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Bob Faria: as reinvenções de América, Atlético e Cruzeiro

Falando de maneira prática, deixa eu conectar meu argumento com o que está acontecendo com os clubes de BH

05/07/2022 07:55 / atualizado em 04/07/2022 20:49
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Bob Faria: 'As reinvenções de América, Atlético e Cruzeiro'
foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press

Bob Faria: 'As reinvenções de América, Atlético e Cruzeiro'



Nascer, a gente nasce uma vez só. E chegamos ao mundo com asas enormes que infelizmente vão encolhendo à medida que as pernas crescem. Mas o curioso é que para continuarmos vivos por mais tempo, precisamos nos deixar morrer e renascer outras tantas.

É um mundo de reinvenções. E uma das coisas mais fundamentais para a sobrevivência é a nossa capacidade de reinventar novos propósitos a partir das experiências que vamos acumulando. Reaprender é renascer. É fazer crescer de novo as asas que encolheram. E a cada ciclo de necessidades, novos desafios, é maior o esforço que precisamos fazer para voar outra vez.

Assim também acontece com as equipes de futebol. Elas renascem muitas vezes durante uma temporada. E digo mais, às vezes renascem naquilo que alguns treinadores chamam de microciclos, que é o tempo entre o fim de um jogo e o início de outro. Porque assim como na vida, a continuidade depende da capacidade de recriar asas onde o mundo deixou apenas feridas.

Falando de maneira prática, deixa eu conectar meu argumento com o que está acontecendo com os clubes de BH.

Primeiro sobre o Cruzeiro. Alguém discorda que o clube viveu seu período de pior abismo da história nas últimas temporadas? Pois foi como se tivesse morrido para renascer. E para isso, precisou ser reinventado, repensado, desmembrado e esmiuçado. Não fosse a marca do tamanho que é, não fosse o amor da torcida tão gigantesco, tenho minhas dúvidas se neste momento estaríamos vendo o Cruzeiro renascer e recriar asas. 

O time precisou enxergar seu estado de significância, para reencontrar a luz. Esse é um exemplo macro.

Falando do América, acho que vem colhendo o fruto de vários anos de resiliência e sofrimento num lugar onde sobreviver é muito mais difícil. Mas está no meio do caminho. Está no processo. Ainda não se consolidou nessa fase, que pode vir a se tornar a melhor de sua história moderna. Está lutando para que as asas ganhem força, deem sustentação e o voo seja mais equilibrado.

E o Galo, neste momento, é quem está vivendo a fase do desfrute. Mesmo com as pequenas oscilações, com alguma desconfiança com relação ao trabalho do treinador, com uma certa impaciência típica de quem um dia esperou demais e pôde sentir o gosto bom da vitória, mesmo assim está na fase boa, do reencontro, da alegria. Está na plenitude.

Então, meus amigos, não lhes parece que estamos todos jogando um grande campeonato? Seja em grupos, seja em times, seja da nossa pele para dentro, no nosso próprio mundo, estamos todos em algum ponto dessa eterna competição que é a vida, e onde é campeão quem consegue se reinventar a cada volta e continuar respirando.

É cansativo, é dolorido, mas é imperativo.

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