Pode parecer ironia, mas foi justamente diante de seu grande freguês sul-americano que o Cruzeiro perdeu pelo placar mais elástico na história da Copa Libertadores. Até então, as maiores derrotas do clube celeste na competição sul-americana haviam sido contra São Paulo (2010) e Once Caldas (2011), ambas por 2 a 0. E, nessa altura do campeonato, fica em segundo plano o fato de o River ter vencido apenas o quarto duelo em 14 confrontos com a Raposa. Depois de fracassarem na Libertadores de 1976, na Supercopa de 1991 e na Recopa Sul-Americana de 1998, os argentinos enfim comemoram uma classificação diante da equipe azul e branca.
Com a eliminação do Cruzeiro, o Internacional é o único brasileiro que ainda disputa a Copa Libertadores. Vai enfrentar o Tigres-MEX na semifinal. O River Plate, por sua vez, aguarda o vencedor de Guaraní-PAR x Racing-ARG. No primeiro duelo, vitória dos paraguaios, por 1 a 0.
Abalada pela goleada, a Raposa reúne forças para a disputa de Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil. No domingo, às 18h30, o time comandado por Marcelo Oliveira enfrentará o Figueirense no Estádio Orlando Scarpelli, em Florianópolis, pela quarta rodada da Série A.
Se Willian tivesse feito o gol, talvez a história da partida seria outra. Talvez não haveria pressão por parte do adversário. Talvez o próprio grupo celeste se mostraria mais tranquilo para ditar o ritmo da partida. Mas nem “talvez” e muito menos “se” existem no futebol. O River Plate passou a incomodar muito. Controlou a posse de bola, finalizou mais vezes, foi mais presente no campo de ataque. Depois de chegar três vezes com perigo, a equipe argentina abriu o placar, aos 19min. Num contra-ataque, Teo Gutiérrez tocou para a grande área e Sánchez finalizou rasteiro: 1 a 0. O Cruzeiro não deu nenhum sinal que reagiria no primeiro tempo. Pelo contrário: permaneceu acuado e sem criatividade. O River, que não tinha nada com isso, continuou em cima e conseguiu o segundo gol. Aos 44min, Maidana, de cabeça, escorou para as redes o escanteio cobrado por Ponzio: 2 a 0. Incrédulos, alguns torcedores deixaram o Mineirão no intervalo do confronto.
Ao Cruzeiro, só restava partir com tudo no segundo tempo para tentar o empate. Marcelo Oliveira chamou Gabriel Xavier, xodó da torcida, e tirou De Arrascaeta, mais uma vez apagado. Entretanto, os seis minutos iniciais transformaram em pesadelo o pequeno fio de esperança que ainda restava nos corações dos cruzeirenses. Teo Gutiérrez, que havia marcado no Mineirão pela Seleção Colombiana na Copa do Mundo de 2014, voltou a sorrir em Belo Horizonte. Em linda jogada individual, o camisa 19 driblou Bruno Rodrigo e bateu rasteiro no canto esquerdo de Fábio: 3 a 0.
O placar era dilatado demais para ser invertido em tão pouco tempo. O Cruzeiro esteve ameaçado até de levar o quarto gol, mas, por sorte, o River Plate errou as finalizações. Na frente, Leandro Damião e Alisson – este entrou no lugar de Willian – foram os mais perigosos, acertando uma bola na trave cada. Mas era pouco, muito pouco. No fim, o desespero de Gabriel Xavier ao tentar matar um contra-ataque argentino mostrou bem o que foi a tônica do jogo. Expulso aos 41min depois de falta cometida sobre Martínez, o camisa 18 teve o nome gritado pela torcida em sinal de apoio por ter evitado um vexame ainda maior.
CRUZEIRO 0X3 RIVER PLATE
CRUZEIRO
Fábio; Mayke, Manoel, Bruno Rodrigo e Mena; Willians (Joel, aos 26min do 2ºT) e Henrique; Marquinhos, De Arrascaeta (Gabriel Xavier, no intervalo) e Willian (Alisson, aos 10min do 2ºT); Leandro Damião
Técnico: Marcelo Oliveira
RIVER PLATE
Barovero; Mercado (Pezzella, aos 15min do 2ºT), Maidana, Funes Mori e Vangioni; Kranevitter, Ponzio (Mayada, aos 27min do 2ºT), Sánchez e Rojas; Mora e Teo Gutiérrez (Martínez, aos 33min do 2ºT)
Técnico: Marcelo Gallardo
Gols: Sanchez, aos 19min, Maidana, aos 44min do 1ºT; Teo Gutiérrez, aos 6min do 2ºT (RIV)
Cartões amarelos: Mena, aos 41min, Willian, aos 47min do 1ºT. Joel, aos 45min do 2ºT (CRU); Barovero, aos 38min do 1ºT. Mercado, a 1min do 2ºT (RIV)
Cartão vermelho: Gabriel Xavier, aos 41min do 2ºT
Público pagante: 54.898
Público presente: 55.951
Renda: R$ 3.646.216,00
Motivo: jogo de volta das quartas de final da Libertadores
Data: 27 de maio de 2015
Local: Mineirão, em Belo Horizonte-MG
Árbitro: Wilmar Roldán (COL)
Assistentes: Wilson Berrio e Alexandre Guzmán