O nadador Fernando Scheffer sentiu mais uma vez o que representa ser medalhista olímpico. Depois de ganhar a medalha de bronze nos 200m livre em Tóquio, na semana passada, ele teve recepção calorosa ao voltar ao Minas Tênis Clube, em Belo Horizonte, no início da tarde desta segunda-feira (2/8). Festejado por companheiros de equipe, dirigentes e principalmente pelos aspirantes a nadadores, ele se mostra consciente da responsabilidade que carrega a partir de agora.

"O carinho recebido é muito bacana. E no esporte a gente sabe que não é só o resultado que importa, mas o que você pode fazer pelas pessoas, a inspiração que você consegue gerar para os mais novos. Poder dar exemplo é o melhor para mim, mostrar que, apesar de todas as dificuldades, a gente pode realizar sonhos, atingir objetivos, crescer profissionalmente e como pessoa", diz o gaúcho de 23 anos, que, desde 2017, defende as cores azul e branca do Minas.

Ele ressalta que a conquista foi ainda mais especial devido à pandemia de COVID-19. Afinal, os clubes foram fechados para conter o contágio e deixou todo mundo assustado e sem a garantia de que seria possível retomar a vida normalmente.

"Todo mundo teve de se adaptar e nós, atletas, também. Mas também foi uma boa oportunidade para mostrar que mesmo sendo obrigados a mudar planos, é possível obter sucesso. Estamos mais fortes, deu tudo certo", declarou Scheffer. No período de isolamento social, o nadador chegou a treinar em um açude no interior de Minas e contou com ajuda de amigos para não ficar totalmente parado.

Scheffer está aproveitando o momento e curtindo alguns dias de descanso, mas não por muito tempo. Afinal, tem de se preparar para o Campeonato Brasileiro, na semana que vem, em Bauru (SP). Em seguida, em dezembro, disputará o Mundial em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes.

A rotina do nadador é dura. São ao menos duas horas de braçadas pela manhã e outras duas à tarde. Tem também horários reservados para musculação, fisioterapia e para a psicologia.

A parte mental, aliás, foi fundamental para a conquista da medalha em Tóquio.



 "Eu sempre fui muito competitivo e sempre treinei pensando no melhor, no pódio, na medalha. Mas quando cheguei ao Japão tirei a cobrança de cima de mim e só pensava em fazer uma boa prova, fazer tudo que treinei e o que viesse seria consequência. E cada vez que caí na água fui me sentindo melhor. Fui bem nas eliminatórias, nas semifinais. E quando cheguei à final, só pensava em fazer meu melhor, fazer a melhor prova da minha vida. Não pensei em resultado, em pódio, queria só fazer minha parte. E quando bati na parede e vi que tinha dado certo é que me dei conta que estava em uma final olímpica e que eu tinha conseguido pegar esta medalha. Então, fica um mix de sentimentos e uma sensação muito boa", contou.

Com o sentimento de dever cumprido, Fernando Scheffer agora passa a ser exemplo para outros nadadores do tradicional clube da capital mineira. Como Giulia Oliveira Carvalho, Nichelly Brandão Lysy e Fernanda Gomes Celidonio, todas de 18 anos e integrantes da equipe júnior do Minas.

Elas acompanham o agora medalhista olímpico no dia a dia de treinos e se emocionaram no reencontro com o companheiro de clube. "Ele merece a conquista pela dedicação nos treinos", disse uma das nadadoras.

Já o presidente do Minas, Ricardo Vieira Santiago, comemorou o investimento feito pelo clube. "A gente fica muito feliz com o desempenho de um atleta nosso voltar da Olimpíada com medalha. Scheffer é um espelho para nossa juventude, vai inspirar muitas gerações".

O gaúcho, radicado em Belo Horizonte, já começou a pensar no próximo ciclo olímpico, que será mais curto, de apenas três anos até os Jogos de Paris, em 2024. "A medalha vem para coroar nosso trabalho de tantos anos. Agora é preparar o planejamento para os próximos anos para que venham novas conquistas na próxima Olimpíada."