
Jaeci Carvalho
Enviado especial a Miami
No bar do Hotel Mandarin, onde a Seleção Brasileira está concentrada, Neymar da Silva Santos, pai de Neymar Junior, conversa com uma produtora da ESPN. Ele ainda estava irritado com notícia veiculada pela emissora, colocando-o sob suspeita de ter vendido ingressos durante a Copa do Mundo. Ao lado do amigo Daniel Paiva, empresário peso-pesado de jogadores que se mudou de Belo Horizonte para Miami, dizia educadamente à jornalista que esperasse passar a mágoa pelo que chamou de “mentira” para só aí conceder a entrevista. Em sua defesa, afirma que gastou mais de R$ 150 mil na compra de entradas durante o Mundial e ironizou: “Se quando eu não tinha dinheiro eu jamais mexi com venda de ingressos, por que faria agora, quando tenho?”. Ele disse que seu filho hoje é o “produto” mais valioso do Brasil e um dos mais caros do mundo e que muitas vezes não consegue mais “vender” a imagem do atleta por absoluta falta de espaço na agenda do astro.
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Ao negar irregularidades, ele sustentou que essa parcela estaria ligada às luvas, parcerias e marketing contratuais. Aos 22 anos, o pai diz que um dos desafios é manter o atacante centrado, afirmando que ele foi “treinado” para se dedicar ao futebol, ser campeão por onde passar e ficar longe de problemas. Essa blindagem responderia por que há 50 profissionais trabalhando em sua assessoria.
Neymar da Silva conta que vê e ouve a maioria das notícias relacionadas ao filho e que ficou magoado quando um comentarista de uma emissora paulista, demitido posteriormente, chamou o atleta de “QI de ameba”, porque ele desceu do ônibus com um fone no ouvido. O aparelho seria de um dos patrocinadores. “Vejam que absurdo! O garoto desce ouvindo música, vendendo sua imagem... A gente não pode aceitar isso e fica magoado. Quem quiser saber qualquer coisa sobre o Neymar é só ligar para mim ou para a assessoria. Não negamos nada, mas a mentira dói e machuca, pois por trás dele existem pai, mãe, filho, irmã, uma família.”
MÁGOA Outra situação que deixa os familiares magoados é quando Neymar é tachado de “cai-cai”. “Ele é franzino. Com 17 anos, era titular do Santos e mostrava sua arte. Media a metade do Edu Dracena e, é claro, levava a pior numa disputa de corpo. Para não ser atingido no ar ou levar uma pancada que pode causar um trauma, ele pula, o que é normal para quem está em velocidade. A queda é sua proteção. É uma defesa, e não uma artimanha.” Seus olhos ficaram marejados ao mencionar a entrada do colombiano Zúñiga em Neymar, que quase o inutilizou para o futebol, ao fraturar-lhe uma vértebra: “Um pouco mais e ele poderia ficar um ano parado ou até mesmo ter sequelas. De costas, fica impossível se defender. Cabe à arbitragem coibir essas jogadas violentas. E ainda teve gente dizendo que ele estava simulando uma contusão. Isso dói demais em quem é pai. Gostaria que houvesse menos mentira e menos perseguição”.