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Ouro com basquete no Pan de 1987, ex-pivô Gerson morre aos 60 anos

Ex-jogador lutava contra a ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica)

postado em 29/04/2020 10:30 / atualizado em 29/04/2020 11:28

(Foto: Arquivo pessoal)
Morreu nesta quarta-feira Gerson Victalino, o Gersão, um dos maiores pivôs da história do basquete nacional. Ele tinha 60 anos e sofreu uma parada cardíaca. Os últimos dias do ex-jogador foram de dor e angústia, já que lutava contra a ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica) e vinha fazendo o tratamento com ajuda do clube pelo qual começou a carreira, o Ginástico, além de antigos colegas de equipe.

Uma das maiores glórias da carreira de Gérson foi a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de 1987, em Indianápolis. O Brasil bateu os anfitriões Estados Unidos por 120 a 115, com o pivô assinalando 12 pontos. Oscar Schmidt terminou a histórica partida como cestinha, com 46 pontos.

A história de Gersão com o basquete começa quando um ex-treinador do Ginástico, Luis Carlos Dias Corrêa, o Lu, soube por meio de um funcionário do Colégio Santo Agostinho que um colega tinha um filho com mais de dois metros de altura. Ele o procurou com o intuito de levar o menino para o clube.

A notícia se espalhou no Ginástico e todos ficaram fascinados e curiosos em ver o tal menino-gigante. Marcado o dia da ida de Gersão ao Ginástico, as arquibancadas ficaram lotadas. Todos queriam conhecê-lo. E tão logo Gersão chegou, o treinador da equipe principal, Elmon Rabelo, aproximou-se e falou que iria fazer dele um grande jogador.

Ao chegar até a quadra, Gersão conheceu um ex-jogador do clube, o então dirigente Gastão Sette Câmara, que tratou de ensiná-lo os primeiros movimentos. Mostrou-lhe como era o arremesso, como quicar a bola e fazer a bandeja.

Ao tentar fazer o movimento, Gersão bateu a cabeça na tabela, caiu e reclamou. “Esse esporte é muito perigoso!”. Mas o jovem não desistiu de jogar, e ali nascia o grande pivô do Brasil.

Gersão seguiu jogando no Ginástico. Comandado por Elmon Rabelo, foi campeão mineiro em 1979, junto com Bruno, Marcelo Cenni, Ricardão, Luiz Gustavo em jogo contra o Minas decidido na prorrogação.

(Foto: Arquivo pessoal)

Em 1981, o pivô chamou a atenção e foi convocado pela primeira vez para a Seleção Brasileira. Daí em diante, ficou sempre nas listas. Foi contratado pelo Corinthians e, do time paulista, seguiu para a Espanha, onde defendeu o TDK. No regresso ao Brasil tornou a representar o Corinthians e também o Jales, do interior de São Paulo. Ainda vestiu as camisas de Monte Líbano, Lençóis Paulistas, Sport e Remo.

Um dos momentos mais especiais de Gersão pela Seleção Brasileira foi nos Jogos Pan-Americanos de Indianápolis, em 1987. O pivô foi um dos convocados do técnico Ary Vidal, ao lado de Oscar, Marcel, Guerrinha, Israel, Maury, Cadum, Paulinho Villas-Boas, Sílvio, Rolando, André e Pipoca.

Na apresentação para o início dos treinos, Ary Vidal chamou Gersão e lhe disse: “Você vai pra pegar rebote. É o que precisamos. Não tem de ficar fazendo cesta. Precisamos de rebote.”

O Brasil foi avançando, derrubando adversário por adversário e chegou à final contra os donos da casa, que tinham como destaque David Robinson, um dos maiores pivôs do basquete, que fez história no San Antonio Spurs e na Seleção dos Estados Unidos, ganhando um Mundial e dois ouros olímpicos.

Na final, Gersão foi destaque como reboteiro do jogo. E ainda marcou 12 pontos. O Brasil fez história e superou os Estados Unidos dentro de seus domínios.

Jogador da Seleção Brasileira até 1994, Gerson participou de três edições dos Jogos Olímpicos - Los Angeles-1984, Seul-1988 e Barcelona-1992 - e dois Mundiais - Madri-1986 e Buenos Aires-1990.

Posteriormente, ao encerrar a carreira, Gersão voltou para Belo Horizonte e foi trabalhar como assistente-técnico no Ginástico. E foi o clube de origem, seus companheiros de quadra e os aficionados pelo basquete que o ajudaram até o fim de sua vida.

(Foto: Arquivo pessoal)

Homenagem


Em suas redes sociais, a Confederação Brasileira de Basketball (CBB) agradeceu mais uma vez pelo amor com que Gerson se entregava ao esporte e por todos os anos defendendo a camisa do Brasil. "É com grande pesar que informamos o falecimento do gigante Gerson Victalino. Campeão do Pan de Indianápolis com o Brasil em 1987, Gerson foi o jogador que mais vezes vestiu a camisa da Seleção Brasileira. Nosso eterno agradecimento e pêsames por sua partida. Força à família", escreveu a entidade.

No começo deste ano, Gerson foi homenageado pela CBB como um dos nomes das Conferências do Campeonato Brasileiro Adulto com um selo comemorativo. Na época, falou sobre a homenagem e sua luta contra a doença. "Me senti lisonjeado com esta homenagem. Ser escolhido dentre tantos nomes que fizeram e fazem história no nosso basquete. Quando recebi essa notícia, fiquei em êxtase, pois sei a importância de ter o nome vinculado a um evento da CBB", disse.

"Passo por um problema temporário. Sei da gravidade, mas também sei que as lutas vem na nossa vida para lutarmos e mostrarmos nossas forças. Para os médicos, a cura não existe, mas não posso me apegar no que eles pensam e sim na minha certeza que há um caminho para a cura. Imagina uma coisa até tempos atrás que não tinha cura e hoje tem. Com certeza eu vou ser o primeiro desta moléstia (risos) porque tenho fé em Deus e não me entrego facilmente", contou Gerson.

Com informações do Estadão

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