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FUTEBOL DE LUTO

Até então, empresa aérea que realizou voo não tinha problemas

Avião da Lamia tinha 17 anos e não havia registro de incidentes. Companhia era indicada pela Conmebol para vários times por oferecer preços mais baixos

postado em 30/11/2016 06:00 / atualizado em 30/11/2016 10:44

Twitter/Reprodução da internet

A Linha Aérea Mérida International Aviation Company Limited, ou LaMia, foi criada em Mérida, na Venezuela, em 2009, ano em que recebeu a sua primeira aeronave, um ATR 72 212 A. A companhia operou uma pequena frota de aviões regionais até deixar de voar em 2013. No ano seguinte, ressurgiu na Bolívia. Atualmente, a empresa operava com dois aviões British-Aerospace BAe-Avro 146, de quatro reatores, que deixaram de ser fabricados em 2001. Um tem 16 anos e o outro, que levava o time da Chapecoense até Médelin, na Colômbia, 17 anos.

No site da companhia, ela se apresenta como especializada em serviços aéreos e comerciais, transporte regular de passageiros, transporte de carga tanto nacional quanto internacional – de entidades privadas e governamentais em aviões e helicópteros aprovados pela autoridade aeronáutica da Bolívia. Há ainda garantias de “tripulações qualificadas”, treinadas semestralmente pela Swiss Aviation. Mas de voos turísticos a LaMia foi se especializando em voos charter para equipes de futebol da região.

Avião em BH Recentemente, a mesma aeronave acidentada na noite de segunda-feira esteve em Belo Horizonte, transportando a seleção da Argentina, que no último dia 10 jogou contra o Brasil pelas Eliminatórias da Copa de 2018 e perdeu de 3 a 0. Entre os principais clientes da companhia estão, atualmente, o Atlético Nacional da Colômbia – time contra o qual o Chapecoense disputaria o título da Copa Sulamericana –, a Seleção da Venezuela, o The Strongest (Bolívia), o Olimpia (Paraguai) e o Fénix (Argentina).

A LaMia ainda costuma alugar aeronaves para empresas de exploração mineral e de petróleo. A Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) recomenda a contratação da companhia por oferecer os preços mais baixos do mercado.

DIFERENCIAL
O modelo usado pela LaMia foi um dos principais jatos regionais das décadas de 1980 e 1990, mas já não era produzido desde 2002. De origem britânica, o Avro RJ85 nasceu como British Aerospace 146 e tinha uma configuração original, com asas altas e quatro pequenos motores turbofans sob as asas, além de capacidade para transportar de 70 a 100 passageiros.

Um dos seus diferenciais é operar em pistas curtas, característica necessária para regiões com pouca infraestrutura aeroportuária ou mesmo montanhosa, como o local do acidente da noite de segunda-feira.

A aeronave que transportava a delegação catarinense foi fabricada em 1999 e entregue originalmente para a companhia regional americana Mesaba. Em 2007 a unidade foi repassada para a empresa irlandesa CityJet e chegou a voar com as cores da Air France. Em 2013, foi comprada pela LaMia para operar na Venezuela. No ano passado, passou a voar na Bolívia.

Durante 23 anos foram produzidas 387 unidades da aeronave, e a linha de montagem foi encerrada em 2001, época em que novos jatos como o brasileiro E190, mais econômicos e modernos, tornaram o modelo inglês caro para esse tipo de operação. No Brasil, inclusive, o jato chegou a voar na extinta companhia regional Taba, que operava na região amazônica. No começo dos anos 1990, a companhia Air Brasil, do grupo mineiro Líder Aviação, chegou a trazer ao país duas unidades para início de operação, porém, o projeto foi cancelado.

De acordo com o National Transportation Safety Board (NTSB), responsável pela investigação de acidentes aéreos nos Estados Unidos, apenas dois incidentes com a aeronave Avro RJ85 foram registrados nos últimos anos: um em Oklahoma, em 2005, e outro em Norwich (Inglaterra), em 2013. Não há informações sobre mortes nestes incidentes. (Com agências)



Tragédias nos ares

Confira alguns dos mais graves acidentes aéreos da história do futebol

  • 1949 – Torino: avião caiu em 4 de maio, nas proximidades de Turim, na Itália. O acidente fez 31 mortos, entre eles 18 jogadores.
  • 1958 – Manchester United: o avião bateu em um muro em Munique. Vinte pessoas que estavam a bordo, entre elas oito jogadores, morreram.
  • 1960 – Seleção da Dinamarca: oito jogadores da Seleção Dinamarquesa foram vítimas de um acidente aéreo em Kastrup, próximo a Copenhague.
  • 1961 – Green Cross: avião em que estava o time chileno se chocou contra a Cordilheira dos Andes. Foram 24 mortos.
  • 1969 – The Strongest: a delegação do clube boliviano desapareceu em voo que partiu de Santa Cruz de La Sierra e deveria chegar em La Paz. O avião caiu na região de Viloco. Foram 74 mortos.
  • 1979 – Pakhtakor Tashkent: o avião levava a equipe uzbeque do Pakhtakor Tashkent para Minsk. Enquanto sobrevoava a Ucrânia, a aeronave chocou-se com outro Tupolev Tu-134 da Aeroflot. Todas as 178 pessoas a bordo dos dois aviões morreram.
  • 1987 – Alianza Lima: o avião caiu no litoral peruano e todos os jogadores e a comissão técnica morreram. Ao todo, foram 43 mortes.
  • 1989 – Colorful 11: grupo de jogadores descendentes de surinameses que atuavam da Holanda formaram um time, o Colorful 11, para participar de um amistoso no Suriname. O avião caiu durante a aproximação para o aeroporto de Paramaribo. Dos 178 a bordo, 11 sobreviveram, incluindo três jogadores.
  • 1993 – Seleção da Zâmbia: o avião caiu na costa do Gabão. Todas as 30 pessoas a bordo morreram.