Uma noite de muita diversão, alegria, basquete de jogadas espetaculares, e que também reservou emoção dentro e fora da quadra do Ginásio do Colégio Dom Silvério, na apresentação dos Harlem Globetrotters em Belo Horizonte. O placar da partida pouco importava, pois o que todos queriam mesmo era matar a curiosidade de como se pode fazer tanto malabarismo num jogo de bola ao cesto.
Se houve surpresas em jogadas estonteantes, uma delas não estava no script. De repente, entra na arena um espectador nada comum. Nas mãos, a foto do primeiro evento do Globetrotters em BH. Foi em 1950, num tablado montado no antigo Campo do América, na Alameda. Na época, o time norte-americano não trazia consigo o sparring. Uma equipe local era escolhida. E na capital mineira a honra coube ao Ginástico. E lá estava um dos jogadores que representaram o time mineiro: Humberto Ladeira, hoje aos 88 anos.
“Não poderia deixar de vir. Tive o prazer de jogar contra eles e não posso deixar de prestigiar o espetáculo”, dizia Ladeira, mostrando a imagem em que estão os cinco titulares do Globetrotters na época, ladeados pelos do Ginástico: Ladeira, Zé Luiz, Tuca, Vavá e Dinho. “Foi espetacular. A gente só conhecia de ouvir falar. Eles jogavam demais. E nós fizemos o time deles suar, pois o jogo terminou com 12 pontos de diferença. Só”.
Ontem, foi uma apresentação em que tanto pais levaram filhos quanto filhos conduziram os pais em muitos casos. Na arquibancada estavam, por exemplo, o líbero do time de vôlei do Cruzeiro, Serginho, com a filha Rafaela, de 9 anos. “Eu fiz ela vir comigo. Este aqui é meu sonho, ver o Globetrotters.” A menina concorda, mas mostra certa timidez. “Estou até com vergonha. Meu pai disse que eles chamam a gente para ir à quadra. Não quero ir”, se antecipava Rafaela.
Próximo deles está o ex-ala Flavinho, que defendeu Minas e Ginástico e é diretor do Olympico na modalidade. “Vim trazer meus filhos, Guilherme, de 12 anos, e Henrique, de 8. O mais velho joga vôlei”, diz o pai, meio decepcionado. Mas Guilherme lhe dá a esperança de que pode trocar de esporte. “Depois de ver isso, até que tenho vontade de voltar a jogar basquete, que foi onde comecei.”
Outro pai que foi levado pelo filho, Lucas, de 11 anos, é Marco Aurélio Braga. “Meu filho joga no Colégio Santo Agostinho e ficou alucinado desde que soube que eles viriam. Não podia deixar de trazê-lo.”
Márcio Prudêncio, filho do triplista Nélson Prudêncio, que ganhou duas medalhas olímpicas de bronze, também estava lá. Foi acompanhado do filho Murilo, de 6 anos. “Ele ganhou uma cesta e uma bola. Acredita que dorme com a bola todos os dias? Tinha de trazê-lo para ver.”
E para a maioria dos meninos foi mesmo uma noite de fascínio. Nunca imaginaram ver tantos malabaristas do basquete juntos – e, melhor, envolvendo a criançada e o público no clima de brincadeira.