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Em áudio, torcida organizada faz cobranças a presidente do Cruzeiro por corte de privilégios

Gilvan de Pinho Tavares reclama de agressões verbais, mantém posição de cortar "empregos dentro do clube e aluguel de salas" da facção, mas adianta que dará ingressos para os próximos jogos fora de casa, contra Palmeiras e Corinthians

18/08/2015 19:16 / atualizado em 18/08/2015 23:23
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Na apresentação de Vanderlei Luxemburgo, Quik teve acesso à Toca da Raposa e entregou carta ao treinador
foto: Euler Junior/EM/D.A Press

Na apresentação de Vanderlei Luxemburgo, Quik teve acesso à Toca da Raposa e entregou carta ao treinador


Em áudio que vazou em grupos do aplicativo de celulares Whatsapp nesta terça-feira, o presidente do Cruzeiro, Gilvan de Pinho Tavares, é interpelado por “Quik”, um dos líderes da torcida organizada Máfia Azul, por cortar apoio financeiro do clube à facção. Na conversa, o mandatário alega que sofre pressão justamente por ter acabado com privilégios concedidos à organizada até a gestão do presidente anterior, Zezé Perrella.

Ouça o diálogo entre Quik e Gilvan de Pinho Tavares


“Eu não abandonei (a Máfia Azul), só que vocês morrem de raiva porque tinham emprego aqui no clube, vocês tinham aluguel de sala pago, vocês tinham ingresso, tinham ônibus pago...”, afirma Gilvan.

O torcedor cobra que o corte de privilégios foi feito sem qualquer aviso prévio. Na gravação, Quik deixa claro que está preocupado com quem será o novo canal de comunicação da diretoria com a facção. O papel de fornecer ingressos para partidas fora de casa, segundo ele, era exercido pelo então gerente de futebol Valdir Barbosa.

“Sobre ingressos de São Paulo, não tem condições? (...) Com quem pegamos agora os ingressos?”, questiona o torcedor.

Embora Gilvan mantenha o discurso de que não fornecerá ajuda financeira à torcida organizada, ele confirma a Quik que a Máfia Azul terá uma cota de ingressos para os dois próximos jogos, contra Palmeiras e Corinthians, em São Paulo. “Nós estamos com situação financeira difícil. Vou tirar dinheiro do Cruzeiro para dar para torcedor? Nós vamos arrumar ingressos para vocês. Vocês vão pegar os ingressos lá em São Paulo. A mesma coisa que o Valdir fazia”, disse o presidente do Cruzeiro.

O mandatário indica que o novo interlocutor será Fernando Souza, responsável pela distribuição dos ingressos para partidas do Cruzeiro. Mas, especificamente para os jogos contra Palmeiras e Corinthians, a entrega dos bilhetes será feita por um segurança do clube. “Já dei ordem que vai continuar tendo ingressos do mesmo jeito. Vocês vão acertar isso com Fernando Souza (…) Em São Paulo não tem jeito (de pegar com Fernando), porque é o Benecy quem vai pegar os ingressos. Lá, é com segurança nosso”, argumenta.

O líder da torcida organizada alega que a Máfia Azul tem grande representatividade, com 600 sócios, e cobra uma reunião de aproximação com Gilvan de Pinho Tavares.

Quik: “Isso tudo (benefícios para a torcida organizada) foi retirado e não foi conversado. Reúne com a diretoria da Máfia Azul e vamos conversar”
Gilvan: “Vocês têm de ajudar o clube. Não é o clube que tem de ajudar vocês”
Quik: “Temos 600 sócios. Isso não é ajudar? Quanto a gente dá para o clube?”
Gilvan: “Vocês têm 600 sócios porque eu não dei ingressos”
Quik: “Onde o clube está, a Máfia Azul está. A gente vai ao jogo na quarta-feira. A gente vai ao jogo no domingo. Entendeu, Gilvan? Nós temos de rever isso”
Gilvan: “Não vou dar ingresso, não vou dar dinheiro, nem vou pagar sala”
Quik: “Você não pode conversar, não?”
Gilvan: “Posso”
Quik: “Por que não podemos marcar uma reunião?”
Gilvan: “Depois você liga para o Fernando Souza e ele marca com vocês”

No áudio, o presidente do Cruzeiro ainda manifesta insatisfação com os recentes protestos da torcida organizada contra a diretoria. “Como que você vai conversar comigo se a torcida está só me ofendendo? Eu vou receber esses aí que estão me mandando tomar no c...? Estou fazendo o que posso fazer. Vou falar com vocês, que vocês não entendem. O Cruzeiro fez um sacrifício financeiro para ganhar dois títulos. Aí nós ficamos completamente endividados. Estou pagando dívida. Como que você faz? Torcida quer que compre jogador e ganhe título. Ninguém ganha título todos os anos”, argumenta. “Vocês vão à na porta da Toca, vem aqui invadindo a sede. É isso que vocês conversam?”, acrescenta.

"Nós vamos sentar a diretoria e conversar com o senhor, ver o que é melhor para a torcida e para o Cruzeiro. Não queremos bater de frente com o Cruzeiro", concluiu o integrante da torcida organizada.

Por meio da assessoria do clube, o presidente Gilvan de Pinho Tavares informou que não se manifestará sobre o vazamento do áudio e o teor da conversa. Houve apenas o esclarecimento que os ingressos prometidos à organizada nos jogos diante de Palmeiras e Corinthians, em São Paulo, são, na verdade, oriundos de trocas com os mandantes. Logo, não gerarão custos para o Cruzeiro.
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