Libertadores 1997
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LIBERTADORES 1997

Jogadores celebram nomes imortalizados no Cruzeiro e valorizam título da Libertadores conquistado com 'porrada' e superação

Após 20 anos, campeões destacam legado e mudança de patamar pessoal e esportivo: 'Honra de poder bater na mesa e dizer que ganhamos Libertadores'

postado em 12/08/2017 08:03 / atualizado em 16/12/2020 23:03

(Foto: Cruzeiro/divulgação)

O dia 13 de agosto de 1997 está imortalizado na história do Cruzeiro e, especialmente, na de 27 jogadores. Há 20 anos, o clube mineiro derrotava o Sporting Cristal, por 1 a 0, diante de mais de 106 mil torcedores no Mineirão, e conquistava o bicampeonato da Copa Libertadores da América. O gol marcado por Elivélton, em chute de fora da área, aos 30 minutos do segundo tempo, coroou uma campanha dramática e aguerrida na competição sul-americana – com reação na fase de grupo, após três derrotas seguidas; heroísmo do Dida em duas classificações nos pênaltis; e adversários tradicionais, como Grêmio e Colo Colo, superados com muita dificuldade no mata-mata. Além do goleiro salvador e do autor do gol do título, a torcida celeste para sempre reverenciará Marcelo Ramos, o artilheiro; Palhinha, o craque; Gottardo, o capitão; Nonato, Cleison, Ricardinho, Célio Lúcio, Donizete, entre outros.

Na história do clube, os campeões consideraram a taça da Libertadores como mudança de patamar na vida pessoal e esportiva, duas décadas depois. Em relatos ao Superesportes, os jogadores citaram as dificuldades, a ‘porrada’ no Chile, a ‘glória acima do dinheiro’, o legado e a ‘honra’ de ser campeão continental com a camisa estrelada. Confira os relatos.



(Foto: Estado de Minas)
Elivélton, atacante

"Mudou tudo, porque a Libertadores é um título que é reconhecido mundialmente. Ele te dá a oportunidade de participar do Mundial. Queríamos ser reconhecidos e disputar o Mundial. Marcamos uma história bonita, de muito trabalho e lealdade ali dentro do clube. Eternizamos nosso nome na história”

(Foto: Estado de Minas)
Marcelo Ramos, atacante 

Muda muito, tanto que hoje estamos comemorando 20 anos da conquista do maior título da América do Sul. Hoje é obsessão dos clubes. Era importante na nossa época. Sabíamos que, se conquistarmos aquele título, entraríamos para a história.  Há 21 anos o Cruzeiro não levava uma Libertadores. Hoje estamos vendo a dificuldade que é classificar para a competição, e mais difícil ainda é ganhar. A valorização ainda é muito grande. Não é para qualquer jogador. Me sinto muito honrado de fazer parte da história do Cruzeiro. Ainda mais por essa taça, que representou muito para os jogadores, levando em conta o início, as dificuldades do jogo contra o Grêmio, Colo Colo, quando ganhamos nos pênaltis, levamos porrada (risos). Falo assim, mas a violência não existe. Os caras que não aceitaram perder em casa. Ali mostramos a união que a equipe tinha.

(Foto: Cruzeiro/divulgação)
Wilson Gottardo

Um dos títulos mais marcantes.  Todo momento do atleta tem que ser marcante. Considero-me um privilegiado, pois ralamos muito para conseguir esse título. Você começa a entender o tamanho a competição quando entra nela. É difícil conquistá-la. Já tinha disputado duas Copas Libertadores pelo Flamengo e uma pelo Botafogo. A eliminação acontece por detalhes. No Cruzeiro, a gente foi encorpando na competição. Aí começamos a sonhar que tínhamos condições de ganhar. 

(Foto: Paulo Filgueiras/EM/D. A Press)

 
Palhinha, meia-atacante

Meus netos vão saber quem eu sou por ser vencedor, por ter ganhado um título no Cruzeiro, um clube grande. Não é dinheiro, status, é o trabalho muito bem feito que fizemos.

