None

COLUNA DO JAECI

Eliminação e decepção no Gigante da Pampulha

Imaginei que com meio tempo o Galo já estaria com a classificação encaminhada, mas o que todos viram foi o começo de um filme que poderia não acabar bem

postado em 10/08/2017 12:00 / atualizado em 10/08/2017 08:51


Eliminado da Copa Libertadores, o Atlético já pode dar o ano como perdido. Um time caríssimo, cheio de medalhões, que conseguiu apenas o Campeonato Mineiro. Muito pouco para uma folha salarial astronômica. Pedi uma goleada sobre o fraco e limitado Jorge Wilstermann. O torcedor se contentava com um golzinho, que levaria a decisão para as penalidades. Mas nem isso o Galo conseguiu. Limitou-se a lançar bolas na área sem o menor propósito e acabou consagrando o goleiro Olivares.

Desde o começo da temporada, quem leu minhas colunas sabe que eu sempre duvidei desse time alvinegro. Não por sua história, mas pela falta de qualidade de alguns jogadores e pela decepção dos grandes nomes, contratados a peso de ouro, que não deram o retorno esperado. O Galo vai precisar se cuidar para se recuperar no Brasileiro, pois do jeito que a coisa anda tem sim que se preocupar com o fantasma do rebaixamento. Espero estar errado, e que os jogadores se recuperem. Mas o momento é muito ruim mesmo.

O Atlético começou do jeitinho certo, explorando as laterais do campo e quase marcando, antes mesmo do primeiro minuto. O Jorge Wilstermann, time bastante limitado, jogava por uma bola, recuado, com todos os 10 jogadores de linha no campo defensivo. O goleiro Victor era um espectador privilegiado. Nem sequer sujou o uniforme. O relógio era o maior adversário do alvinegro, e quando os jogadores começaram a se livrar da bola, alçando-a na área, a coisa piorou. Para o time boliviano, estava tudo de acordo com o planejado. Ele não atacava, não ameaçava o gol de Victor, mas se defendia com precisão. Alex Silva, coladinho em Fred, não lhe dava um milímetro. Ainda assim, Luan perdeu um gol incrível, cara a cara com o goleiro boliviano, cabeceando totalmente errado, para fora. Cazares também teve boa chance, diante do goleiro, mas chutou para fora.

Faltaram criatividade, jogadas pelas extremas. Não faltou vontade,  nem tampouco garra. Faltou um futebol de mais qualidade, de mais imposição. O Galo não fez, pelo menos no primeiro tempo, o adversário entender que o terreiro era dele. Para piorar, a Conmebol escalou um árbitro venezuelano fraquíssimo. Ele estava de amarelo e não de vermelho como o ditador Nicolás Maduro, mas fez tanta lambança quanto seu presidente. Deixou de marcar muitas faltas do Jorge Wilstermann e ainda anulou uma jogada que resultaria em gol de Fred – que, ao contrário do que foi marcado, não estava impedido.

Imaginei que com meio tempo o Galo já estaria com a classificação encaminhada e garantida, mas o que todos viram foi o começo de um filme que poderia não acabar bem. O Atlético carece de um homem de velocidade, pelas extremas, e de um criador de jogadas, pois Cazares se omite muito nos jogos decisivos.

Nos últimos 45 minutos o que se esperava era pelo menos um gol, para levar a decisão para os pênaltis. Porém, o Atlético insistiu no mesmo erro do primeiro tempo: bolas levantadas na área sem o menor objetivo. O goleiro Olivares e o zagueiro Alex Silva estavam soberanos. Cazares teve duas grandes chances em chutes da entrada da área, mas a bola foi longe. Luan cabeceou uma bola no travessão. Valdívia, que entrara no intervalo, nada conseguiu mudar. Lembram-se de quando ele foi apresentado e se autointitulou craque? Pois é. Piada. Robinho também entrou e nada conseguiu mudar.

O Jorge Wilstermann era guerreiro, se mantinha firme com sua postura defensiva, quase intransponível. A torcida apelou para o “eu acredito”, relembrando a campanha de 2013. Porém, não havia mais R10, Bernard e Jô. A missão agora era de Elias, Cazares, Robinho e Fred. E como todos eles vivem péssimo momento, não deu certo. O torcedor apoiou do primeiro segundo de jogo até o apito final do árbitro. Somente naquele momento, vaiou, xingou e pôs para fora toda a sua frustração. Resta ao Atlético se recuperar no Brasileiro e tentar voltar à Libertadores no próximo ano. Um time caríssimo, montado a pedido de Roger Machado, que se transforma num dos maiores vexames da história. Ser eliminado por um time boliviano, que é apenas esforçado, é realmente vergonhoso. Foi a primeira vez na história da Libertadores que um time brasileiro foi eliminado por um da terra de Evo Morales. Como diria o grande narrador Milton Leite, “que fase!”

Tags: atleticomg