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Volta de Cuca ao Atlético é dose cavalar de esperança para o torcedor

A frustração decorrente do péssimo desempenho (e não estamos falando de números) sob o comando do Turco Mohamed puxa um gatilho imediato na arma da comparação

Colunista Bob Faria comenta o efeito do retorno de Cuca para a Cidade do Galo
foto: Bob Faria/Superesportes

Colunista Bob Faria comenta o efeito do retorno de Cuca para a Cidade do Galo

O que é a esperança? Como podemos descrever algo tão complexo, tão plural e individual ao mesmo tempo? A física quântica talvez nos traga alguma compreensão. Segundo alguns conceitos desse ramo da ciência, é possível que uma partícula possa ser massa e energia ao mesmo tempo! Assim como a esperança que pode ser individual ou coletiva. Dois estados antagônicos coexistindo no mesmo ponto do espaço-tempo. Mas vamos pensar no conceito linguístico da coisa.

Esperança vem de esperar! Não é o mesmo de aguardar, mas sim de desejar. Quando se tem esperança em algo, você está na verdade desejando que aquilo se torne realidade. É o desejo de materialização de um conceito extremamente abstrato.

Putz... confuso. Muito confuso. Vou queimar meus parcos neurônios tentando decifrar esse enigma e fatalmente não chegarei a conclusão nenhuma.

Por um motivo muito simples. Cada um sente esperança como uma força singular e em cada um ela desperta sentimentos mais fortes ou mais fracos, com potência quase sempre inversamente proporcional ao nível de desilusão. Diga-se de passagem, pelo menos para mim, ilusão e desilusão são também conceitos antagônicos que em algum momento se fundem provocando reações químicas e físicas extremamente potentes.

É fácil dizer que quanto maior o nível de ilusão, ou quanto mais você acredita cegamente em algo, maior será a explosão quando a expectativa se frustrar e você descobrir que acreditou em algo que simplesmente não estava lá.

Devaneios feitos, não há como deixar de pensar na dose cavalar de esperança que a contratação do Cuca trouxe ao inconsciente coletivo da Massa atleticana. E com razão!

Há vários fatores que contribuem para isso. O primeiro e mais óbvio é que ele é um grande treinador, que conduziu o Galo às maiores conquistas de sua história. Mas há outros, numa segunda camada.

A frustração decorrente do péssimo desempenho (e não estamos falando de números) sob o comando do Turco Mohamed puxa um gatilho imediato na arma da comparação!

No futebol, ao contrário da vida, a última impressão é a que fica. E não preciso dizer quais as últimas impressões deixadas pelos dois treinadores.

Há também uma questão de comunicação. O torcedor se acostumou às idiossincrasias ou peculiaridades do Cuca e aprendeu a lidar com elas de maneira natural. Por extensão, as abraçou e se deixou inspirar por elas.

O Turco simplesmente não conseguiu se comunicar. E não tem nada a ver com a barreira do idioma, mas sim com a capacidade de transformar ideias em conceitos inteligíveis para quem observasse o time.

Por fim, a crença de que se alguém pode exercer autoridade sobre este grupo já campeão é o homem que os conduziu a essa condição.

É um pacote muito grande, cheio de algo que na teoria é apenas um conceito abstrato, mas na prática é combustível para uma virada de ânimo: algo que no fim das contas podemos chamar de esperança.

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