Gustavo Nolasco
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DA ARQUIBANCADA

6 (para nós) x 1 (para a rapa)

"Todos nós levantamos essas 10 taças"

postado em 18/10/2018 09:30 / atualizado em 23/10/2018 14:27

Agência i7/FMF
Quando o juiz apitou o fim e se confirmou o hexa, eu só tive uma vontade na vida: ser avô. Para esperar o dia em que meu neto viesse sentar ao meu lado, na varanda, e olhasse o céu no momento do azul fósforo do anoitecer, exatamente quando as primeiras estrelas surgem a brilhar. Ali, com sua camisa celeste, ele me perguntaria: “Vovô, o que é felicidade?”.

Se isso acontecer um dia, com os olhos marejados iguais aos que viram a taça ser erguida aqui no Itaquerão, passando a mão sobre as estrelas bordadas no meu manto surrado, vou responder: “Felicidade, menino? Felicidade é ser Cruzeiro”.

O pensamento do neto que ainda não chegou embalou meu sorriso entre os tantos ao meu lado na saída do estádio nessa madrugada. Choramos, gritamos, cantamos, saudamos nossos vikings azuis e, pela 10ª vez em nossa história, cravamos o nome “Cruzeiro” num título nacional.

Todos nós aqui e os outros nove milhões espalhados pelos vários cantos do mundo levantamos essas 10 taças. Somos Piazza, Paulo Roberto, Nonato, Cléber, Alex, Fábio e Henrique. Somos capitães de uma vida inteira. Levamos a braçadeira com a mensagem de amor eterno por um clube nascido para ser gigante.

Somos multicampeões. Somos La Bestia Negra. Somos a Nação Azul que faz desse Palestra nascido em 1921 o maior pesadelo do eixo RJ-SP, tantas vezes beneficiado em detrimento do restante desse Brasil plural.

Somos Cruzeiro, o Rei de Copas!

Somos o motivo de inveja de quem vive na pequenez. Mas, a partir de hoje, definitivamente, não vai ter nunca mais uma voz do mal a nos incomodar, a planejar nos destruir, a nos ofender ou a querer nos roubar. Se mesmo assim, na soberba ainda tentarem levantar a voz contra ti, na tentativa de diminuí-lo, Cruzeiro, vou deixar meu sonho de lado e voltar à racionalidade. Farei minha imaginação de velhice esperar um pouco.

Por todas as quebradas das periferias de Belo Horizonte e do interior mineiro, lançarei a verdade: só em Copas do Brasil, o Cruzeiro tem mais do que o futebol mineiro em 100 anos de história. O saldo, levando em conta apenas essa competição, é de sonoro e traumático 6 a 1.

6 para nós e 1 para toda a rapa!

Aos tristes, a cama e o travesseiro. Ao lado alegre, azul, palestrino e do povo nessa história, a exaltação da felicidade. Agradecer aos avós, pais, mães, amigos, primos, irmãos e irmãs que um dia nos ensinaram a ser Cruzeiro. Quanta gratidão por essa sorte na vida!

Do agradecimento, volto ao sonho. Retornarei de São Paulo hexacampeão, com os olhos ainda molhados, mas a imaginação no desejo da minha velhice. Na espera do neto para começar a escrever os próximos 100 anos da história, porque estes vividos até esta madrugada em Itaquera já estão contados.

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Tags: cruzeiroec seriea nacional