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Por onde anda? Kanapkis lembra drible de Ronaldo: 'Era impossível pará-lo'

Uruguaio, que defendeu o Atlético entre 1993 e 1994, admite que "fantasma" do Fenômeno sempre acompanha seu nome nas buscas da internet

01/11/2011 15:23 / atualizado em 01/11/2011 15:50
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Ronaldo deu trabalho para o defensor do Galo durante a partida em vários lances diferentes
foto: Arquivo/Estado de Minas

Ronaldo deu trabalho para o defensor do Galo durante a partida em vários lances diferentes

Na escola de grandes zagueiros do futebol uruguaio, Fernando Kanapkis tem destaque no início dos anos 90. Com a camisa do Nacional e da Celeste Olímpica, ele foi ídolo. Mas, a estrela da defesa da Selegalo não brilhou entre 1993 e 1994. Pior do que não repetir as boas atuações de outros tempos, como também foi o caso de jogadores do Neto e Renato Gaúcho, Kanapkis ainda ficou marcado por um lance protagonizado pelo então garoto Ronaldo, de apenas 17 anos, do Cruzeiro. Em um clássico disputado no dia 6 de março de 1994, no Mineirão, Ronaldo marcou os três gols da vitória por 3 a 1 da equipe celeste. Além disso, em um drible na lateral do gramado, cortou Kanapkis duas vezes, que chegou a cair no chão, na tentativa de parar o Fenômeno (veja o vídeo do lance).
foto: Arquivo/Estado de Minas
O lance ficou tão marcado que o uruguaio convive com esse fantasma até hoje, na internet. “Eu lembro porque, sempre que jogo meu nome na internet, aparece essa jogada, entre outras coisas. Foi uma jogada que eu realmente caí. Tentei me levantar o mais rapidamente possível... É o que eu falo sempre, os que não erram, são aqueles que não fazem nada. Dentro da minha confiança, eu sempre tentei marcar bem. Eu também vejo muitos jogadores que não crescem e não são ninguém porque não arriscam. Eu caí no chão, aconteceu... Ele era muito rápido. Por mais que fosse novo, já era um craque”, afirma ao Superesportes. Kanapkis ressalta que marcar Ronaldo era uma tarefa árdua para qualquer defensor. “Ronaldo, no mano a mano, era impossível marcar. Ele podia sair pela direita ou pela esquerda. Não tinha como marcar. Era preciso muito cuidado na defesa. Era um grande jogador e também um ótimo ser humano. Me lembro que, depois de um clássico, nos encontramos em uma cervejaria, que tinha torcedores de Atlético e Cruzeiro. Ele me viu, me abraçou. Já sabia que seria um grande jogador e uma grande pessoa”. Em 1994, o lance ficou marcado, já que Ronaldo ainda estava no começo da carreira e Kanapkis havia sido contratado como um zagueiro renomado do futebol sul-americano. O uruguaio era titular da sua seleção e, um ano antes, havia sido escolhido como o melhor da sua posição em todo o continente. O conceituado jornal “El País”, do Uruguai, colocou o defensor ao lado de outros craques como Valderrama, Rincón, Maradona e Muller na Seleção da América do Sul de 1993.

