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COLUNA DO JAECI

O improvável aconteceu. Nada é impossível no futebol

Ver um técnico como o alemão Jürgen Klopp trabalhar é uma maravilha. Que esquema tático, que qualidade da equipe, que vontade de fazer gols

postado em 09/05/2019 14:33

<i>(Foto: AFP / Paul ELLIS )</i>
O Barcelona venceu o Liverpool por 3 a 0 no Camp Nou, semana passada, e não fez quatro ou cinco porque um tal de Dembelê quis brincar na área e perdeu dois gols incríveis. Mesmo assim, o mundo disse: “Barcelona classificado para a final”. Mesmo sabendo que havia o jogo de volta, em Anfield, não havia dúvidas de que Messi e companhia não perderiam por três gols de diferença para haver prorrogação, ou de 4 a 0 direto, o que classificaria o time inglês. E mais: o Barcelona não deixaria, jamais, de fazer um gol no adversário. Isso tudo dito antes do jogo de volta. Mas o que vimos na Inglaterra foi uma partida épica dos donos da casa, com vitória por 4 a 0 no tempo normal, deixando o mundo do futebol atônito (foto). Se o Barcelona fosse o “Bambala” ou o “Arimatéia”, tudo bem. Mas era o gigante catalão, com cinco conquistas de Champions League. Do outro lado, com o mesmo número de taças na competição, o Liverpool, time de Paul, Lenon, Ringo e Harrison, os Beatles. Foi um espetáculo, um colírio para os amantes do futebol. Ver um técnico como o alemão Jürgen Klopp trabalhar é uma maravilha. Que esquema tático, que qualidade da equipe, que vontade de fazer gols. E olha que Salah e Firmino não atuaram. E os reservas, Wijnaldum e Origi foram os heróis, com dois gols cada.

Vejam o que é o futebol. Messi, idolatrado na semana passada pela genial partida, com 10 gols e artilheiro da Liga, foi chamado de medroso, de fracassado, de jogador que amarela em decisões. Logo ele, que já ganhou quatro Champions, das quais três como protagonista – em 2009, 2011 e 2015. O torcedor é um ingrato. Ou melhor, o torcedor não, esses caras de redes sociais, que não têm critério, parâmetro ou até mesmo educação para contestar algo. Eles querem achincalhar os ídolos, talvez para tentar aliviar suas frustrações e fracassos. Messi não é desse planeta. É um extraordinário jogador, atrás apenas de Pelé. Não é por essa derrota que cairá no esquecimento. Ao contrário, vou esperar os próximos jogos dele para vê-lo brilhar, mirar seus gols e suas jogadas geniais. Messi é um colírio para os amantes do futebol e, praticamente sozinho, fez seu time meter 3 a 0 no jogo de ida, mas, ainda mais sozinho, não teve forças para manter a vantagem no jogo de volta. O argentino não vai ganhar sempre. Nem Pelé ganhou todas as vezes em que entrou em campo. Até mesmo os gênios têm seus dias de derrotas. Faz parte da vida. Só não enxerga quem não quer. Os mal-amados, revoltados, frustrados com suas vidas fracassadas e ruídas. Gente invejosa e maldosa. O futebol é o único esporte coletivo em que o mais fraco pode vencer o mais forte. Não diria que o Liverpool era mais fraco que o Barcelona, mas que o resultado era improvável, isso era!

Tivemos uma virada improvável domingo, quando o Fluminense, depois de estar perdendo por 3 a 0 para o Grêmio, na arena gaúcha, empatou, virou e venceu por 5 a 4. Um jogo maravilhoso, que nos fez perceber que o futebol brasileiro ainda tem jeito. E Renato Gaúcho, técnico gremista, tem razão ao dizer que seu time “pratica o futebol mais bonito do país há dois anos e meio”. É verdade. O problema é que aqui se analisa por jogo. Se vai mal numa partida, é a pior equipe do mundo. Se vai bem, é a melhor. É assim que os brasileiros analisam futebol. Que bom que o Liverpool meteu 4 a 0, eliminou o Barcelona, se classificou e chegou à final da Liga dos Campeões pelo segundo ano consecutivo, em busca da sexta conquista. Que bom que o Liverpool queimou minha língua e de 99% dos amantes do futebol, pois, em sã consciência, ninguém imaginaria uma virada histórica daquela. Se eu tivesse 10 milhões de dólares, teria apostado o dinheiro todo no Barcelona, e teria perdido. Ainda bem que não tenho. Não perdi e não ganhei dinheiro, mas vi um dos maiores jogos da minha vida. E isso parece ser recorrente no Liverpool, pois, em 2005, em Istambul, perdia para o Milan por 3 a 0 no primeiro tempo, empatou no segundo e na prorrogação e levou a decisão para as penalidades, ganhando a taça. Esse time da terra dos Beatles é mesmo improvável!

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