
"Vestir a camisa, que é um manto sagrado, já tranquiliza, mas beber chá de camomila, erva-doce ou suco de maracujá também ajuda" - Fernando E. Neuenschwander, cardiologista atleticano
“Muita calma nessa hora”, adverte o coordenador do serviço de cardiologia do Hospital Vera Cruz, Fernando Eduardo Neuenschwander. Para preservar o seu coração, o médico, que se autointitula “atleticano doente”, não assiste a nenhum jogo. Em vez de ligar a TV, ele relaxa ouvindo música alta o suficiente para não ouvir os fogos de artifício que anunciam os gols. Ele também apela para a fé e reza para Nossa Senhora de Fátima e São Francisco de Assis, seus santos protetores.
De acordo com o cardiologista, quem não vai conseguir desgrudar os olhos da tela ou vai ao estádio deve confirmar com o seu médico se tem boa saúde para assistir ao jogo: “A emoção é forte”. Além disso, Neuenschwander pede aos torcedores que não se esqueçam dos medicamentos que habitualmente tomam e não usem tranquilizante sem prescrição médica. Antes da partida, o especialista sugere aos atleticanos seguir outras orientações. “Vestir a camisa, que é um manto sagrado, já tranquiliza, mas beber chá de camomila, erva-doce ou suco de maracujá também ajuda.”
Durante o jogo, o médico diz que o melhor é colocar a mão no coração, torcer bastante e ter muita calma. Confiante de que o resultado será favorável ao time mineiro, ele espera passar o fim da noite vendo os melhores momentos da partida, ouvindo os comentários e lendo as notícias na internet.
Mesmo na arquibancada do Independência, o cardiologista Márcio Kalil não teve coragem de ver o pênalti que o goleiro Vitor defendeu com o pé no fim do jogo com o Tijuana, do México, defesa que valeu ao Galo a classificação para as semifinais. Como conhece os limites do seu coração, ele preferiu abaixar a cabeça e aguardar a reação da torcida. Para o jogo de hoje, o torcedor não espera tanta emoção, apesar da derrota na primeira partida diante dos argentinos. “Esta Libertadores é nossa. O Atléticoo vai fazer 5 a 0”, arrisca.
Diversão

"Além de entorpecer os neurônios, o álcool aumenta a circulação de adrenalina, o que pode provocar arritmia e outros problemas cardíacos" - Márcio Kalil, cardiologista atleticano
O cardiologista sugere extravasar toda a emoção na hora do jogo. Vale xingar juiz, técnico e jogador, fazer coro com a torcida e cantar o hino para voltar aliviado para casa. Ele diz que é uma forma de liberar o que pode gerar angústia. “Frente a uma situação indesejada, é importante assimilar o baque, que não vai ser o primeiro na vida de um atleticano. Mas amanhã (hoje) vai ser uma noite de muita glória.”
Kalil orienta os torcedores a não ingerir comida pesada, não exagerar no cigarro e evitar o excesso de bebida. Isso porque o álcool é um complicador para o coração, pois, além de entorpecer os neurônios, aumenta a circulação de adrenalina, o que pode provocar arritmia e outros problemas cardíacos. Para quem vai estar em campo, o especialista dá a dica: “Vou estar lá, qualquer coisa me procurem”.