Templo sagrado do futebol abre as portas para o Brasil

Londres – Acompanhamos o último treino da Seleção Brasileira ao lado do gramado do lendário Estádio Wembley, palco sagrado do futebol. Como disse meu amigo Tino Marcos, “o Maracanã dos ingleses”. Estive aqui mais de uma dezena de vezes e confesso que me arrepio todas as vezes em que entro aqui. Recebi uma mensagem de Edmundo “Animal”, no meu Instagram, dizendo assim: “Fiz um golzinho aí, Jaeci Carvalho”. Lembro-me de um gol de Zico, numa excursão do Brasil aqui pelo Velho Mundo, em que ele chutou, a bola bateu numa espécie de mochila que o goleiro inglês pôs dentro do gol, em 1981. Estudante de jornalismo na época, assisti pela tevê. Quem não gostaria de ter feito um gol aqui? Até eu. O estádio era charmoso, com as duas torres gêmeas em sua entrada. Mas foi demolido após a última exibição do Brasil aqui, em 2000. Foi 1 a 1, gol de Owen, para os ingleses, e França, para o Brasil. Fiz essa partida pelo Estado de Minas. Depois, fiz a inauguração do novo Wembley e estive aqui na Olimpíada, quando perdemos para o México na final, em 2012, com Neymar em campo e tudo o mais.

Hoje, voltamos em outras condições, com uma equipe e um técnico de verdade. É outro Brasil, mais encorpado, mais solto, mais coletivo e mais técnico. Sim, Tite deu todos esses ingredientes ao nosso time. O Brasil voltou a ser temido. Será o primeiro teste do novo treinador contra uma equipe europeia. A lamentar que os ingleses não terão seis titulares, entre eles Dele Alli e Kane, a dupla de ataque do Tottenham, sensação do Campeonato Inglês e da Champions League. A história, porém, dirá que houve um vencedor, caso isso aconteça, e não escreverá que a Inglaterra estava desfalcada. Tite vai mandar a campo o time titular, aquele que já temos na ponta da língua, o que é fundamental para sonharmos com o hexa: Alisson, Daniel Alves, Miranda, Marquinhos e Marcelo, Casemiro, Paulinho e Renato Augusto, Philippe Coutinho, Neymar e Gabriel Jesus. Não há como negar que é um time forte, em condições de brigar pelo hexa. No segundo tempo, Tite deve aproveitar para observar Diego, do Flamengo, e outros jogadores que quer experimentar para se decidir sobre os 23, já que hoje tem 17 ou 18 jogadores garantidos.

O treino de conhecimento do gramado durou uma hora cravada. Os ingleses são pontualíssimos e exigem isso. Nós, da imprensa, tivemos acesso somente a 15 minutos, como virou rotina na Seleção. Vimos o aquecimento e os dois times, titulares e reservas, se enfrentando, com o campo reduzido. Tite quer dar o máximo de entrosamento ao time principal, mas precisa fazer os últimos testes. Porém, seria temeroso entrar com uma equipe alternativa para enfrentar os ingleses em sua própria casa. Ele tem que escolher entre Danilo e Fágner para a reserva de Daniel Alves; Filipe Luís e Alex Sandro, para a reserva de Marcelo; Jemerson e David Luiz, para a reserva da zaga; Taison, Diego e Giulliano para o meio; e Firmino ou Diego Souza para a reserva de Gabriel Jesus. Vejam que são pouquíssimas dúvidas.

Depois desse jogo de hoje, a Seleção terá uma pausa de quatro meses, mas Tite estará aqui no Velho Mundo observando de perto seus atletas. Os dois próximos amistosos serão contra a Rússia, em cidade do país-sede a ser definida, e Alemanha, no Estádio Olímpico de Berlim. Aí, Tite define a lista dos 23 que estarão no Mundial e envia para a Fifa. O Brasil fará sua preparação aqui na Europa e existe a possibilidade de um amistoso no Brasil, assim que os atletas se apresentarem na Granja Comary, e outro aqui na Europa, na véspera do embarque para Moscou. A casa está arrumada e o Brasil vai chegar ao Mundial como um dos favoritos, ao lado de Alemanha, França e Argentina. Fala-se muito na Bélgica, por aqui. Não acredito nessa zebra.

A determinação da CBF é para que Tite e Edu Gaspar, coordenador de seleções, tenham tudo o que pedirem para que nada atrapalhe a caminhada do Brasil rumo ao hexa. A comissão técnica é bem grande, porém, com elementos-chave em cada setor. Tite e parte de sua comissão se preparam para o sorteio dos grupos, em 1º de dezembro, em Moscou, quando saberemos quem serão os três adversários do grupo do Brasil na primeira fase do Mundial. Até lá, vamos viver a expectativa de pegar um grupo fraco, que nos permita crescer na competição, para chegar bem fortes nas oitavas de final e avançar nos mata-mata. Sem dúvida nenhuma, é outro Brasil este que estamos vendo nas mãos de Tite. Valeu, Wembley, por receber aqui a única seleção pentacampeã do mundo.