Gustavo Nolasco
None

DA ARQUIBANCADA

Carta aberta ao elenco cruzeirense

O Cruzeiro respeita sua torcida. Ela existe não para sofrer, mas para ter alegrias, uma atrás da outra. Nós, de cá, atendemos ao chamado

postado em 17/01/2018 09:00 / atualizado em 17/01/2018 10:10


Elenco estrelado, chegou o grande dia. O ano em que o sonho é atingir o céu e de lá, ao lado do Cruzeiro do Sul, olhar para a Terra e dizer “agora sim, o mundo é azul”.

Na noite de hoje, quando vocês entrarem em campo pela primeira vez em 2018, terão a nobre oportunidade de escreverem a primeira linha desta página que tem tudo para ser imortal, com tri, penta, hexa e quiçá, a terceira final de um Mundial, desta vez, trazendo o único título ainda faltante ao Maior de Minas.

Se vocês serão heroicos, dependerá exclusivamente da forma como irão encarar a caminhada. Comecem por ter a consciência do quanto cada um de nós se dedicou para fazer desse primeiro encontro uma festa inigualável.

A nova diretoria, desacreditada por muitos, foi a primeira a fazer sua parte. Teve força para manter os “velhos de casa”; deu uma despedida digna aos que não mostraram capacidade técnica para estar no nosso escrete e mitou ao trazer os sete calouros que estão entre vocês.

Assistimos, eufóricos, a reviravolta. De um desmanche anunciado após o penta da Copa do Brasil e o nome do Cruzeiro sujo na praça, fizeram o correto: apostaram as últimas (emprestadas) fichas para montar um elenco que pode dar retorno, nos enchendo de esperança e criando medo, ódio e cláusulas da chacota nos adversários menores (e no Mauro Cezar).

Saibam que enquanto vocês estavam no confinamento da pré-temporada, aqui fora, vibrávamos com Judivan Corujinha (menino, com esse joelho, onde estava com a cabeça para subir naquela árvore?), Raniel Poliglota, Fred Rastejador de PingPong, Fábio Zoador na banheira, petelecos do Sassá na orelha do Bruno Silva e Thiago Neves e Sobis unindo o grupo na alegria. Sentíamo-nos parte de vocês quando essas brincadeiras nos chegavam pelo zap-zap ou pelo instagram.

Egídio, o orgulho foi imenso quando você vestiu o manto novamente e agradeceu a oportunidade de voltar ao clube que um dia lhe deu a dádiva de ser eleito o melhor lateral esquerdo do Brasil.

Essas alegrias pueris se transformaram em confiança real quando ouvimos, nas entrevistas, os remanescentes da Família 2013/2014 relatando o renascimento daquela união que nos levou ao tetra.

Marcone, Faleiro, Angel e Chuchu devem ter contado a vocês... Enquanto estavam aí dentro do muro da Toca II, nós, de cá, atendemos ao chamado. Somos mais de 70 mil sócios e em poucos dias, chegaremos aos 100 mil estipulados como meta.

O Marco Antônio Lage sonhou em colocar 30 mil hoje contra o modesto Tupi, lhe retribuímos com 40 mil que irão logo mais (além do Seu Lúcio, na Amazônia, e a turma da Natalzeiros que estarão com o radinho colado ao ouvido). Se no mundo somos nove milhões, depende de vocês, jogadores, nos dar o desejo de multiplicar esse exército de apaixonados até o centenário de 2021.

Agora chegou a hora de vocês nos retribuírem onde realmente importa: no campo. Mas antes disso, um recado para os novatos. Aqui no Cruzeiro, nada é fácil. Vocês não terão uma aldeia inteira a minimizar seus erros. Não contarão com alto-falante ou cânticos homofóbicos para calar a torcida adversária.

Quando olharem para as arquibancadas e o nosso grito entrar forte em seus ouvidos, ponderem: são essas vozes que pagam os seus salários. Lembrem-se, a grande maioria dos que ali batem palmas para vocês gastará cinco, dez anos para receber o que nós lhes pagamos por um mês de trabalho. Pensem nisso ao lembrar da tranquilidade financeira que NÓS estamos dando aos seus filhos.

Por fim, encarem a Libertadores, o Brasileiro, a Copa do Brasil com as dificuldades que essas taças nos trarão. Somos veteranos em levantar canecos em todas elas e por isso, temos experiência para saber o quanto serão difíceis em 2018.

Preguem um recado em seus armários: para marcar o nome no Cruzeiro, conquistem títulos. Poucos de vocês irão lembrar do Fernando “Tá no filó” Sasso e menos ainda, da sua profecia: “o Cruzeiro respeita sua torcida. Ela existe não para sofrer, mas para ter alegrias, uma atrás da outra”.

Preparem-se porque nossa euforia por reencontrar o Cruzeiro está incontrolável. Logo mais, apoiaremos vocês de uma forma incrível. Motivados pelas cinco estrelas bordadas no coração como pontes de safena, que de tão pulsantes, estufam ao ponto de marcarem a camisa azul que nos cobre.

Para entrarem no gramado do estádio do Cruzeiro, o Mineirão, nesta noite contra o Tupi, vistam o manto como roupa de gala. Ajustem as meias e apertem o nó da chuteira como uma aliança. Estejam preparados não para serem apresentados como “os reforços”, mas sim, para conhecerem o maior patrimônio do Cruzeiro: nós, a torcida.

Boa sorte!