2

Coluna do Bob Faria: volta do Cruzeiro à Série A recoloca um gigante de pé

Retorno da Raposa à Primeira Divisão não foi obra do acaso, não foi porque era um processo natural, não foi porque o tempo supostamente coloca tudo no lugar

Bob Faria, colunista do Superesportes, fala sobre o acesso do Cruzeiro para a Série A do Brasileiro
foto: Bob Faria/Superesportes

Bob Faria, colunista do Superesportes, fala sobre o acesso do Cruzeiro para a Série A do Brasileiro

O senso comum tende a todo custo nos fazer acreditar que  o ritmo natural das coisas e o tempo curam tudo e que, mesmo que a gente não se mova, tudo eventualmente voltará ao lugar. Pode até ser. Não tenho experiência para falar sobre isso. Nenhum sofrimento pelo qual já tenha passado ou experimentado cauterizou sozinho, do nada.

Sempre precisei me esforçar e me concentrar muito para continuar caminhando, apesar das tempestades. E já estou andando por este planeta há algum tempo. Então, como qualquer ser humano adulto, já tive que fazer isso mais vezes do que gostaria. Aposto que você também. 

Mas qualquer agrura que eu pudesse descrever não tem a menor importância. Já que cada um sabe o tamanho da própria cruz. Uso o argumento só para exemplificar e dizer que a volta do Cruzeiro à Série A não foi por obra do acaso, não foi porque era um processo natural, não foi porque o tempo supostamente coloca tudo no lugar.

Muito menos sorte ou coincidência. Foi, sim, resultado de um esforço coletivo gigantesco para fazer movimentar um gigante desabado e recolocá-lo de pé. 

Quando o Cruzeiro foi para a Segunda Divisão, eu me lembro de ter dito: "O Cruzeiro não caiu! O Cruzeiro foi empurrado! De forma vil, irresponsável e criminosa". 

Hoje afirmo: o time voltou porque encontrou não só uma estrela que iluminou o caminho (e refiro-me ao Ronaldo), mas porque coletivamente entendeu que para buscar o caminho da redenção precisava primeiro entender e admitir onde estava, assumir humildemente que sozinho não sairia deste lugar.

E foi depois disso, e só depois disso é que a verdadeira ajuda veio. Quando o torcedor, mesmo que ainda machucado e magoado, resolveu perdoar e amparar o time, para  carinhosamente acompanhá-lo passo a passo. 

E assim o Cruzeiro retoma seu lugar na Série A. Levará consigo para sempre as cicatrizes dos cortes e ferimentos que sofreu no corpo e na alma.

Mas assim como na vida, as marcas  ajudam a contar a história. Afinal, só uma ferida curada se transforma em cicatriz. 


Compartilhe