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COLUNA DO JAECI

Que o discurso de Neymar seja a arte da bola

Neymar vai querer deixar seu nome por aqui. Aonde vai ele tem sido a sensação do time canarinho. Só espero vê-lo brilhar também contra grandes seleções

postado em 15/11/2014 08:23 / atualizado em 15/11/2014 08:28

Jaeci Carvalho /Estado de Minas



Viena
– Eu não era nascido quando Hitler entrou com suas tropas nesta cidade em 1938 e fez um discurso triunfal na Heldenplatz (Praça dos Heróis), pressionando a Áustria a se unificar à Alemanha. Mas, de tanto ler a respeito, sei o quanto a população sofreu com as atrocidades cometidas do tirano, aliás austríaco de nascimento, que odiava judeus simplesmente por odiar. Caminhando nessa sexta-feira pelas limpas e belas ruas vienenses, cheguei à praça e me lembrei de um velho que conheci no local há 14 anos, cujos olhos se encheram de lágrimas quando abordei a invasão germânica. A Europa é um continente fantástico. Cada país tem sua história, narrada por escritores em livros fabulosos.

O futebol anda em alta deste lado do Atlântico. Não propriamente o austríaco, de segunda linha, mas o dos vizinhos alemães, que falam a mesma língua mas, na bola, são gigantes. Recentemente se tornaram tetracampeões mundiais, com direito a lavada histórica sobre o Brasil: 7 a 1, no Mineirão. O Brasil tem tudo para conseguir a sexta vitória em seis jogos sob o comando de Dunga. A Áustria não tem boa equipe, mas é superior à Turquia.

Neymar vai querer deixar seu nome por aqui. Aonde vai ele tem sido a sensação do time canarinho. Só espero vê-lo brilhar também contra grandes seleções. Em algum tempo ele deverá se transformar no maior artilheiro da história da Seleção, superando Zico, Romário, Ronaldo e Pelé. Vale lembrar, porém, que os brasileiros jogam muito mais do que no passado. São mais de 10 amistosos por ano, fora competições oficiais. E assim nossa maior esperança de reviver os bons tempos vai consolidando seu nome na história.

Torço para que Neymar não desapareça, como ocorreu com Robinho, que foi chamado até de “novo Pelé”, mas não conseguiu destaque na Europa, com as camisas de Real Madrid, Manchester City e Milan. Era coadjuvante, e olhe lá. No Brasil, entretanto, repatriado pela segunda vez, arrebenta no Santos. Quando estávamos na China há um mês com a Seleção, perguntei-lhe se pretendia retornar ao futebol europeu e ouvi que seu ciclo no Velho Mundo acabou e ele pensa em atuar nos Estados Unidos. É um mercado novo, em expansão, com muito dinheiro e baixo nível competitivo.

Já Neymar joga em alto nível no Barcelona, onde muito se espera dele. Foi muito discreto na primeira temporada e não parece que vá arrumar muita coisa na atual, pois o time está em queda livre, com Messi e tudo. Resta saber se será protagonista na Seleção, para justificar toda a fama e o peso que lhe caem sobre os ombros. Terça-feira, diante da Áustria, terá mais uma chance de mostrar o que sabe. Espero que amadureça como jogador e nos dê a chance de sonhar com a Copa de 2018. Não acredito em conquista na Rússia, mas se ele se tornar um fora de série, poderá contribuir, e muito, para que o sonho fique vivo.

Neymar tem tudo para ser o melhor do mundo, mas terá de conquistar títulos, ser protagonista e desbancar o companheiro Lionel Messi do papel de dono do Barcelona. O argentino me parece decadente, e jamais achei que exista espaço para os dois no Barça. O brasileiro, para mim, foi para o clube errado. É esperar que o tempo me desminta e ele em breve se torne o nº 1 do planeta. Torcida e vontade para isso não faltam, mas é na Liga dos Campeões e/ou na Copa do Mundo que ele precisa provar que é o supercraque que sempre sonhamos ter.

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