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Técnico se demite do Varginha e critica diretoria: 'Jogador passando fome'

Neto do lendário Telê Santana, Diogo Tenuta também revelou que atletas recebem abaixo do que está previsto no contrato; clube respondeu acusações

09/05/2022 10:20 / atualizado em 09/05/2022 10:58
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Diogo Tenuta comandou o Varginha em três partidas do Módulo II do Mineiro
foto: Reprodução/Redes Sociais

Diogo Tenuta comandou o Varginha em três partidas do Módulo II do Mineiro


Neto do lendário treinador Telê Santana, Diogo Tenuta fez fortes acusações ao Varginha, clube que disputa o Módulo II do Campeonato Mineiro. Segundo o técnico, jogadores do time passaram fome, além de situações precárias em termos de estrutura e salário. 

Em nota publicada nas redes sociais, nesse sábado (7), Diogo alega que pediu demissão por diversos fatores extracampo. Entre eles, alguns atletas recebendo três vezes menos do que o previsto no salário. 

"Jogador recebendo R$ 400 mesmo tendo contrato de R$ 1200, não contarmos com massagista, roupeiro, fisioterapeuta, supervisor, assim como o básico para um clube profissional, como alimentação", escreveu.

O ex-comandante do Varginha criticou a falta de chuveiro no jogo contra o Uberaba, no estádio Melão, onde o clube manda os jogos, e lamentou a falta de refeições para os jogadores.

"Nossos atletas jogaram às 19h somente tendo almoçado e, após o jogo, tiveram de esperar três horas para ingerir qualquer alimento. Neste mesmo jogo, não contamos com água no vestiário e tivemos que usar a do chuveiro", afirmou Diogo, que ainda pediu desculpas por não poder ajudar os atletas.

"Essas situações, assim como outras como jogador não relacionado passando fome no alojamento, minou muito o trabalho, e o desligamento não ocorreu antes a pedido dos jogadores, dos quais tenho enorme carinho e respeito pela luta diária! Peço desculpa a estes por não ter conseguido ajudar!", complementou.

O lado do clube


Também em nota, o Varginha diz que a demissão do técnico foi uma decisão da diretoria. O clube afirma que oferece cinco refeições diárias aos jogadores e, portanto, 'nunca faltou nada'.  

"Nunca faltou alimentação para nenhum atleta. Ela é básica. Temos patrocínios em permuta, por exemplo, de fornecimento de ovos e hortifruti. Os atletas fazem cinco refeições diárias, sem luxo nenhum. Realidade da maioria dos clubes do interior. Faltar, nunca faltou nada. É o básico", diz parte da nota.

Em relação ao duelo com o Uberaba, o Varginha explica que o estádio não conta com bebedouro, e, por isso, os atletas tiveram que beber água do registro. 

"No jogo contra o Uberaba, os atletas almoçaram e, à tarde, antes do jogo, tinha pães e ovos para o café. Alguns tomaram o café, outros, por decisão própria, não tomaram. No vestiário havia banana e whey protein. A água não era de chuveiro, era do registro do Melão, pois o estádio não conta com nenhum bebedouro nos vestiários, isso é um problema enfrentado por todos os clubes que jogam ali", escreveu.

Por fim, o time de Sul de Minas comentou a diferença salarial entre os atletas, ressaltando o patamar da carreira de cada um e lamentando a 'realidade do futebol do interior'.

"Quanto ao valor salarial dos jogadores, cada caso é um caso. Há atletas que recebem menos, outros mais. Há atletas cujo salário é custeado por empresários, outros que têm a primeira oportunidade de jogar profissionalmente e damos a vitrine. Essa é a realidade do futebol do interior e de clubes de menor expressão", afirmou o clube.

O Varginha conquistou o acesso ao Módulo II do Mineiro no ano passado. Neste ano, foi derrotado por Uberaba e Democrata-SL e empatou com o Tupynambás. Os resultados deixaram a equipe na lanterna da competição. 

A próxima partida será nesta terça-feira (10), às 19h, quando enfrenta o NAC Muriaé, no Melão, em Varginha. Será a estreia Tiago Miguel, que comandou o time no acesso ao Módulo II e assume no lugar de Diogo Tenuta. 

