Diretoria do Atlético pretende detalhar SAF ao Conselho em 45 dias

O Atlético vem trabalhando nos bastidores a transformação do clube em Sociedade Anônima do Futebol (SAF). O sigilo nas negociações, no entanto, vem irritando a torcida alvinegra. Nas últimas semanas, os protestos com pedidos de transparência aumentaram. 

Mas a diretoria tem um prazo para detalhar a SAF ao Conselho Deliberativo e, consequentemente, ao torcedor. De acordo com Rafael Menin, membro do órgão colegiado do Atlético, a tendência é de uma nova reunião em até 45 dias.

"É muito complexo, muitas nuances, muitos detalhes. Já foi feita uma primeira reunião com o conselho (7 de dezembro), com aspectos mais gerais. A gente acha que teremos condição de apresentar, com mais detalhes para o conselho, em 45 dias", disse Menin em entrevista ao Canal Bica Galo.

Menin revelou que o Atlético deve ter pouco menos de 40% das ações da SAF. Desta forma, o clube pretende que o Conselho siga tendo voz ativa.

"A gente procurou fazer no Atlético uma SAF onde o Conselho, representante da torcida, tivesse uma representatividade muito importante. O clube, no desenho que foi feito, vai ter perto de 40% da SAF. É um modelo muito diferente dos outros clubes".

A reação da torcida em relação a proposta que será revelada ao Conselho pode barrar a venda das ações da SAF do Atlético. Na visão de Rafael Menin, caso o torcedor alvinegro não entenda que a negociação é boa para o clube, o Conselho Deliberativo não votará para a venda. 

"Quem é dono do Atlético é a torcida. O Atlético tem nove milhões de donos. E o conselho é o representante da torcida. Essa transação só será executada se a torcida, tendo o conselho como representante, entender que é boa para o Atlético. Se o Atlético, conselho e torcida entenderem que não é boa, não tem SAF. Não temos nenhuma dúvida de que o conselho vai escutar a torcida", disse, completando. 

"Vamos fazer com calma, apresentando para torcida, imprensa, conselho, para tentar chegar a um modelo que atenda todo mundo. Se a torcida não entender que é bom para o Atlético, não tem transação", concluiu.

As empresas EY e BTG Pactual conduzem as tratativas com os interessados. Já houve ofertas, mas o Galo ainda não fechou negociação com nenhum fundo de investimento.

Assim que o Atlético estiver em posse da proposta que julgar satisfatória, a diretoria submeterá as condições documentadas ao Conselho Deliberativo para aprovação.

O Atlético busca um comprador para resolver os principais problemas financeiros e com o objetivo de manter a competitividade em campo. 

O empresário estadunidense Peter Grieve, presidente da The Football Co., surgiu no fim do ano passado como o possível investidor da proposta que deve ser levada à votação no Conselho Deliberativo do clube até março.

Nos últimos meses, o Atlético também ouviu outros interessados, mas a tendência de momento é que a proposta escolhida para levar aos conselheiros seja a de Peter Grieve. A expectativa é que o processo de transição para a SAF se inicie ainda no primeiro semestre deste ano.