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CHAPECÓ

Prefeito de Chapecó anuncia modernização da Arena Condá e memoriais de Medellín e das vítimas

Em entrevista na manhã desta segunda-feira, Luciano Buligon conta que agradeceu até ao cão labrador, primeiro ser vivo a chegar no local da tragédia com o avião

postado em 05/12/2016 17:59 / atualizado em 06/12/2016 10:37

Breno Fortes/CB/D. A Press

Enviado especial


Chapecó (SC) - O prefeito de Chapecó, Luciano Buligon, anunciou na manhã desta segunda-feira, na prefeitura da cidade do oeste catarinense, as primeiras medidas para elevar a autoestima do povo marcado pela maior tragédia do município de 210 mil habitantes. Ele prometeu contruir uma praça em homenagem à cidade de Medellín e quer modernizar a Arena Condá, casa dos jogos do clube, de 19 mil para 40 mil pessoas por meio de uma parceria público privada.

Questionado se pretende fazer um memorial em homenagem às vítimas do acidente aéreo com o voo que transportava as vítimas, Luciano Buligon respondeu que sim. A ideia é construir o museu dentro da nova Arena Condá. Na entrevista coletiva na sede da prefeitura, ele também relatou momentos duros vividos na Colômbia, como na caminhada até o local da tragédia, no meio da mata. "Agradeci até ao primeiro ser vivo que chegou lá no dia do acidente: um cão labrador que fez a trilha para as equipes", emocionou-se o político, que fez um pedido a todos que diga ao menos para uma pessoa, hoje, a frase: "Eu te amo".

A seguir, trechos da entrevista coletiva de Luciano Buligon.

» Missão cumprida

Quem estava na Colômbia, foi um pai, uma mãe, um irmão, tentando resolver um problema de família. Por acaso, esse alguém era o prefeito de Chapecó. A primeira missão era trazer os corpos para aliviar minimamente a dor dos entes. Isso se concluiu desde que o primeiro Hércules pousou aqui em Chapecó. Ali eu terminei a missão de um pai. E começou uma segunda, que é como nós podemos reerguer a nossa Chapecoense. A valorização da nossa família, da nossa cidade e a valorização da cidade de Medellín

» Memorial

A ideia é transformar uma praça de Chapecó em cidade de Medellín. Uma lei veta, mas vamos revogá-la. Queremos criar uma carta em bronze com a história de Medellín. Seria um monumento dando ao nome da praça. A praça se chamaria Cidade de Medellín. Eu quero fazer uma nova praça.

» Socorro financeiro

A Chapecoense sempre teve uma parceria conosco. A Arena Condá é um patrimônio público. Vamos manter do jeito que está. Eu posso assegurar a vocês que quero ajudar. Vou continuar buscando parceiros para reestruturar a arena. Vamos fazer isso de uma forma até mais grandiosa. Defendo que nós busquemos parceiros e parcerias. Para melhorar a Arena Condá, no sentido de transformarmos em uma arena multiuso, mais moderna. Vamos ampliar a arena. Nós precisamos melhor a nossa autoestima e fazer a nossa parte. Além disso, precisamos tratar da felicidade das pessoas.

» A viagem de volta

Eu vinha orando, rezando, pensando na minha família. Refletindo na minha vida. A minha intenção quando os aviões pousaram era ir para casa, tomar meu banho, abraçar os meus filhos, escovar os dentes e dormir. Mas eu precisava ir em frente.

» Sobreviventes

Os feridos estão muito bem cuidados. Eles vão ser recebidos como heróis quando deixarem a cidade.

» Críticas

Não sou perfeito. Já dei um pau na diretoria do Inter. Um clube gigante com uma adminitração de várzea.

» LaMia

Qualquer coisa em relação a isso é infinitamente menor do que o que a gente sente. Houve erro, houve. Vai ser punido, vai. Na Colômbia, há rigor na aplicação da lei. Fiquem tranquilos que eles vão receber a pena que a lei impõe. Mas isso não me conforta. Não traz a vida de volta.

» Gratidão

O primeiro ser que chegou lá foi um cão labrador que fez a trilha e chegou lá. Eu agradeci ao cachorro.

» A entrada na Arena Condá

Eu entro dentro daquela arena desde 1993. Vi vitória, derrota, saí alegre, feliz. Eu nunca havia entrado da forma que entrei. Eu não queria nem ir, mas eu sentia que as pessoas queriam que eu fosse. Fiz o papel de um pai que foi buscar um filho morto e estava devolvendo às famílias. Depois daquilo, eu comi um cheeseburguer sentado de bermuduão e camiseta com a família. Meu filho agradeceu por eu não ter viajado. À noite, comi um frango com arroz, mas não consegui tomar um vinho. No domingo, fui a um açougue, fiz um churrasco, assisti a um filme de Pets, uma animação e fui dormir só de madrugada. Foi a minha rotina depois que eu voltei.

» Quando achou que não ia aguentar...

Quando eu subi no caminhão do bombeiro para abrir o cortejo, uma senhora, na saída do aeroporto, soltou o celular e o guarda-chuva, olhou pra mim e disse: "muito obrigado". Ali, eu pensei que não fosse aguentar. Quando eu arranquei do caminhão e ouvi isso, eu sinceramente achei que eu não chegaria na Arena Condá. Na Colômbia também, coloquei a mão direita no peito e curvei a cabeça para chorar. Foi como uma mãe agradecendo a devolução de um filho morto.

» Autoestima da cidade

Nós vamos dar uma grande demonstração de união. Vamos saber capitalizar isso. Vamos entender o grande legado da Chapecoense, que é uma administração responsável. Vamos superar esse momento com uma energia irrefreável.

» Ampliação da arena e Memorial das Vítimas

A minha concepção é fazer uma participação público privada (PPP). Quero ampliar de 19 mil para 40 mil. Precisamos criar um museu, um memorial das vítimas, que valorize os legados, mitos, lendas. Não podemos deixar esses legados de fora. Lá dentro da arena, nós precisamos de uma PPP. Eu trouxa várias recordações que vamos usar na museu. Soltem a imaginação e nos ajudem.

» Recado ao povo brasileiro

Abrace o pai de vocês. Diagam a todos que vocês os amam. Esse é o único valor que nós temos. No mais, problemas são para serem enfrentados. Ouça o seu coração, que alguém vai te dizer alguma coisa. Estou tirando férias a partir do dia 9 e volto depois do dia 30 para tomar posse.

Veja o vídeo da entrevista:

Tags: medellin viagem despedida choro prefeito chapeco Luciano Buligon