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Corinthians, Flamengo? Oscar revela 'pressão' de filhos por volta ao Brasil

Meia de 31 anos está na China desde 2017 e ficou perto de atuar pelo Rubro-Negro no segundo semestre de 2022

15/06/2023 06:00 / atualizado em 14/06/2023 23:47
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Oscar defende o Shanghai Port e tem contrato até o fim de 2024
foto: Reprodução

Oscar defende o Shanghai Port e tem contrato até o fim de 2024


 
Oscar ficou perto de voltar a jogar no futebol brasileiro depois de dez anos, mas não conseguiu a liberação do Shanghai Port, da China, para ser emprestado ao Flamengo durante o segundo semestre de 2022. Aos 31 anos, o meia revelou uma "pressão" familiar para retornar ao país. A filha Julia, de oito anos, é corintiana, enquanto o filho Caio tem sete anos e é flamenguista.

- Como meus filhos estão crescendo mais, acabam cobrando. Minha filha torce pelo Corinthians, nem eu sei o porquê, e ela "pai, vai para o Corinthians". E meu filho é flamenguista e pede "pai, vai para o Flamengo". Fica nesse embate dos dois aqui (risos). Eles adoram o Chelsea também, queriam que eu voltasse para o Chelsea algum dia, porque eles eram pequenininhos quando eu estava lá, não lembram muito de eu jogando lá. Às vezes eu tenho essa vontade de voltar para eles acompanharem - afirmou Oscar, que ainda tem o caçula Oscar, nascido no fim do ano passado.
 

Comprado pelo Shanghai Port do Chelsea em dezembro de 2016, Oscar tem contrato até o fim de 2024 e recebe um dos maiores salários do futebol mundial: 24 milhões de euros (R$ 125 milhões) por ano. Desde 2020, porém, a Associação Chinesa de Futebol (CFA) impôs o teto salarial de US$ 3,3 milhões (R$ 16 milhões) por ano para os jogadores estrangeiros, o que deixa como praticamente impossível uma renovação para as próximas temporadas.

Apesar dos pedidos dos filhos, Oscar disse não fazer planos para retornar ao Brasil a curto prazo. Ele deixa aberta a possibilidade de jogar novamente no futebol europeu, onde defendeu o Chelsea por quatro anos e meio, de 2012 a 2016. Seria até um caminho para, quem sabe, sonhar em voltar a ter chances na seleção brasileira.

- Não tem muitos jogadores com a minha característica na seleção de hoje, é muito difícil achar um meio-campista que cria bastante, principalmente no futebol brasileiro, onde tem cada vez menos jogadores assim, então acho que na minha posição tem espaço ainda. Lógico que eu jogando na China e a idade já crescendo um pouquinho, vai ficando cada vez mais difícil. Se eu estivesse na Europa, jogando uma Premier League, na liga italiana ou na liga espanhola, com certeza eu teria muito mais chance de voltar à seleção. Jogando aqui fica um pouquinho mais difícil. Isso sempre foi claro para mim desde quando vim para cá - disse Oscar.

- Vi alguns jogadores que estavam aqui indo, como o Paulinho, Renato Augusto e Gil, até o Tardelli foi uma vez quando estava aqui. Antes, em 2018 e 2019, o futebol aqui também era difícil, num nível bom. Agora mudou um pouquinho, estamos recomeçando. Daqui eu acho mais difícil ir para a seleção. A gente nunca sabe o que acontece no futebol, mas, se eu estiver nos próximos anos em um time europeu, talvez eu tenha chance de voltar à seleção - acrescentou.

Oscar tem carinho por São Paulo e Inter


No Brasil, Oscar foi revelado pelo São Paulo e teve uma saída turbulenta para o Internacional, onde brilhou até ser vendido ao Chelsea. Tantos anos depois, o meia recebe até hoje críticas de torcedores do clube do Morumbi, mas não descarta um dia voltar aonde iniciou a carreira profissional. Ele, inclusive, encontrou-se com o atual presidente tricolor, Julio Casares, quando esteve no país no fim do ano passado.
 
 

- Acho que para voltar ao Brasil, lógico que tenho um carinho enorme pelo Inter, tive uma passagem muito legal por lá, e pelo São Paulo também tenho um carinho enorme. Todo mundo sabe que sempre fui são-paulino desde pequeno, fui criado na base do São Paulo. Não tive tanta oportunidade porque naquela época era mais difícil. Antes não jogava tanto menino da base, o São Paulo era campeão brasileiro três anos seguidos com jogadores mais velhos, acostumados a ganhar, era muito difícil entrar naquele time - justificou Oscar, antes de minimizar as críticas dos torcedores por causa da sua saída.

- Até encontrei o presidente Casares e tive um bate-papo tranquilo com ele num almoço. Essa coisa de torcedor ficar bravo é de pessoal que não entende muito de futebol. Quem entende de futebol sabe que não tive a oportunidade naquela época. Depois, como eu me destaquei em outros times, ficam "ah, era para ele ter jogado aqui". Só que eu estava lá, e quando eu estava lá não foi assim. Depois que me destaquei no Inter, na seleção brasileira e no Chelsea, todo mundo ficou com essa consciência pesada de "ele poderia ter feito isso aqui". Mas o carinho continua o mesmo - disse.

