Flamengo, Cuiabá e Coritiba foram procurados para explicar o motivo de não terem se posicionado sobre o Dia Internacional Contra a Homofobia, a Transfobia e a Bifobia. As três equipes não responderam aos contatos da reportagem até o fechamento da matéria. Assim que o fizerem, o texto será atualizado.

Por que o 17 de maio é importante

A celebração do Dia Internacional de Combate à LGBTfobia acontece no dia 17 de maio porque foi nesta data, mas em 1990, que a Organização Mundial da Saúde reviu uma decisão e retirou a homossexualidade do CID, que é o Código Internacional de Doenças.

 

O Coletivo de Torcidas Canarinhos LGBTQ+ registrou, no ano passado, posicionamentos de 66 clubes brasileiros, das Séries A, B, C e D, na data. Outras 58 equipes optaram pelo silêncio na ocasião.

 

Um levantamento do grupo também mostra que 85 dos 128 times participantes da Copa São Paulo de Futebol Júnior do ano passado não registraram nenhum atleta com a camisa 24. No Brasil, o número é associado de forma pejorativa à comunidade LGBTQIA+.

 


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