Notas oficiais do treinador e do clube na íntegra


Diogo Tenuta


Gostaria de agradecer à cidade por ter me acolhido, aos jogadores, comissão e todo o Staff do Bola Preta pela ajuda, principalmente ao Ricardo, Biley, Marcio, Luciano! Meu intuito foi tentar ajudar o clube na sua construção, mas infelizmente não posso ser conivente com as coisas que se passam no VEC, que são contra meus valores! 

Jogador recebendo R$400,00 mesmo tendo contrato de R$1200,00, não contarmos com massagista, roupeiro, fisioterapeuta, supervisor, assim como o básico para um clube profissional, como alimentação. 

No jogo contra o UBERABA, nossos atletas jogaram às 19h somente tendo almoçado e após o jogo tiveram de esperar 3 horas para ingerir qualquer alimento. Neste mesmo jogo não contamos com água no vestiário e tivemos que usar a do chuveiro. 

Essas situações, assim como outras como jogador não relacionado passando fome no alojamento minou muito o trabalho e o desligamento não ocorreu antes a pedido dos jogadores, dos quais tenho enorme carinho e respeito pela luta diária! Peço desculpa a estes por não ter conseguido ajudar!

Varginha


O Varginha Esporte Clube anuncia que Diogo Tenuta não é mais o técnico da equipe. A diretoria se reuniu com o profissional hoje, pela manhã, no centro de treinamento Bola Preta. Após o encontro, houve a decisão de que uma mudança no comando da equipe era necessária no momento. 

A direção comunicou o técnico por telefonema e, logo, após, foi surpreendida com uma postagem nas redes sociais, cujo teor era uma carta de demissão com algumas explanações por parte do técnico.

Quanto à capacidade do treinador, não temos dúvidas de que possui uma excelente capacitação. Só temos a agradecer o tempo de convivência e a experiência vivida nesse período, ainda que não tenha sido da forma como ambas as partes almejavam.

Temos certeza de que o Diogo terá uma carreira brilhante ainda, num futuro não muito distante, pois o conhecimento que possui, poucos têm. Estaremos na torcida para que alcance seus objetivos.

No que diz respeito ao teor da postagem publicada pelo treinador, ficamos tristes de ver que foi algo feito no impulso, com algum desejo intrínseco de tentar denegrir a imagem do clube.

Todos sabem das nossas dificuldades e nunca escondemos isso de ninguém. Fazemos o possível e o impossível para dar o melhor, com muito pouco que temos.

Nunca faltou alimentação para nenhum atleta. Ela é básica. Temos patrocínios em permuta, por exemplo, de fornecimento de ovos e hort fruti. Os atletas fazem 5 refeições diárias, sem luxo nenhum. Realidade da maioria dos clubes do interior. Faltar, nunca faltou nada. É o básico.

No jogo contra o Uberaba, os atletas almoçaram e, à tarde, antes do jogo, tinha pães e ovos para o café. Alguns tomaram o café, outros, por decisão própria, não tomaram. No vestiário havia banana e wey protein. A água não era de chuveiro, era do registro do Melão, pois o estádio não conta com nenhum bebedouro nos vestiários, isso é um problema enfrentado por todos os clubes que jogam ali. 

De fato, não temos roupeiro fixo, já não tínhamos ano passado e não conseguimos encontrar profissional que aceite o trabalho para se deslocar para o Bola Preta. Cada atleta fica responsável por seu uniforme e contratamos uma pessoa pontual para os jogos. 

Massagista também não temos. Essa é a nossa realidade. Fisioterapeuta não é fixo, do clube, o que temos é um seguro para todos atletas que acionamos quando precisamos de tratamento. 

Quanto ao valor salarial dos jogadores, cada caso é um caso. Há atletas que recebem menos, outros mais. Há atletas cujo salário é custeado por empresários, outros que têm a primeira oportunidade de jogar profissionalmente e damos a vitrine. Essa é a realidade do futebol do interior e de clubes de menor expressão.

No mais, só temos a agradecer ao treinador e desejar sorte na caminhada. Agora é virar a página, seguir em frente e nos manter firmes nos nossos objetivos.

O novo treinador já se apresenta amanhã. O VEC terá o retorno de Tiago Miguel, nosso portuga. Que comandou a equipe no acesso do ano passado.

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