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SELEÇÃO OLÍMPICA

Em entrevista, André Jardine comenta sobre chances do Brasil no Pré-Olímpico

"Todos nos pressionamos", afirmou o treinador da equipe Sub-23

postado em 19/01/2020 17:58

(Foto: Lucas Figueiredo/CBF)
A medalha de ouro conquistada em 2016, nos Jogos Olímpicos do Rio, tirou um peso enorme sobre a Seleção Brasileira, então dirigida por Rogério Micale. Agora, no novo ciclo em busca do bi, o time verde-amarelo se renova para obter sua vaga na Olimpíada de Tóquio. Para isso, será necessário conseguir uma das duas vagas no Torneio Pré-Olímpico da Colômbia - o Brasil está no Grupo B e terá como adversários Bolívia, Paraguai, Peru e Uruguai. 

Quem comandará os garotos é o gaúcho André Jardine, de 40 anos, fã do mineiro Telê Santana e responsável pelo processo de renovação da equipe Sub-23. Ele recuperou o astral da Seleção Brasileira depois do fiasco no Sul-Americano Sub-20 no ano passado, sob o comando de Carlos Amadeu. No bate-papo exclusivo com o Estado de Minas, ele fala sobre as expectativas para o torneio, sobre o intercâmbio com Tite e sobre o talento das joias do Atlético Cleiton e Guga, presentes na lista de convocados.

Há pouco mais de um ano, a mesma base que hoje forma a Seleção Brasileira terminou desacreditada depois de ser eliminada no Sul-Americano Sub-20, mas recuperou a confiança com as boas apresentações desde a sua chegada. A que se deve essa mudança?

Essa Seleção Sub-23 é composta por jogadores de gerações as quais eu conheço muito bem. Trabalhei muito tempo no São Paulo com a geração de atletas nascidos em 1997, que é a mais experiente neste grupo do Pré-Olímpico. As gerações 98 e 99, que são a do Sul-Americano Sub-20 no ano passado, também. Formamos uma Seleção muito forte desde o Torneio de Toulon, em julho de 2019. O conhecimento que tenho dessas gerações e a mudança de filosofia de jogo que a CBF está propondo em todas as suas categorias são alguns motivos que tornaram esse grupo Sub-23 muito preparado. É um time que deu liga em Toulon, se entrosou muito rápido, se identificou com o jeito de jogar e gostou das ideias propostas.

A Seleção busca o bicampeonato olímpico. Pelo fato de ter conquistado a medalha em casa em 2016, você acredita que a pressão sobre os atletas será maior ou menor?

A pressão que existe é a de defender a Seleção Brasileira, camisa mais pesada do futebol mundial. Mas, ao mesmo tempo, é um orgulho muito grande, todo profissional que chega na Seleção se cobra muito para continuar escrevendo uma história vencedora. Essa é a maior pressão. A gente quer ganhar todos os jogos, conquistar todos os torneios. Não há uma pressão maior desta vez. Todos nós nos pressionamos muito para vencer qualquer jogo ou competição. Os nossos atletas têm esse mesmo tipo de pensamento.

A equipe que disputará o Pré-Olímpico perdeu vários atletas por falta de liberação de seus clubes. Qual tem sido o desafio para formar uma equipe forte e competitiva? A falta de entrosamento atrapalha?

Fizemos quatro convocações até esta última. Não conseguimos trazer todos jogadores que gostaríamos nesse período de preparação. Ainda assim, o Brasil é a seleção que mais fez jogos até o Pré-Olímpico. Nessa última convocação, trouxemos sete pela primeira vez, mas que vinham sendo observados nos seus clubes. Jogadores que têm grande potencial, mas ainda não tinham feito parte desse projeto. Estamos trabalhando todo o grupo de forma homogênea, principalmente esses que chegaram agora, colocando todos no mesmo nível de compreensão do nosso estilo de jogo.

Dos convocados para o torneio, dois atuam pelo Atlético – o goleiro Cleiton e o lateral Guga. Qual potencial você viu nesses jogadores? Eles já estariam prontos para encarar um futebol mais competitivo, como a Europa?

São dois ótimos jogadores. Não à toa estão na Seleção Brasileira. São expoentes em suas gerações, tiveram sempre destaque nas categorias de base. Os dois têm muito potencial para dar voos mais altos no futuro. Vivem um grande momento no clube e na Seleção. Precisam continuar evoluindo, trabalhando muito, tendo humildade e a ambição de melhorar sempre. Não há limites para o talento deles.

Recentemente, você disse ter admiração por um técnico mineiro, o Telê Santana, sobretudo naquele bi do Mundial pelo São Paulo. Como ele o inspira em termos de conceitos?

Nunca escondi que é um dos treinadores que me marcaram. O time dele jogava futebol ofensivo, que teve muitos bons resultados, conquistou títulos e deu muito prazer a quem assistia. Referência para mim e vários treinadores brasileiros. Um dos maiores da nossa história.

Hoje, as seleções de base têm sido um espelho do que é visto na principal, comandada pelo Tite. Como tem funcionado esse intercâmbio com o treinador para assimilar conceitos a serem aplicados na equipe Sub-23?
Temos conversas diárias, fazemos reuniões... O pensamento dentro da CBF, em todas as suas categorias, é colocar o Brasil no posto mais alto, de seguir sendo referência de futebol e de organização em todos os aspectos. Trabalhamos muito para isso, para fazer uma Seleção que seja exemplo para as outras, com futebol vitorioso e moderno. Estamos nos esforçando para estar um passo à frente das outras.

Há vários jogadores que atuam na Europa e já têm perfil para atuar na Seleção principal, como Mateus Cunha (RB Leipzig) e Paulinho (Bayer Leverkusen). É um desafio a mais trabalhar o lado psicológico para que eles mantenham a concentração na equipe de baixo e numa competição classificatória para a Olimpíada?

Os atletas têm o sonho de jogar na Seleção Brasileira. Quando vêm para cá, colocam a Seleção em primeiro lugar, e a competição que estão jogando é sempre a mais importante. Eles querem muito a vaga para os Jogos Olímpicos.

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