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Recordista em Tóquio, Carol Santiago ficou longe da piscina por 10 anos

Carol Santiago se tornou a primeira atleta brasileira a conseguir três ouros em uma única edição de Paralimpíada

03/09/2021 10:42 / atualizado em 03/09/2021 12:50
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Os Jogos Paralímpicos de Tóquio foram os primeiros da nadadora recifense, que até 2018 participava de competições convencionais, mesmo com a baixa visão
foto: Ale Cabral/CPB

Os Jogos Paralímpicos de Tóquio foram os primeiros da nadadora recifense, que até 2018 participava de competições convencionais, mesmo com a baixa visão

No dia em que Daniel Dias, o maior medalhista paralímpico do Brasil (27 medalhas), se despediu da natação, Carol Santiago venceu a final dos 100 metros peito na classe S12 (para deficientes visuais) e faturou o seu terceiro ouro nos Jogos de Tóquio. Com a terceira medalha dourada, a nadadora se tornou a primeira atleta brasileira a conseguir três ouros em uma única edição do evento.

Medalhistas do Brasil na Paralimpíada de Tóquio



Antes da pernambucana, Amintas Piedade (em Stoke Mandeville, 1984), Ádria Santos (em Sydney, 2000) e Therezinha (em Londres, 2012), todas do atletismo, já haviam conseguido conquistar dois ouros em uma única Paralimpíada. As três foram ultrapassadas por Carol.

A nadadora já havia atingido uma marca importante quando conseguiu sua primeira medalha dourada. Ela quebrou uma escrita de 17 anos sem brasileiras no topo do pódio paralímpico da natação. A última havia sido Fabiana Sugimori, que venceu os 50m livre S11, em Atenas.

O primeiro ouro de Carol veio na prova dos 50m livre da classe S13 (para deficientes visuais), com direito a quebra do recorde olímpico (26s82), e o segundo na disputa dos 100m livre S12. Ainda em Tóquio, Carol subiu ao pódio em outras duas oportunidades.

Ela foi bronze nos 100m costas e prata no revezamento 4x100m livre misto. As cinco medalhas vão render, para a nadadora, uma premiação em dinheiro de R$ 544 mil que serão concedidos pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB).

A mudança para o esporte paralímpico


Os Jogos Paralímpicos de Tóquio são os primeiros da recifense, que nadava competições convencionais até 2018. Carol tem baixa visão em consequência da síndrome Morning Glory, que provoca uma alteração na retina que diminui o campo de visão da pessoa.

Por não ter uma visão completa, ela fez a iniciação esportiva pela natação aos quatro anos por ser um esporte que demanda menos o uso do sentido da visão e porque é mais seguro por não provocar impactos.

Chegou a nadar até os 17 anos, mas acabou perdendo a visão por completo durante alguns meses por conta do acúmulo de água na retina. Ela voltou a enxergar parcialmente, mas resolveu parar de praticar o esporte e se afastou das piscinas por dez anos.

Ela voltou a nadar de forma competitiva quando já tinha 27, e hoje, com 36, fez a estreia em competições paralímpicas.

O sucesso de Carol nas piscinas de Tóquio já se desenhava no ciclo paralímpico. Ela foi ouro nos 50m e 100m livre, prata nos 100m costas e no revezamento 4x100m livre 49 pontos no Mundial de Londres'2019.

Além disso, foi soberana nos Jogos Parapan-Americanos de Lima'2019, conquistando quatro ouros nas provas de 50m livre, 100m livre, 100m costas e nos 400m livre.

Em junho, durante a seletiva paralímpica realizada no Centro de Treinamento Paralímpico em São Paulo, ela bateu o recorde mundial dos 50m livre ao completar a prova em 26s72. A marca anterior era da russa Oxana Savchenko, 26s90, feita nos Jogos Paralímpicos de Londres'2012.
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