Gustavo Nolasco
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DA ARQUIBANCADA

Da boca imunda ao Boca!

Somos La Bestia Negra e Ábila já contou a seus companheiros sobre o quanto foi um azar deles nos encontrar pelo caminho

postado em 19/09/2018 08:00 / atualizado em 18/09/2018 21:52

Tiago Mattar/Superesportes
 Poderia falar sobre a incitação ao crime. Ou da pequenez da administradora da Toca da Raposa 3 em tentar fugir da nossa faixa. Até mesmo relativizar o péssimo resultado dos Amigos do Ezequiel contra a Turma do Sapatênis, mas... ELES, NÃO.

Primeiro, porque quanto ao cântico, isso é caso de polícia e não de crônica. Segundo, porque a insistência da Minas Arena em prejudicar o único clube que nunca abandonou o Gigante da Pampulha já se tornou comédia pastelão e, terceiro, porque esse espaço se destina à torcida do Time do Povo, e não a incitar veladamente a homofobia, num hipócrita “morde e assopra”. Vamos falar é do Cabuloso, de Libertadores Raiz e de uma rivalidade sadia de décadas entre dois gigantes do futebol mundial. Cruzeiro x Boca Juniors: é o que nos interessa!

Hoje, a pedreira é do tamanho de nossa história. Por aí é possível imaginar o quanto será importante a concentração de nossos guerreiros durante um jogo que vai muito além de 90 minutos em campo. De cá, longe, estaremos ao lado dos nossos que rumaram para a Argentina levando o azul no peito e o grito de alegria na garganta, mesmo que certamente sejam eles pressionados a todo tempo por um caldeirão em ebulição.

Enfrentar o Boca na sua casa é um drama clássico do futebol sul-americano. Quase sempre os times rezam, correm como o diabo foge da cruz para, num chaveamento, não caírem frente a frente com o Boca Juniors no alçapão de La Bombonera, com os gritos ensurdecedores da hinchada “La 12”, a mais temida organizada do mundo.

Tê-los como oponentes diretos na Libertadores sempre foi encarado por todos os clubes com temor. Mas, desta vez, quando despachamos o Flamengo e se confirmou o embate entre o Maior de Minas e o Maior da Argentina, surgiu entre nós uma calmaria estranha. Um desejo forte por esse embate. Não houve a sensação de azar. Pelo contrário, cresceu e continua a pulsar no peito da nossa torcida, sim, o respeito a esse gigante do futebol mundial, mas também a certeza do quanto eles estão nos temendo. Somos La Bestia Negra e Ábila já contou a seus companheiros sobre o quanto foi um azar deles nos encontrar pelo caminho.

Já caímos diante do Boca Juniors em 1977, nos pênaltis, mas também já lhe aplicamos aulas de futebol como em 1994, com uma vitória esplendorosa em La Bombonera e outra no Mineirão. Nesta segunda, ainda brindados com o gol mais bonito de toda a carreira de Ronaldo Fenômeno, naquela época ainda um adolescente. Certamente, “La 12” se lembra com tristeza desses encontros com a Nação Azul.

Hoje vai ser pressão. Iremos de Manobol e Dedé “Monte Everest”, óbvio! Mas a noite também pode estar guardada para Fábio completar seu nome para sempre como o maior goleiro da história do nosso clube, pois, para alguns, faltam-lhe a conquista da Libertadores e uma noite de gala em La Bombonera. As duas últimas provas a serem vencidas pelo Monstro, não para este escriba, que não as cobra para lhe coroar, mas para os que ainda torcem o nariz para ele e sempre lembram desses dois feitos de outro sagrado, Dida.

Agora, que venha o apito inicial do árbitro. Vamos buscar uma vitória para, ao final, entoar o nosso hino pelas calles de Buenos Aires. Encher de estrelas o céu da América do Sul. Reafirmar a força e o respeito que o Cruzeiro historicamente construiu ao longo de décadas.

Deixemos o julgamento da história para a boca imunda dos De Lourdes (não de todos, sejamos honestos, mas da minúscula parcela que entoou o cântico do último domingo) e vamos para cima do verdadeiro rival, o Boca Juniors.

Minhas amigas e meus amigos, a noite de hoje será dos gigantes!

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