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Cristiano Nunes avalia reencontro com Coudet e mudança de cargo no Atlético

Preparador físico nas últimas duas temporadas, ele agora vai assumir a coordenação do setor, mesma posição ocupada quando trabalhou com técnico argentino

Cristiano Nunes agora vai coordenar a preparação física do Atlético
foto: Pedro Souza/Atlético

Cristiano Nunes agora vai coordenar a preparação física do Atlético

 
Peça fundamental da comissão técnica na visão da diretoria, Cristiano Nunes terá novo cargo a partir do início da pré-temporada do Atlético. Com a chegada do técnico Eduardo Coudet, que vai trazer para os clubes os preparadores físicos Octávio Manera e Guido Cretari, Cristiano assumirá a coordenação do setor no Galo. 
 
Em entrevista exclusiva ao Superesportes, Cristiano Nunes comentou a mudança de cargo no clube. Ele explicou que já trabalhou na função, exatamente com Eduardo Coudet, em 2020, no Internacional. Ele abordou os principais pontos da nova função no Galo.
 
Cristiano também falou sobre a relação de trabalho com Coudet e agradeceu a diretoria do Atlético pela confiança em seu trabalho. Recentemente, o clube trocou de treinador algumas vezes, mas nunca abriu mão do trabalho do preparador físico na Cidade do Galo.
 

Veja abaixo os principais pontos da entrevista exclusiva

 
Superesportes: Com a chegada do Coudet, você passará a ocupar um cargo de coordenação no Atlético. Poderia nos explicar mais sobre essa nova função? 
 
Cristiano Nunes: Esse cargo de coordenação da preparação física, não é a primeira vez que ocupo. Já tinha trabalhado neste cargo em 2020, no Internacional. O cargo tem como objetivo dar todo o suporte para que os preparadores físicos possam executar a ideia, a metodologia que eles têm, bem definida dentro dos treinamentos. É você poder oferecer todas as informações necessárias sobre o elenco, pelo fato de você já conhecer o elenco, ter trabalhado com o elenco, ter muitos dados sobre o desempenho desses atletas ao longo de alguns anos. 
 
E você poder oferecer essa gama de informações para que os preparadores físicos que estão chegando, o Octávio e o Guido, que são excelentes profissionais, possam ter os atalhos para que a otimização das atividades propostas aconteça. Ou seja, que eles possam ganhar tempo à medida que eles vão receber uma gama bastante grande, com muitos detalhes sobre o atual elenco do Galo. 
 
Uma outra situação importante é fazer esse link entre as áreas de apoio. Nós sabemos que o desempenho dos atletas não está relacionado apenas à atividade técnica e às atividades físicas. Existe uma gama de profissionais trabalhando paralelamente e dando todo o suporte para que o desempenho dos jogadores aconteça em sua plenitude. As áreas de apoio como a nutrição, a fisiologia, o departamento médico... algumas equipes trabalham com questões emocionais, questões mentais. 
 
É você fazer um link dessas áreas para que os preparadores físicos e a comissão técnica que está chegando possam estar municiados de informações de todas essas áreas de apoio. É muito importante o fato de conhecer o aspecto físico desses jogadores para que o trabalho ocorra de uma forma tranquila e as atividades propostas pela equipe técnica que está chegando possa atingir os seus objetivos, possa fazer com que o atleta tenha todas as condições de desempenhar o seu rendimento em sua plenitude.
 
SE: O Coudet é reconhecido por exigir muito de seus elencos. Vocês tiveram a oportunidade de trabalhar juntos no Inter em 2020. Quais serão as características desse novo trabalho físico no Atlético, dentro daquilo que você já pode adiantar? Você vê o elenco do Galo preparado para o nível de exigência nesse sentido? Acredita que a média de idade pode pesar negativamente?
 
CN: Não só o Coudet, mas toda a sua equipe, e eu trabalhei com todos eles. Eles exigem bastante de seus atletas, exigem que seus atletas rendam no dia a dia no seu limite e consigam transportar isso para os jogos. Hoje, o futebol de alto rendimento, o futebol de alto nível, e uma equipe grande, com investimentos e com o plantel como é o do Galo, a cobrança é muito grande, a exigência é muito grande e a necessidade de resultados é muito grande. 
 
O Coudet tem, como característica, essa exigência, esse comando e cobrança muito forte, sempre com muito respeito às individualidades, com muito respeito às respostas que os atletas estão dando. Porém, com o máximo de concentração, dedicação e profissionalismo, para que eles possam, de forma individual e coletiva, corresponder à altura.

Em relação à média de faixa etária do Atlético, é evidente que os atletas mais experientes, de idade mais avançada, precisam de cuidados especiais. É diferente a resposta, a recuperação de um atleta muito jovem e um atleta de idade mais avançada. Porém, os grandes exemplos que temos em nosso elenco, começa com esses atletas. 