Gelson Baresi, zagueiro

É a competição mais importante da América do Sul. E muitos jogadores passam pela carreira de 15, 20 anos sem conseguir disputar uma Libertadores sequer. Disputar uma competição como essa, e ganhar ainda, é um privilégio para pouquíssimas pessoas. Cada título que a gente conquista ao longo da carreira tem o seu valor. São caminhadas diferentes, na qual você se esforça pela conquista. E assim é a Libertadores, mas com um grau de importância maior. Ainda mais na nossa época, que só o campeão do Brasileiro e da Copa do Brasil se classificavam, pois, hoje em dia, vão seis. Essas duas equipes eram obrigadas a se enfrentar nas quartas de final. Os jogos de fora do país não eram televisionados. A catimba, a pancadaria e as brigas não eram divulgadas. Era realmente uma guerra. Para vencer a competição, você precisava de um grupo guerreiro, disposto a jogar futebol, claro, mas também com disposição para não cair na catimba e não ser intimidado pelos adversários. Era uma época completamente diferente, temos que valorizar bastante o título. O que marca é a gente poder dar entrevista 20 anos depois da conquista. É ter o nome marcado na história do clube; é poder levar nossos filhos e netos em um museu, e eles verem com orgulho que seu pai ou seu avô fez parte da história de um clube tão grande e importante como o Cruzeiro.

Nonato, lateral-esquerdo

Eu cheguei mais cedo (ao clube), e o Ricardinho ainda era da base. A gente começou a impor um certo respeito na vida do Cruzeiro a nível internacional quando ganhamos as duas Supercopas. São dois títulos internacionais. Em 93 veio a Copa do Brasil. Em 95 veio a Copa Master e a Copa Ouro. Ali os clubes da América do Sul começaram a ver o Cruzeiro com outros olhos. Depois, com a conquista da Libertadores, o respeito foi maior. Aí só foi crescendo a cada ano, cada vez mais. O Cruzeiro foi bicampeão brasileiro, ganhou a Tríplice Coroa, o respeito só foi aumentando.

Ricardinho, volante

Quando você ganha uma Libertadores, tudo muda. Em termos de contrato, de respeito, com a imprensa, com a torcida, outros jogadores de outros clubes te veem de outra maneira. É um clube bem significativo em nível internacional. Isso fica marcado no jogador, e com certeza eleva seu patamar. A gente só vê depois que para de jogar futebol. Por onde você passa – às vezes a gente vai para o exterior –, e o pessoal sempre fala da Libertadores e sabem que o Cruzeiro ganhou a Libertadores. Então é gratificante, e o respeito é muito maior.
 
Célio Lúcio, zagueiro
 
Como eu trabalho na base e a gente viaja muito para o interior e outros estados do Brasil, a gente vê esse carinho especial do torcedor. O torcedor vem, abraça, às vezes chora, é até emocionante para a gente. Isso nos dá alegria maior, porque ficamos marcados no Cruzeiro para sempre. Não tem preço essa conquista da Libertadores. Conseguimos muitos títulos na década de 1990, mas a Libertadores marcou positivamente.}

Cleison, meio-campista

Título da Libertadores, realmente, foi sensacional. Como campeão da Libertadores, você muda de patamar. As pessoas te olham de outra maneira.Até hoje nos param na rua para comentarem desse título. O Cruzeiro não ganhava a Libertadores há muito tempo. Mudou tudo. Sou feliz demais por essa conquista. Agradeço a Deus por ter participado dessa conquista pelo Cruzeiro. Foi maravilhoso!

(Foto: Estado de Minas)
Fabinho, volante 

Eu nunca medi o peso disso. Eu gostava de jogar, ser campeão. Você não se dava conta de que era tão importante. Na época, você não tinha noção do feito. A meta era ganhar um campeonato, partir para outro, e ganhar também. Você não se dava conta da dimensão histórica. Hoje, que estou de fora, vejo como é difícil ganhar uma Libertadores, vejo a importância disso. Eu ganhei uma Libertadores, e isso muda o seu patamar. Em qualquer discussão de futebol, eu bato na mesa e digo: já ganhei Libertadores. Isso é uma honra que não tem dinheiro que compre. 

(Foto: Cruzeiro/divulgação)
Vitor, lateral-direito

 A Libertadores é muito marcante pelo tamanho da conquista. Todo mundo almeja, pela conquista em si e pela vaga no Mundial. É a competição que você demonstra qualidade do elenco, do treinador. A Libertadores é uma bagagem para o atleta. Então, para todos, é algo que ficou na história. 

* Colaboraram Bruno Furtado, Guilherme Macedo, Matheus Adler, Rafael Arruda e Tiago Mattar

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