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COLUNA DO JAECI

O Brasil de Tite não engana ninguém

Se Tite mantiver esse grupo, fracassado, não vai chegar a lugar algum

postado em 14/10/2018 10:17

Lucas Figueiredo/CBF
 Por força do ofício, assisti ao jogo do Brasil contra a Arábia Saudita na sexta-feira. Estive em Riad em três oportunidades. A primeira, em 1997, durante a Copa das Confederações, quando ficamos 23 dias lá. É o lugar mais fechado do islamismo. Naquela época, no hotel em que estávamos era proibido mulher subir com um homem no elevador. Lembro-me que estava no lobby e fui em direção ao elevador. Uma mulher, toda coberta, inclusive os olhos, pois havia apenas uma telinha para enxergar, esperava para subir. Na hora em que o elevador chegou, fiz a gentileza de pedir que ela fosse na frente, com um gesto, mas ela balançou a cabeça, de forma negativa. Então entrei, apertei o meu andar, e a moça não pôde subir.

Naquela época também, os homens dirigiam as caminhonetes e as mulheres eram levadas nas caçambas. Dirigir era algo impensável, mas hoje já é permitido. Lembro também que nossa colega Cristina Corbero, jornalista da Catalunha, que acompanhava Ronaldo Fenômeno, teve que pôr o véu, no estádio, pois em vez de assistirem ao jogo os homens viravam-se para a tribuna, onde estávamos, para admirar Cristina. E no shopping, Valmir Jorge, radialista de São Paulo, usava cabelo rastafári. A polícia religiosa chegou e começou a agredi-lo, com uma vara de marmelo. Ele também foi obrigado a cobrir a cabeça, pois os homens lá usam cabelo curto e barba. É preciso respeitar a religião, os costumes e tradições de cada país. Sempre obedeci a essa regra nos 73 países que visitei.

Certa vez, no Kwait, se não me engano em 2006, Parreira era o técnico e Zagallo coordenador. Lá, eles são muito respeitados. O xeque mandou o avião dele, um Air Bus 330, nos buscar em Londres – éramos seis jornalistas, entre nós, Marcos Uchôa, da TV Globo, e Ventura e Kyomi, que cobrem a Seleção há muitos anos para uma tevê japonesa. Descemos no hangar do xeque, fomos recebidos por ele mesmo e muitas pétalas de rosas e chá. Achei que iríamos ganhar um relógio Rolex, mas Parreira disse que nas décadas de 1970 e 1980 isso acontecia; em 2006, não mais.

Eu era vizinho de quarto de ninguém menos que o Rei Pelé. Era período do Ramadã, e saí do quarto comendo uma maçã. Um guarda me interceptou e disse que eu precisava respeitar o país, pois no período do Ramadãn, eles só podem comer após o sol se pôr. Ele me disse que no meu quarto eu poderia comer à vontade, mas nos corredores do hotel, não. Imediatamente, voltei ao quarto e acabei de comer a maçã. São histórias e mais histórias, que um dia contarei em um livro.

O jogo de sexta-feira foi fraquíssimo. Um Brasil confuso, que não conseguiu criar situações contra uma seleção fraca, de quinta categoria do futebol mundial. Tite me enganou durante certo tempo, embora meus leitores saibam que sempre fui contra Paulinho, Fernandinho, Thiago Silva e Renato Augusto na Copa da Rússia. Não deu outra. Foi um fracasso. Percebi que Tite nada sabe de bola, e que seu auxiliar, Cléber Xavier, sim, conhece. Tite foi uma decepção e achei um erro sua manutenção. Ganhar de Bolívia, Venezuela e Equador, qualquer técnico ganha. Vencer os europeus é bem diferente.

Se Tite mantiver esse grupo, fracassado, não vai chegar a lugar algum. Ele aposta as fichas numa possível conquista da Copa América. Se não ganhar, não sei se conseguirá se manter nas eliminatórias e até 2022. O técnico para a Seleção hoje deveria ser Renato Gaúcho. É o melhor, atualmente; olha nos olhos dos jogadores, conhece o sentimento de cada um e joga pra frente, bonito, haja vista as belas atuações do Grêmio.

Clássico

Galo e América se enfrentam nesta noite, no Independência, pelo Brasileiro. Os objetivos são diferentes. O Atlético quer os 3 pontos para continuar perto dos líderes e conseguir uma vaga na Libertadores do próximo ano. Se isso ocorrer e o Cruzeiro vencer a Copa do Brasil, poderemos ter os dois times mineiros na principal competição da América do Sul. Seria fantástico! O América busca se manter na elite e acabar com aquela síndrome de subir num ano e cair no outro. Adilson Batista faz excelente trabalho. Deveremos ter um bom jogo, mas o horário não me agrada: 19h de domingo é hora de o trabalhador estar em casa, jantando com sua família e se preparando para a semana. Claro, os que têm emprego, pois estamos com mais de 14 milhões de desempregados, e 29 milhões de pessoas vivendo com o subemprego. Espero que na eleição do dia 28 possamos escolher o candidato que vai devolver a dignidade, o emprego e levantar a economia do nosso Brasil.

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