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COLUNA DO JAECI

R$ 3 milhões, a taça e os helicópteros

O Brasil é soberbo mesmo. São 14 milhões de desempregados e a Seleção, que deu o maior vexame de nossa história, andando de helicóptero pra lá e pra cá

postado em 04/10/2017 12:00 / atualizado em 04/10/2017 11:13

Lucas Figueiredo/CBF

O Galo decide hoje a Primeira Liga com o Londrina, em partida única, no estádio do Café. Dirão alguns que é um título sem expressão. Direi eu que, para os jogadores, qualquer conquista tem valor. O Atlético é useiro e vezeiro em jogar fora suas conquistas, como as duas Conmebol que ganhou no campo, mas não valorizou. Elas corresponderiam à Sul-Americana de hoje, que dará vaga ao campeão para a Copa Libertadores. Acho que a diretoria deveria repensar e fazer uma grande festa para “reativar” esses dois títulos, para que o torcedor e o clube tenham orgulho das taças conquistadas. O Cruzeiro jamais deixou de valorizar a Supercopa da Libertadores. Ganhou duas e tem a maior honra. Já passou da hora de os atleticanos reconhecerem a Copa Conmebol, colocando-a como um dos troféus mais importantes de sua galeria. E se a Primeira Liga foi disputada por grandes equipes e o Galo chegou, tem que fazer o possível para ganhá-la. Se ela for extinta ano que vem, terá sido o último campeão. Se não for, que se reivindique vaga na Libertadores. E, por fim, o título hoje vale R$ 3 milhões, quantia para ninguém botar defeito. Com esse dinheiro, dá para pagar um mês de salário a Fred, Robinho e Elias.

O Atlético precisa se planejar para a temporada 2018. O próximo presidente não poderá rescindir alguns contratos que gostaria, pois isso tem um custo, e o clube não está nadando em dinheiro. Robinho, por exemplo, deve ir embora, já que seu contrato termina em dezembro. Leonardo Silva, como sugeri no blogs.uai.com.br/alterosanoataque, poderia se transformar num grande diretor de futebol, já que as pernas do zagueiro artilheiro não acompanham mais o comando do cérebro. Jogadores que vivem mais no departamento médico do que no campo de jogo também devem ser dispensados, mesmo os que fazem lobby com a torcida. Futebol é como qualquer profissão. O custo-benefício é que determina o que deve ser feito. Lembram de Guilherme, que eu tanto critiquei? Pois é, foi para o Corinthians, não jogou, e no Atlético-PR joga pouco. Dá prejuízo a qualquer clube, mesmo sendo tecnicamente bom jogador. Mas tem problemas físicos e clínicos que não o deixam produzir mais. É sabido que esse time atual, tido e havido por muitos de nós como um dos melhores do Brasil, fracassou, não deu liga. E não dará mais. Cazares, Otero e Fred não corresponderam. Mas quem tem contrato longo vai deitar e rolar, pois, mesmo que não jogue, vai receber integralmente. Não há que se buscar culpados aqui, pois quem contrata pensa sempre estar fazendo o melhor. Tem jogador que não dá certo em uma equipe, mas arrebenta na outra. Tem outros que não dão certo em lugar nenhum, caso de Marlone, que eu avisei que não tinha bola para jogar no Galo. Porém, tudo isso faz parte. Gosto de quem peca por excesso a omissão. Que o Galo jogue bem esta noite, fature a taça e os R$ 3 milhões. O clube vai agradecer.

Mordomia


A Seleção Brasileira se apresentou na Granja Comary, em Teresópolis, domingo e segunda-feira. A novidade foi o fretamento, por parte da CBF, de helicópteros para levar alguns jogadores à cidade serrana. Confesso que fiquei abismado. Nunca vi seleção nenhuma se apresentar descendo de tal aeronave. Bastava fazer o que sempre foi feito: receber os jogadores no Galeão e levá-los em ônibus com batedores e tudo o mais. Por isso o Brasil não ganha Copa do Mundo. Mal saímos da maior lavada que tomamos na vida, 7 a 1 da Alemanha, e 3 a 0, da Holanda, e já nos achamos os maiorais só porque houve evolução. Que os jogadores sejam ricos e possam desfrutar de tudo o que conquistaram com seu suor é muito justo, mas essa babação de ovo neles me irrita e me intriga. Na França, em 1998, estávamos eu, Zeca e Jorge Gontijo, seguindo para uma das cidades-sede do Mundial, quando vimos Zidane e cia. entrando em um trem, na outra plataforma da Gare Du Nord, com suas mochilas nas costas. Enquanto isso, a Seleção seguia em voos fretados, dentro da própria França, para fazer seus jogos. No fim, vimos a França nos enfiar 3 a 0 na final, sagrando-se campeã do mundo. Humildade não faz mal a ninguém. Na folga, que Neymar se delicie em seu iate, jato ou helicóptero. Mas, para subir a serra de Teresópolis, achei um exagero tremendo. O Brasil é soberbo mesmo. São 14 milhões de desempregados e a Seleção, que deu o maior vexame de nossa história, andando de helicóptero pra lá e pra cá. Quando formos eliminados na Rússia, quero ver que tipo de desculpa vão dar.

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