O encontro entre Kanapkis e Ronaldo em uma cervejaria da capital mineira foi o último entre os dois personagens do histórico clássico de 1994. “Essa foi a última vez que nos vimos. Mas sei que, uma vez, em um jornal, ele falou muito bem de mim”, afirma o zagueiro. Apesar de jovem, Ronaldo já era conhecido no Brasil e também fora. Kanapkis nega que tenha sido surpreendido pela habilidade e velocidade do camisa 9. “Já tinha visto o Ronaldo atuar pela Supercopa contra o Nacional em 1993. Ele fez uma ótima partida e decidiu o jogo”. Na memória do ex-zagueiro do Galo, Ronaldo ficou como um dos piores atacantes para se marcar, ao lado de outros craques. “Marcar Batistuta, da Argentina, era difícil. Era muito forte e goleador. Além dele, tem o Romário, Bebeto, Ronaldo e Medina Bello, que atuou no River Plate... São jogadores muito rápidos e fortes”, afirma. O fracasso de Selegalo
foto: Arquivo/Estado de Minas
Renato Gaúcho puxa a fila para Neto, Gaúcho, Luiz Carlos Winck, Adilson Batista, Valdir Espinosa e outros. Entre eles, Kanapkis fazia parte da Selegalo, que muito prometia, mas nada fez em campo. “Quando fui jogar no Atlético, montaram um supertime e, acontece que, quando se tem muitos bons jogadores, todos jogam para si. Não se joga em equipe. A partir disso, acho que atrapalha muito. Perdi muito esportivamente por causa disso. Era um time que tinha Neto, Gaúcho, Renato Gaúcho, Éder Aleixo, Luis Carlos Winck... Todos com nível de seleção. Era um supertime, mas, se não ganha nada, é um fracasso. Quando o Nacional me comprou, tive uma grande temporada”, recorda o uruguaio. Apesar da passagem apagada, Kanapkis garante que virou um atleticano após 1994. “Eu gosto muito do Atlético. Esse time tem raça, que é a característica do meu jogo. Eu tinha muita raça. Aqui no Uruguai, sempre fui torcedor do Nacional e todo mundo falava que meu estilo era mais do Peñarol. E no Atlético, encontrei um clube parecido com o Peñarol, de raça. O clube tinha uma estrutura muito boa, com bons jogadores, bons dirigentes e uma torcida que é um ponto a parte. É uma das maiores torcidas que já vi. Tinha prazer em vestir a camisa da Galoucura. Tenho muito carinho pelo Atlético, mas, tive um momento difícil no clube”. Respeitado no Uruguai Ao lado do ídolo Enzo Francescoli, Kanapkis era um dos grandes nomes do Uruguai nas Eliminatórias da Copa do Mundo de 1994. O zagueiro estava presente no histórico jogo da classificação do Brasil, no Maracanã, com show de Romário. “Era um grande sonho de ir para o Mundial. Mas, pelo menos, ficamos fora em um duelo contra a Seleção que foi campeã, que é o Brasil. Isso foi mais confortante para nosso time. Era uma Eliminatória muito difícil, diferente de agora, que é longa, com tempo de recuperação e muitos jogos”, lembra. “Entramos naquela partida com uma linha de cinco jogadores na defesa. A gente segurava o resultado mas não conseguíamos chegar ao gol do Brasil. Estávamos de olho no jogo entre Bolívia e Equador. Se o Equador vencesse, Brasil e Uruguai estavam classificados. Caso contrário, precisávamos ganhar do Brasil. A gente estava de olho...”, conta.
foto: Arquivo/Estado de Minas
Apesar de considerar que o Uruguai estava bem postado em campo, Kanapkis lamenta o final da partida e a desclassificação do seu país. “Faltando 15 minutos para acabar, Equador estava perdendo para a Bolívia. Fizemos uma linha de três na defesa e buscamos a vitória no jogo. A partir daí, em duas escapadas de Romário e Bebeto, eles fizeram dois gols. Trabalhamos bem na partida, mas o final não foi bom. O Maracanã estava lotado. Trabalhamos a partida com inteligência, mas, no fim, nos descuidamos atrás”. A vida hoje, como empresário Além de Atlético e seleção uruguaia, Kanapkis defendeu clubes como Fênix, Danúbio e Nacional, no Uruguai. Em solo argentino, ele teve boa passagem pelo Deportivo Mandiyú. Após a carreira de jogador, ele permaneceu no meio futebolístico e, hoje, é empresário de jogadores. “Moro em Montevidéu e joguei até 2004, em times daqui do Uruguai. Depois do Atlético, fui para o Nacional e também passei por equipes menores. Em 2003, entrei para a direção da Associação dos Jogadores Uruguaios e também sou empresário de jogadores. Também tenho uma escolinha de futebol, onde, principalmente, ajudo as crianças e também procuro alguns que possam ter possibilidade de crescer no esporte”, conta. Como empresário, o ex-zagueiro afirma que já tentou negociar jogadores com o Atlético, mas não conseguiu contato com os dirigentes do clube. A intenção era de oferecer dois goleiros para o Galo. “Já liguei algumas vezes para o Atlético, tentei contato mas não tive nenhuma respostas. Estou representando alguns jogadores. Lembro que o Atlético, há algum tempo, estava precisando de bons goleiros. Minha intenção era oferecer alguns, como o Aléxis Vieira, que hoje está na Colômbia e passou pelo Nacional. Também represento o Lerda, que é um goleiro jovem muito bom, da Argentina. Ele está no Fênix, de Montevidéu”, revela.
Relembre o lance que marcou Kanapkis no clássico

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