Quase meio século depois, o Superesportes resgatou imagens raras do ídolo cruzeirense durante a recuperação no Texas, quando operou aos cuidados do médico Roberto Abdalla Moura, mineiro de Araguari, à época com 34 anos, que atendia no Hospital Metodista de Houston. O vídeo digitalizado do acervo da extinta TV Itacolomi, dos Diários Associados, é o sexto episódio da seção Um momento na história.
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O drama de Tostão começou em 24 de setembro de 1969. Em noite chuvosa de reabertura do Pacaembu, pela quinta rodada do Robertão, Tostão teve o olho esquerdo atingido de raspão pela bola chutada com violência pelo zagueiro Ditão. Já em BH, o jogador teve o triste diagnóstico constatado pelo oftalmologista Geraldo Queiroga: descolamento da retina.
Tostão recebeu a recomendação de operar em Boston ou Houston, mas optou pelo Hospital Metodista da cidade texana. A cirurgia durou três horas e 35 minutos. A recuperação durou 20 dias e Tostão voltou a Belo Horizonte saudado pelos torcedores, que ansiavam o retorno do ídolo aos gramados. Mas o drama ganhou novo capítulo no início de 1970, a poucos meses da Copa. Em 30 de janeiro, embarcou para exame de rotina em Hoston, mas uma inflamação no olho atrasou sua volta.
“Hemorragia adia volta de Tostão”, era a manchete do Estado de Minas de 7/2/1970. “Tostão sofreu uma hemorragia interna no olho esquerdo, provocada por uma alergia e teve de adiar sua viagem de hoje para a terça-feira que vem”, completava o jornal.

RETORNO AOS GRAMADOS

A volta aos gramados foi em 31 de março, em coletivo da Seleção aberto ao público, no Maracanã – a dois meses da estreia na Copa. Durante a aclimatação, ele sofreu um derrame na vista, mas dentro do previsto. “O Zagallo me chamou para ir ao México, depois de um treino, em Guanajuato, para saber se o homem jogava ou não jogava. Era período de inscrever os 23 jogadores e eu disse que ele estava pronto e só não jogaria por questões técnicas – o que era uma brincadeira da minha parte, pois eu sabia do talento dele. O Zagallo até me elogiou dizendo que eu era o primeiro médico que não ficava em cima do muro”, relembra Roberto.
Roberto acompanhou a Seleção em todos os jogos e, desde então, é amigo próximo do ex-jogador – que também se formou em medicina ao encerrar precocemente a carreira, em 1973, depois de novas complicações nos olhos. No México, Tostão brilhou. Com a camisa 9, marcou dois gols na vitória sobre o Peru, por 4 a 2, e sagrou-se tricampeão mundial.
