Apostadores discutiram punição ao zagueiro Eduardo Bauermann após não cumprimento de acordo
O não cumprimento do acordo entre Bauermann, do Santos, e a organização criminosa investigada pela manipulação de resultados no futebol brasileiro foi motivo de discussão entre membros da quadrilha.
Em um trecho das conversas obtidas pelo Ministério Público de Goiás (MPGO), Romário Hugo dos Santos, o Romarinho, apontado como um dos responsáveis pelas negociações com jogadores, discute com um interlocutor identificado como "Jesus L@3rCio Didi" sobre o caso do zagueiro.
Jesus questiona qual atitude será tomada com o jogador. Romarinho responde, aparentemente nervoso.
- (...) O truta não tem como pagar nós, o truta quer pagar fazendo os trampo mano, infelizmente, vai fazer o que? Vai matar o cara, para perder o dinheiro? Eu mesmo não vou matar ninguém pra perder meu dinheiro mano, entendeu mano? Ou, o cara ta disposto a dar o bagui do passe dele pra nós, cabe a nós correr e tentar vender o passe dele lá também - disse.
- (...) Do mesmo que cê perdeu, eu também perdi, uma nota na parada. Cê quer que eu faça o que? Quer que eu mate o cara, mano? (...) - prossegue.
Romarinho argumenta que Bauerman se comprometeu a ressarcir o grupo criminoso, mas que não conseguiu arcar com o novo compromisso por que o Santos não estava pagando os salários em dia.
- (...) O empresário dele veio aqui três vezes conversar comigo que o Santos não tá nem pagando, tá com três mes de salário atrasado lá dos cara, certo mano? Tá com três meses lá de salário atrasado, entendeu irmão?
No áudio seguinte, ele fala sobre a possibilidade de Bauerman ceder parte dos valores de uma futura negociação para quitar a "dívida" com o grupo.
- "Pega aí o passe do cara, é só pegar o passe do cara e vender o passe do cara para alguém mano, entendeu? Nós tem o passe do muleque lá na mão dele lá mano, é só arrumar alguém para comprar, entendeu? Tô querendo vender isso aí, eu falei com um truta ali que se o truta me der seiscentos mil eu mando embora o passe dele, ele ta falando de um milhão e meio, eu quero que se f*, se vender por seiscentos mil eu to vendendo" - completa.
O usuário Jesus L@3rCio Didi diz que "não quer chegar" em uma ameaça, mas que precisa dar um jeito de pegar "a moeda de volta".
- Meu truta, ninguém tá falando isso ae não, de botar um revólver e matar ninguém não, mano. Ninguém tá nessa linha de raciocíno aí não, entendeu? Nós é maloqueiro aqui também, irmão. Não tem dessa não. Agora tu tá vindo com uma palavra a mais aí de, de botar revólver na cara do cara e matar o cara, né isso não, quero chegar nisso aí não, quero chegar na, na, na melhor forma aí pra pegar minha moeda de volta, entendeu? (...)
Nesta semana, o "ge" divulgou conversas ente Bauermann e os operadores do esquema, onde um dos integrantes do grupo teria enviado uma mensagem trocada com outra pessoa afirmando que o zagueiro "merece morrer".
— Morrer irmão? Não precisamos disso. Eu estou tentando resolver pra te mandar esse valor como te falei. - teria respondido Bauermann, após a ameaça.
Em outro trecho obtido pelo MPGO, Romarinho enviou a foto de um revólver para Bruno Lopes. A imagem, enviada com o recurso "temporário", que desaparece após a primeira visualização, não estava disponível no processo. "Vou mostra para esse Bauermann como funciona", escreveu. "Indo para Santos?", respondeu Bruno. "Sim".
Lopes encaminhou a imagem para outro membro do grupo. "Foto de arma kkkkkK", disse Lopes, disse. "Se tá maluco", respondeu o homem, identificado como Ícaro Fernando.
Bauermann foi afastado na última terça-feira pela diretoria do Santos. No processo, constam imagens do jogador conversando com os apostadores com a camisa do Santos.