Oscar quase fechou com o Flamengo


Outro clube brasileiro que entrou no coração de Oscar foi o Flamengo. Como foi liberado pelo Shanghai Port para ficar no Brasil durante o segundo semestre de 2022 por "questões familiares e pessoais", ele chegou a se acertar com o Rubro-Negro para permanecer em atividade. No entanto, após semanas de negociação, o time chinês decidiu não ceder o jogador por empréstimo.
 
 

- Criou esse carinho. Na época que estive no Brasil foi muito intenso. O Flamengo tem muita torcida, e quando começou a sair na imprensa que eu ia para lá, as minhas redes sociais não paravam, onde eu ia tinha torcedor do Flamengo falando "Oscar, vai para o Flamengo, por favor", e eles ficam assim até hoje. Então realmente criou esse carinho pela torcida do Flamengo e pelo Flamengo. As coisas no futebol acontecem muito rápido. A gente não sabe o dia de amanhã. O Flamengo tem uma torcida enorme, é um clube enorme do Brasil que todo jogador sonha em jogar - admitiu Oscar.

Nesta entrevista ao Superesportes, o meia também falou sobre a busca da seleção brasileira por um novo treinador, os nove anos da goleada por 7 a 1 para a Alemanha, além da relação com Vítor Pereira no Shanghai Port e com outros técnicos portugueses ao longo da carreira. Confira abaixo:

Como foi a negociação com o Flamengo?


Por essa relação minha com o Lucas (Silvestre, filho e auxiliar de Dorival Júnior) e com o Dorival, e como eu ia ficar um tempo sem jogar, tinha essa oportunidade de eu ficar esses seis meses jogando no Brasil. Como eu sou muito próximo do Lucas e do Dorival, e o Flamengo que é um grande time estava abrindo as portas... Mas eu tive uma conversa muito legal com o Shanghai, eles preferiram que não arriscasse a machucar ou ter algo mais grave, porque eu tinha um contrato com eles para seguir. Então acabou não dando certo, mas a gente tentou para estar em atividade, só que entendi o lado do Shanghai também.

Se estivesse no Fla, acha que teria ido para a Copa do Mundo?


Tudo depende, né? Se eu estivesse jogando bem no Flamengo e tivesse ganhado os títulos que eles conquistaram, eu poderia ter uma chance. Mas seria muito difícil, acho que seria um pouco injusto eu ter jogado só dois campeonatos em menos de seis meses e ir para a seleção. Mas seleção os melhores têm que ir, então ao mesmo tempo é injusto mas é justo.

Após quase dez anos, como analisa os 7 a 1 para a Alemanha?


Eu analiso diferente, não vejo os 7 a 1, vejo a Copa do Mundo que eu fiz. Aquele foi um jogo que às vezes acontece, já vimos times grandes na Europa tomando goleada incrível, é uma coisa que dificilmente vai acontecer de novo. E foi o que aconteceu com a gente. Lembro da Copa do Mundo que eu fiz. Um jogo não pode apagar tudo que fizemos, chegamos a uma semifinal, brigamos para conquistar o título, mas infelizmente não aconteceu. Lógico que ficamos triste pelo jeito que perdemos, poderíamos ter feito muito melhor do que fizemos ali, mas foi uma coisa que aconteceu que não tem explicação para um jogo que você toma uma goleada assim. Ficamos tristes, mas os jogadores se reergueram, deram a volta por cima, porque foi realmente uma decepção para todos, principalmente para nós jogadores. Sabemos que até antes desse jogo o nosso time era favorito para ganhar a Copa do Mundo, mas infelizmente aconteceu aquele jogo e ficamos tristes também.

Mantém contato com o Vítor Pereira, que foi seu técnico no Shanghai Port?


Quando ele foi para o Flamengo não tive mais contato com ele. Eu tive contato quando ele estava no Corinthians, que tinha a comissão dele lá e eu era muito amigo deles, porque vivemos momentos bem legais aqui no Shanghai. A gente fica triste que não deu certo, não só por ele, tenho amigos no Flamengo também, tenho um carinho enorme pelos meninos que estão lá. Mas tenho certeza que o Vítor vai dar a volta por cima, não deu certo mesmo no Flamengo, não deu aquela liga, e só desejo sorte agora.

O treinador português tem algo a mais mesmo?


Não sei, deve ter, porque tem muito português no Brasil, então alguma coisa eles estão fazendo de diferente. Trabalhei com o Villas Boas, o Mourinho e o Vítor, e eles realmente têm um trabalho muito bom, essa parte defensiva deles, essa parte tática e técnica, sempre tive muita sorte com eles. Para mim são treinadores muito bons que passaram na minha carreira.

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