Basquete
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De Minas, rumo à NBA

Conhecido nos EUA como Fab, pivô Fabrício Melo tem nome incluído no draft que apontará novos escolhidos para a Liga

postado em 04/05/2012 08:26 / atualizado em 04/05/2012 11:26

REUTERS/John Sommers
Você pode não ter ouvido falar de Fab Melo, mas os torcedores de Syracuse, no estado norte-americano de Nova York, o idolatram. Um dos responsáveis pela campanha de 20 vitórias seguidas da equipe na última temporada regular da NCAA, liga de basquete universitário local, o pivô pode ser o primeiro mineiro a atuar na estrelada NBA, a liga profissional norte-americana de basquete. Nascido em Juiz de Fora, na Zona da Mata, Fabrício, de 21 anos, é o único brasileiro na lista divulgada ontem pela NBA com nomes aptos para o draft, sistema de escolha de jogadores universitários, que vai acontecer em 28 de junho, em Nova Jérsei.

A listagem contém 66 nomes de jogadores que se declaram elegíveis – ou seja, que ainda não terminaram a faculdade, mas que desejam ser escolhidos. São 49 universitários e 17 estrangeiros. Os jogadores que já se formaram estão automaticamente aptos a serem recrutados.

De acordo com sites especializados dos Estados Unidos, o brasileiro de 2,13m e 113 kg poderia ser escolhido no fim da primeira rodada ou no início da segunda, provavelmente pelo Cleveland Cavaliers. Para auxiliá-lo no processo de escolha, Fab assinou contrato com o agente Arn Tellem, um dos mais influentes do basquete norte-americano, que tem como clientes nomes como os armadores Derrick Rose (Chicago Bulls) e Russell Westbroook (Oklahoma City Thunder).

Na última temporada da NCAA, o pivô de força teve grande evolução, conseguindo média de 7,8 pontos e 5,8 rebotes, eleito o melhor defensor da Conferência Big East. No entanto, depois de ajudar Syracuse a conquistar a incrível marca de 20 triunfos consecutivos, o pivô ficou fora da March Madness, como é conhecida a fase final do campeonato. Fab, que está no segundo ano universitário, apresentou notas insuficientes e foi infrequente nas aulas do College of Arts and Sciences – requisito exigido para jogar. Um dos principais jogadores do time comandado por Jim Boeheim, Fab fez falta e o título foi parar com o tradicional time do Kentucky.

Fab Melo pode se tornar o nono brasileiro a jogar na NBA. Já passaram pela liga Rolando Ferreira (1988), Alex Garcia (2003–2005), Marquinhos (2006–2010) e Babby (2004–2007), além dos quatro que continuam na disputa: Leandrinho (Indiana Pacers), Nenê (Washington Wizards), Anderson Varejão (Cleveland Cavaliers) e Tiago Splitter (San Antonio Spurs).

CARREIRA Fab chegou aos Estados Unidos em 2008 e logo chamou a atenção dos principais colégios, pela altura, disposição física e envergadura. Ele começou a jogar com 14 anos, no Projeto Basquetebol do Futuro, em Juiz de Fora, quando foi convidado para integrar a Seleção Mineira Infanto (sub-12). Em seguida mudou-se para Belo Horizonte e começou a treinar no Olympico, clube do Bairro Serra, tradicional formador de jogadores.

O então treinador da categoria de base do clube, Elmon Rabelo – responsável por ter revelado outros jogadores mineiros, entre eles o pivô Gérson, campeão Pan-Americano em Indianápolis’1997 –, foi o primeiro a trabalhar com o garoto, que em seguida passou a treinar com o atual técnico do Olympico, Matheus Barcelos. “É um jogador muito alto e coordenado. Pude acompanhá-lo de perto por seis meses, antes de sua ida para os Estados Unidos, e se destacava bastante pela inteligência em quadra”, comentou o treinador. Durante os dois anos que esteve no Olympico, foi convocado para três categorias de base da Seleção Brasileira. No ano passado Fab defendeu o Brasil no Universíade, a Olimpíada Universitária, na China, quando teve média de 8,4 pontos e 5,9 rebotes. Semana passada, foi chamado para a Seleção adulta que jogará o Sul-Americano, com um grupo de estreantes.

SAIBA MAIS
Seleção democrática

Draft é o sistema usado pelas ligas profissionais de esporte dos Estados Unidos para organizar as escolhas de jogadores universitários – e, posteriormente, estrangeiros –, beneficiando as equipes mais fracas. Na NBA, os 30 franquias participam, sendo que as 14 que não se classificaram aos playoffs na temporada anterior têm direito às melhores escolhas. Os três primeiros postos são definidos por um sorteio e a ordem da quarta à 14ª escolha é estipulada de acordo com a campanha na última temporada regular. Para a segunda rodada, o retrospecto é o único determinante. Desde 1947, quando o sistema foi implantado, muitos astros vieram da primeira escolha. Em atividade, Tim Duncan, LeBron James, Dwight Howard e Derrick Rose foram escolhidos como número 1.