Copa América
None

COPA AMÉRICA

Agora à frente do Chile, Reinaldo Rueda tenta derrubar na Copa América a Colômbia que ajudou a formar

Como o legado de Rueda à frente da seleção e do Atlético Nacional fortaleceu a Colômbia. Vira-casaca, treinador do Chile reencontrará ex-jogadores na batalha da Arena Corinthians

postado em 27/06/2019 08:00 / atualizado em 26/06/2019 21:46

<i>(Foto: Miguel SCHINCARIOL / AFP)</i>
São Paulo — Eles estavam separados, nessa quarta-feira, por uma distância de 4,8km. Enquanto uma legião de ex-jogadores de Reinaldo Rueda trabalhava com a Colômbia, no Pacaembu, o treinador vira-casaca armava o atual bicampeão Chile no Centro de Treinamento do São Paulo, na Barra Funda, para a batalha de sexta-feira, às 20h, na Arena Corinthians, pelas quartas de final da Copa América. Vencerá quem tiver pequenos detalhes privilegiados sobre o adversário.

Nascido em Cali, Reinaldo Rueda tem história na Colômbia. Foi o mentor da melhor campanha do país na história do Mundial Sub-20. Sob o comando dele, a seleção alcançou o terceiro lugar em 2003, nos Emirados Árabes Unidos. Só não disputou o título contra o campeão Brasil porque um gol de pênalti marcado pelo ainda promissor Andrés Iniesta — a quatro minutos do fim do tempo normal — impediu.

A campanha brilhante deu a Rueda a chance de comandar a seleção principal na Copa América 2004. O treinador de 62 anos tinha 47 na época. A responsabilidade de defender o título conquistado três anos antes de forma invicta e sem sofrer gol sob o comando de Francisco Maturana pesou. A Colômbia caiu nas semifinais contra a Argentina, por 3 x 0. Rueda resistiu. Havia herdado o elenco na lanterna das Eliminatórias para a Copa-2006. O time terminou em sexto lugar, ficou fora do Mundial da Alemanha e o ciclo chegou ao fim.

Numa entrevista ao Superesportes em 2016, Reinaldo Rueda justificou o insucesso à frente da Colômbia. “Alguns problemas internos do futebol colombiano, desentendimentos da associação dos jogadores com o comando do futebol do país, a mudança no comitê executivo e diretivo da federação e o fato de eu não ter classificado a Colômbia para a Copa do Mundo de 2006. Nós também fomos mal na Copa Ouro e na Copa América”, admitiu.

Na época, Rueda contou que o maior orgulho da passagem pela seleção foi a organização das divisões de base. “O legado mais importante é a qualidade dos jogadores que surgiram depois, o trabalho que deixamos para o futuro e a formação humana dos nossos jogadores”, disse.

Rueda era o responsável por todas as seleções. Eduardo Lara liderava a Sub-20. A fábrica de talentos colocou na praça pelo menos três jogadores convocados pelo português Carlos Queiroz para a Copa América: o centroavante Radamel Falcao, o zagueiro Cristian Zapata e goleiro titular David Ospina. Enquanto as promessas se consolidavam na seleção principal, o Reinaldo Rueda se aprimorava na Alemanha e realizava o que não havia conseguido com a Colômbia. Classificou Honduras para a Copa-2010 e colocou o Equador no Mundial-2014.

<i>(Foto: Miguel SCHINCARIOL / AFP)</i>


Velhos conhecidos

A volta por cima ao futebol colombiano começaria em 2015 com seis títulos em dois anos, entre eles, a Copa Libertadores da América em 2016. Três jogadores da Colômbia faziam parte do elenco do Atlético Nacional: o goleiro reserva Camilo Vargas (campeão apenas do Torneio Finalización em 2015); o volante Mateus Uribe e o zagueiro Dávinson Sánchez.

O beque do Tottenham, da Inglaterra, conhece muito bem Reinaldo Rueda. Esteve cotado para jogar no Flamengo quando o treinador comandou o clube carioca. Provavelmente será o responsável por passar pequenos detalhes a Carlos Queiroz. “O Chile não é forte somente no ataque. Uma das fortalezas está no meio de campo, como manejam as partidas. Não podemos nos atentar apenas para o ataque deles”, advertiu Sánchez.

Campeão da Libertadores com Rueda em 2016, Mateus Uribe atua justamente no setor fundamental na ótica de seu ex-treinador. “As equipes do professor gostam de ter a bola e eles têm jogadores que facilitam, criam infinitas opções nas partidas. Ele sempre pedia para ganharmos as partidas no meio de campo e aparecermos como surpresa lá na frente. Vai ser um lindo jogo. Os dois treinadores gostam de jogar futebol”, espera.

O volante Gustavo Cuéllar é outro inimigo íntimo de Rueda. Na passagem pelo Flamengo, o técnico barrou Márcio Araújo e promoveu o colombiano a titular. Ele não saiu mais. Além de virar intocável no time rubro-negro, ganhou moral na seleção. No último domingo, foi o autor do gol da vitória por 1 x 0 sobreo Paraguai, o primeiro dele com a camisa cafetera. Em contrapartida, Cuéllar ajudou Rueda a conquistar de vez os cartolas do Chile com o vice-campeonato na Copa do Brasil e na Sul-Americana em 2017.

Tags: colombia chile copaamerica rueda futinternacional selefut