Vou citar como exemplos do Hulk, do Réver, do Junior Alonso, do Igor, que neste momento está lesionado, que são atletas que têm uma idade mais elevada, porém são exemplos dentro de campo. Eles se dedicam, são extremamente concentrados, chegam bem antes do horário marcado para as atividades, para realizar todos os preventivos para ter uma longevidade ao longo da temporada, passar o ano quase que de forma ilesa, sem nenhuma interrupção. Eles procuram sempre estar aptos para jogar e desempenhar o seu futebol, aptos para as decisões e para o comando da equipe técnica. 

Isso facilita o trabalho dos profissionais que estão à frente do Atlético. Você ter os atletas mais experientes dando exemplo, esses atletas puxando a fila, vamos dizer assim, isso facilita o trabalho com os demais. Eles olham para esses jogadores e começam a refletir: 'Se esses jogadores que ganharam tudo, se dedicam ao máximo, ao extremo, para dar o seu melhor, como eu, atleta mais jovem, não vou fazer a mesma coisa?'. Isso facilita o trabalho das equipes técnicas que estiveram aqui e vai contribuir com o trabalho do Coudet. 

Cristiano Nunes já trabalhou com o técnico Eduardo Coudet
foto: Pedro Souza/Atlético

Cristiano Nunes já trabalhou com o técnico Eduardo Coudet


SE: Como é para você ver o clube negociar com treinadores, como aconteceu recentemente, e não abrir mão do seu trabalho? 

CN: Isso é muito gratificante, ter esse reconhecimento por parte de toda a direção do Clube Atlético Mineiro. É muito gratificante. Me sinto honrado pela confiança que foi adquirida ao longo das duas últimas temporadas. Existe uma relação de muita transparência, não só no momento de êxito, não só nos momentos onde a equipe conseguiu os resultados almejados, mas também nos momentos difíceis que passamos juntos. 

Os profissionais que hoje têm o comando do Atlético estão sempre municiados de informações sobre o rendimento dos jogadores no tocante à questão de seu desempenho, não só de forma individual, mas também coletiva. Isso fez com que essa confiança, essa segurança, no profissional, e também na pessoa do Cristiano, ficou bastante evidente. Estou muito feliz no Atlético. 

Nos dois anos que estive à frente da preparação física e agora como coordenador. Vou me dedicar ao máximo para que a gente volte na próxima temporada com força total, com foco, muito concentrado nos objetivos, voltar a brigar pelos títulos. Neste ano, principalmente no segundo semestre, deixamos um pouco a desejar, e precisamos retomar o quanto antes. Tenho certeza que, com essa relação de direção e comando técnico, linkado aos atletas, temos totais condições de fazer uma grande temporada. 

Cristiano Nunes em treino na Cidade do Galo
foto: Pedro Souza/Atlético

Cristiano Nunes em treino na Cidade do Galo


SE: Além do trabalho na preparação física, você também é um motivador do elenco, como a gente vê em vídeos divulgados pelo clube. Como você desenvolveu esse estilo de abordagem e percebeu que poderia ser útil na sua carreira?

CN: Na verdade, isso me acompanha desde o início da minha carreira como preparador físico. Iniciei na Ponte Preta, sou natural de Campinas, e desde o primeiro jogo sob o meu comando como preparador físico existe uma fala inicial antes do atleta entrar em campo, na tentativa de extrair o máximo do jogador durante os 90 minutos. 

Não necessariamente isso é um fator que possa influenciar diretamente no rendimento dos jogadores, contribuir para um resultado positivo, mas é algo que me acompanha desde o início da minha carreira. 

Eu sou um mau perdedor, não gosto de perder, e quero ver o meu atleta com esse sentimento. De querer a vitória, de querer o resultado positivo, de buscar a vitória o tempo todo. Por isso, trago essa palavra um pouco antes do atleta entrar. Sempre fui assim. Todos os jogos realizei essa mesma dinâmica. 

Se isso tem uma contribuição ou não, eu não entro nesse mérito. Se isso ajuda ou não o desempenho do jogador, não tenho nenhuma formação em coach, não tenho nenhuma formação na questão emocional, porém o meu desejo naquele momento é que o atleta se sinta muito à vontade, com o coração fervendo e os olhos fervendo, na tentativa de entrar para dentro daquelas quatro linhas como sendo os últimos 90 minutos da sua carreira como futebolista. Que se doe ao máximo, que se dedique ao máximo. Esse é o grande objetivo. Fora isso, é simplesmente uma dinâmica que eu costumo realizar antes dos jogos iniciarem.

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