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TRAGÉDIA

Torcedores da Chapecoense enfrentam frio, fome e cansaço em vigília na Arena Condá

Objetivo é homenagear aqueles que fizeram a cidade de Chapecó sonhar alto

postado em 30/11/2016 09:32 / atualizado em 30/11/2016 16:51

RODRIGO FONSECA / EM DA PRESS


Rodrigo Fonseca
Enviado especial a Chapecó

Eles não arrastam o pé da Arena Condá. É uma jornada que ainda pode durar alguns dias. Encaram o frio da madrugada, a fome, o cansaço. Mas não desistem. Cerca de 30 torcedores da Chapecoense fazem uma vigília no estádio desde as primeiras informações sobre o desastre com o avião do clube, que vitimou 71 pessoas, entre atletas, dirigentes, jornalistas e tripulantes da aeronave.

Com autorização da diretoria da Chape, os torcedores se instalaram no estacionamento da Arena Condá. Em barracas, em simples cadeiras de plástico ou até mesmo no chão, o objetivo é homenagear aqueles que fizeram a cidade de Chapecó sonhar alto. A equipe viajava para a Colômbia para a disputa da final da Copa Sul-Americana, contra o Atlético Nacional. A poucos quilômetros de Medellín, na madrugada de terça-feira, o avião da Lamia caiu.

Kassio Gabriel Ferreira, estudante de 14 anos, assim que recebeu a notícia correu para a Arena. "Foi chocante, porque eles eram como uma família, eles nos representavam. Era uma gurizada muito humilde", diz.

Não levaram quase nada para o local. A temperatura de 13º C não intimidou. "Tínhamos uma barraca para todos. A gente ficou junto, abraçados, um do lado do outro para vencer o frio", conta.

Contra a fome, a solidariedade da população de Chapecó. "Restaurantes e padarias nos enviaram comida. Não faltou ajuda", diz a estudante Damares Ferreira, de 18 anos.

Mas há ainda o cidadão comum, que trabalhou até de madrugada e acordou com o desejo de amparar os torcedores em vigília no estádio. Everton de Morais é caixa de um restaurante. Dormiu tarde, deixou a cama cedo, comprou pastéis e refrigerantes. "Acompanhei a maratona deles pela madrugada na TV. Pensei que poderia ajudar de alguma forma. Comprei o melhor pastel da cidade e trouxe."

Chape eterna

Damares Ferreira tenta entender o que aconteceu: "Não sei dizer o meu sentimento. Tem momentos que me imagino voltando à Arena e não vou mais torcer por eles. Mas não quero pensar no futuro agora. Não sei o que vai ser da Chapecoense. Mas jamais vamos abandoná-la".

A promessa é de também não deixar a Arena Condá até que os corpos das vítimas do acidente deixem a Colômbia e cheguem a Chapecó, o que só deve acontecer entre os dias 1 e 2 de dezembro. Até lá, orações, silêncio e solidariedade.

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