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COLUNA DO JAECI

Pane seca ou pane elétrica?

As famílias, arrasadas, vão continuar assim pelo resto da vida e nada, exatamente nada, vai mudar

postado em 01/12/2016 12:00

AFP

O que importa isso agora? Se houve pane seca no voo da Chapecoense, que dizimou 71 pessoas, foi um crime do piloto, dono do próprio avião. Se foi isso mesmo, ele assassinou 70 pessoas e suicidou. Se foi pane elétrica, provavelmente foi causada, segundo especialistas, pela pane seca, e o crime foi também do piloto. Pergunto o que importa isso agora, porque as vidas ceifadas não serão devolvidas. As famílias, arrasadas, vão continuar assim pelo resto da vida e nada, exatamente nada, vai mudar. O que deveria ter sido feito era uma inspeção, por parte das autoridades bolivianas, antes de o avião decolar, para saber se havia combustível suficiente para as 3 horas de voo, mais uma hora de reserva, como determinam as regras da aviação em todo o mundo. Na ânsia de economizar dinheiro e poupar combustível, o piloto matou 71 pessoas. Vi relato de outras pessoas que já voaram no mesmo avião dizer que era comum ele andar no limite. Claro que um dia a tragédia iria acontecer, e, infelizmente, aconteceu num voo que deveria ser da alegria e não da tragédia.

Sabemos que aqui na América do Sul os descasos em todos os sentidos são grandes. Vivemos em países corruptos, onde passar os outros para trás é o lema. E na Bolívia não seria diferente. País comandado por Evo Morales é o mesmo que país comandado por Fidel Castro, Nicolaz Maduro e Lula. São ditaduras mesmo. E nesses países, assim como aqui, a punição é branda ou não existe. Por isso, o piloto fez o que fez e matou 71 pessoas. Sei que o resultado das investigações não saiu e que vai demorar. Porém, pelo que vi e ouvi de especialistas, e um deles, meu irmão, coronel aviador Joaci Carvalho, que foi piloto de três presidentes da República, teria sido mesmo pane seca, e, nesse caso, o único culpado é o piloto. Qualquer investigação ou resultado não devolverá as vidas dos que se foram. Isso é uma grande irresponsabilidade, um crime que ficará impune, como tantos outros. É sabido, na aviação, que a maioria dos acidentes é culpa do piloto e ocorrem na aproximação para o pouso.

A verdade é que a tragédia já aconteceu, abalou todos nós, do esporte ou não, e as vidas ceifadas não serão devolvidas. Resta para todos nós, torcer pela recuperação dos poucos sobreviventes e pedir à Deus que conforte os familiares dos que morreram. Concordo com Galvão Bueno quando ele diz que perdeu a vontade de narrar qualquer jogo este ano. Eu também perdi a vontade de falar de esporte nesta temporada. A tragédia do voo da Chapecoense foi muito cruel e fez mal a todos. Poderia ter acontecido com qualquer um de nós, pois vivemos voando mundo afora nesses aviões que andam no limite do combustível. Infelizmente, quando a gente entra em um avião, não sabemos a quantidade de combustível e outros procedimentos determinados pela Anac. Estamos à mercê de pilotos e co-pilotos. Sei que muitos dirão que é preciso esperar as conclusões do acidente para se buscar culpados. Repito: de que vai adiantar.? Se fosse devolver a vida dos que morreram, tudo bem. Agora, é tarde. Não tomaram medidas preventivas e a porta foi arrombada. E que rombo! Uma dor incrível em quem sequer conhecia os mortos, imaginem em quem os conhecia, tinha amigos lá, e parentes? Foi um crime, para mim não resta dúvida. Temos que orar e pedir a Deus que conforte as famílias e os amigos dos que se foram. E que a cidade de Chapecó receba nosso abraço, que o clube se recupere na próxima temporada e que os clubes, que vivem voando em voos fretados, tomem providências preventivas, evitem pagar mais barato e correr o risco de perder vidas. Fosse na Europa ou Estados Unidos, duvido que isso aconteceria, mas aqui, nessa parte do mundo onde as vidas não têm valor, isso é comum. Uma pena que a ganância faça com que gente inescrupulosa ceife vidas em prol de ganhar alguns bolívares a mais. O resultado é sempre uma tragédia como a do voo da Chapecoense.

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