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COLUNA DO JAECI

O melhor diretor de futebol que conheci

Vá com Deus, meu amigo. Você honrou sua profissão e nos ensinou muito. Descanse em paz

postado em 10/06/2017 08:43

Bruno Cantini/Atlético
Eduardo Maluf não está mais entre nós. Morreu precocemente, vitimado por um câncer, essa doença terrível que dizima famílias. Porém, o dirigente vai estar na nossa memória, eternamente, pelo que representou no futebol mineiro, para Atlético e Cruzeiro e, é claro, como pessoa. Um cara ímpar, sempre com um sorriso nos lábios, firme nas decisões, correto ao extremo. Por isso mesmo, adorado por todos nós. Claro que houve divergências profissionais, pois ele defendia os clubes nos quais trabalhava e a gente defendia a informação, a notícia. Nada, porém, que pudesse abalar a relação profissional, ou mesmo de amizade. Eu admirava Maluf. Sua conduta, a forma de tratar assuntos delicados. Ele era realmente um maestro. Trabalhou no Cruzeiro e no Atlético. No time azul, ficou 11 anos e ganhou praticamente tudo. Vencedor, ele sabia ser como poucos. Negociava com os jogadores, olhava nos olhos dele, e o que prometia, cumpria. Por isso mesmo, não conheço um jogador que não gostasse dele.


Até para dispensar um atleta, tinha um jeito delicado e especial. Sua voz rouca era sua marca. Mas a firmeza, a certeza de que faria o melhor, também. No Atlético, trabalhou duas vezes. Na segunda, levado pelo presidente Alexandre Kalil, ganhou a Libertadores, Copa do Brasil e Recopa. Como disse minha companheira Kelen Cristina, em sua coluna de ontem, Maluf conseguiu agradar a “gregos e troianos”, pois tirando 1% dos dadaístas, aqueles que são contra tudo e contra todos, teve o aplauso e o reconhecimento de 99% de torcedores cruzeirenses e atleticanos, que lamentam, profundamente, sua morte. Lembro-me de uma viagem que fizemos a Argentina, com o Cruzeiro. Na volta, viemos conversando, lado a lado. Eu tentava arrancar a informação, mas ele, sempre firme, buscava um jeito de não confirmar. E eu entendia. Aquela era sua função, seu trabalho. Lembro-me também de um jogo do Cruzeiro em que eu não estava trabalhando e sentei-me ao lado dele, numa das cabines do Mineirão. Ele estava com seu filho pequeno, cabelos encaracolados, menino doce e meigo. Fiquei fã do menino, e ainda mais de Maluf, por ver o pai dedicado e carinhoso que ele era.

 

Em dezembro de 2015, quando antecipei que Levir Culpi seria demitido, Maluf negava veementemente, dizendo que o Atlético renovaria com ele. Banquei que ele seria demitido, e isso aconteceu. Nem por isso brigamos ou coisa parecida. Ele sempre me respeitou, por saber que, quando dou uma notícia, estou embasado. Ele só não concordava quando eu dizia que Levir Culpi é técnico de apenas dois títulos: a Copa do Brasil no Cruzeiro em 1996 e em 2015, com o Galo. Se alguém me apontar outro título importante desse treinador, que o faça. Maluf era trabalhador. Vivia o dia a dia dos clubes nos quais trabalhou e não deixava passar nada. Tinha carta branca dos presidentes para agir e trabalhar à sua maneira. Numa dessas festas de fim de ano, encontrei-me com ele quando me disse que tinha recebido cinco propostas de grandes clubes do Brasil, mas optou pelo Galo. Ali, estava em casa, perto da família, tendo o reconhecimento de todos nós.

 

Todos nós morreremos um dia. Ninguém é eterno, mas dói saber que um cara tão bacana, um profissional tão dedicado, foi embora tão cedo. Já está deixando saudades. Troquei várias mensagens de WhatsApp com ele, durante o período em que estava enfermo. Fui à Igreja de São Judas Tadeu e, nas minhas orações, pedi muito por ele. Mas todos nós temos nosso dia e nosso destino. Deus sabe a hora de todos nós e não podemos lutar contra isso. O que conforta os familiares, com certeza, é saber que Maluf foi um homem honrado, correto, vencedor e adorado por todos nós. Um pai espetacular, um homem de família, de verdade. Que ele descanse em paz, que Deus o tenha recebido de braços abertos e que seu legado seja copiado pelo jovens que sonham em traçar o caminho que ele traçou no futebol. Quando alguém falar em Eduardo Maluf, vai se lembrar que ela era um dirigente com D maiúsculo. Um cara do bem, que marcou seu nome na história de Galo e Raposa. Vá com Deus, meu amigo. Você honrou sua profissão e nos ensinou muito. Descanse em paz.

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