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TRAGÉDIA

Tetracampeão gaúcho como jogador, Caio Júnior buscava maior título da carreira como técnico

Aos 51 anos, treinador almejava junto com a Chapecoense o troféu da Sul-Americana

postado em 29/11/2016 19:00 / atualizado em 29/11/2016 19:56

Divulgação/Chapecoense
Uma das 71 vítimas fatais do acidente aéreo ocorrido na Colômbia nesta terça-feira, Luiz Carlos Saroli, mais conhecido como Caio Júnior, vivia sob o comando da Chapecoense uma das melhores fases de sua carreira de técnico, iniciada em 2000 no Paraná, clube que também defendeu como jogador. Embora tenha conseguido alguns feitos em outros times como treinador, era na equipe catarinense que ele estava em busca do seu maior título até então como comandante.

Aos 51 anos de idade, Caio Júnior almejava junto com a Chapecoense o título da Copa Sul-Americana, cujo primeiro jogo da final seria nesta quarta-feira, contra o Atlético Nacional, em Medellín.

Campeão baiano no comando do Vitória em 2013 e dono de outras conquistas de pouca expressão no cenário internacional em times do futebol árabe, onde dirigiu três diferentes clubes, ele estava à frente da equipe que realizava uma campanha surpreendente na Copa Sul-Americana e no próprio Campeonato Brasileiro. Após assumir o clube durante o final do segundo mês de disputa da competição nacional, ele terminou a penúltima rodada na nona colocação, um posto ótimo para um modesto clube do interior catarinense.

Contratado em junho deste ano, após deixar o Al-Shabab, dos Emirados Árabes Unidos, Caio Júnior teria a chance de conquistar o maior feito de um time na história do futebol de Santa Catarina, sendo que o título da Sul-Americana levaria a Chapecoense à Copa Libertadores, objetivo impensável até pouco tempo atrás.

Após iniciar a sua carreira como técnico no Paraná, no qual ficou entre 2000 e 2003, Caio Júnior só começou a ganhar maior projeção nacional em 2005, em sua segunda passagem à frente do pequeno Cianorte, quando surpreendeu o Corinthians com uma vitória por 3 a 0 no jogo de ida da segunda fase da Copa do Brasil.

Embora depois tenha caído por 5 a 1 no confronto de volta do mata-mata com o time paranaense, em São Paulo, o treinador começou a provar a sua competência na função e voltaria a conquistar um feito expressivo em 2006, em sua segunda passagem pelo Paraná, quando levou o time pela primeira vez em sua história à Copa Libertadores, fruto do quinto lugar obtido no Campeonato Brasileiro daquele ano.

O bom trabalho acabou chamando a atenção do Palmeiras, que o contrataria no final de 2006. Ironicamente, porém, ele foi demitido 12 meses depois, em muito por ter fracassado na tentativa de levar a equipe alviverde justamente para a Libertadores.

Outro clube grande dirigido pouco depois por Caio Júnior foi o Flamengo, em 2008, mesmo ano em que também comandou o Goiás. Na equipe goiana, conseguiu ir às oitavas de final da Copa do Brasil, voltando a cair diante do algoz Corinthians, que desta vez reverteu com um 4 a 0 um placar adverso de 3 a 1 no duelo de ida.

Contratado pouco depois pelo Flamengo, após uma vexatória eliminação da Libertadores diante do América do México, no Maracanã, o treinador voltaria a pagar o preço por não conquistar vaga na competição continental. Após terminar o Brasileirão de 2008 em quinto lugar, posto que naquele ano não dava vaga nem na fase preliminar da competição continental, ele foi demitido no final daquela temporada.

A partir dali, Caio Júnior começaria a sua experiência internacional como técnico em 2009, quando assumiu o Vissel Kobe, do Japão, antes de ir para o Al-Gharafa, do Catar. Em seguida, já com uma carreira mais consolidada, passaria pelo comando de Botafogo, Grêmio, Al-Jazira, dos Emirados Árabes, Bahia, Vitória, Criciúma, Al-Shabab e finalmente a Chapecoense. No Vitória, por sinal, ganhou o seu único título no futebol brasileiro como treinador, com a conquista estadual de 2013.

Carreira como jogador


Formado pelas divisões de base do Cascavel, time paranaense que leva o nome da cidade onde nasceu, Caio Júnior começou a sua carreira profissional com a camisa do Grêmio, em 1985, ano em que já se destacou como artilheiro da campanha que resultou na conquista do Campeonato Gaúcho, fazendo 15 gols. Em seguida, o então meia-atacante também ajudaria o time a ser tricampeão estadual com os títulos de 1986 e 1987.

O bom futebol com a camisa gremista o permitiu iniciar a sua carreira internacional naquele mesmo ano de 1987, quando foi contratado pelo Vitória de Guimarães, pelo qual conquistou a Supertaça de Portugal em sua primeira temporada pelo clube. Ele ficaria neste clube até 1992, quando foi contratado pelo Estrela Amadora, também do futebol português, que ele só foi deixar em 1994, quando voltou ao Brasil para vestir a camisa do Internacional.

E, pelo arquirrival do seu primeiro time como profissional, voltou a ser campeão gaúcho já em 1994, antes de uma última passagem pelo futebol português com a camisa do Belenenses, em 1995. Depois disso, perambulou por times de menor expressão no Brasil, como Novo Hamburgo, Paraná, XV de Piracicaba, Paulista, Iraty e Rio Branco. Pelo Paraná, conquistou seu último título como jogador, em 1997, quando foi campeão estadual, menos de uma década antes de se consagrar como técnico do time.

Mas, independentemente dos feitos obtidos como técnico ou jogador, o certo é que o trágico acidente desta terça-feira encerrou uma trajetória de 31 anos seguidos de Caio Júnior no futebol profissional.

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