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Professor mineiro realiza sonho do pai e vai à quinta Copa do Mundo seguida

Estudioso do futebol, Leandro Cordeiro embarca para o Catar na próxima segunda. "Quando termina uma Copa, começo a me preparar para a próxima".

22/11/2022 18:22
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Leandro no Estádio Ellis Park, em Joanesburgo, durante a Copa da África do Sul, no jogo Brasil x Chile.
foto: Arquivo Pessoal

Leandro no Estádio Ellis Park, em Joanesburgo, durante a Copa da África do Sul, no jogo Brasil x Chile.

A ida a uma Copa do Mundo é a realização de um sonho. Para o professor universitário mineiro Leandro Batista Cordeiro, que embarca na próxima segunda-feira (28/11), rumo ao Catar,  a viagem é a realização de um sonho. Mas, de outra pessoa, do pai dele, já falecido, que era apaixonado por futebol.

Com a viagem ao país do Oriente Médio, Leandro, que chegou a tentar carreira no futebol profissional, vai assistir a quinta Copa do Mundo seguida de perto.  Ele conta que o pai dele, o professor de matemática Egidio Cordeiro, faleceu em 2003 sem conseguir realizar o sonho de ir ver uma Copa de perto, e que tinha a ideia de estar no Mundial da Alemanha, em 2006.

“Fiz  uma promessa de estar presente em todas as Copas do Mundo, após o falecimento do meu pai, que era um sujeito apaixonado pelo futebol. Essa paixão foi transferida para mim e meus irmãos”, afirma Leandro Cordeiro, que é natural de Montes Claros, e hoje trabalha como professor de Educação Física da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), em Diamantina, na região Central do estado. Na mesma instituição trabalha a mulher dele, Cláudia Niquini, que também viajará para o Catar.

O professor universitário já assistiu aos jogos de outras quatro Copas do Mundo: de 2006 (Alemanha), 2010 (África do Sul), 2014 (Brasil e de 2018 (Rússia).

 

Leandro com a esposa, Cláudia, na Copa do Mundo da Rússia, em 2018
foto: Arquivo Pessoal

Leandro com a esposa, Cláudia, na Copa do Mundo da Rússia, em 2018

“Quando estou em um Mundial, sinto que estou realizando também o sonho do meu velho pai, ou seja, um sentimento de gratidão a ele. Por causa dele, o futebol é tão presente em minha vida, das mais diversas maneiras, seja como ex-jogador do juvenil e juniores do América, Santa Tereza, Cassimiro de Abreu, União São Pedro e Ateneu, seja como atleta amador atualmente em Diamantina (MG), seja como estudioso do futebol”, afirma Leandro.

Torcedor do Cruzeiro, ele lembra que, ao concluir doutorado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG),  fez um estudo sobre o futebol e torcedores migrantes.

Leandro viaja com recursos próprios. Mas, para “cumprir a promessa” de realização do sonho do pai, faz um planejamento prévio. “Sempre que uma Copa do Mundo termina, eu já começo a me organizar e me preparar para o próximo mundial”, relata.

“Basicamente, o que faço é um planejamento financeiro, com uma poupança específica para a próxima Copa. Como estive presente nas últimas quatro Copas do Mundo, já tenho uma certa experiência quanto aos gastos, hospedagem, passagem aérea e ingressos, o que facilita o planejamento”, observa o professor mineiro.

 


Leandro Cordeiro em Munique, na Alemanha,na Copa de 2006
foto: Arquivo Pessoal

Leandro Cordeiro em Munique, na Alemanha,na Copa de 2006

Leandro lembra que “cada mundial tem suas especificidades quanto aos gastos, tendo em vista a localização do país da Copa, sua moeda, disponibilidade variada ou limitada de opções de estadia, o que também se aplica às passagens aéreas, assim como o transporte interno no país sede”.  “Por exemplo, na Rússia, um dos maiores gastos que tive foi com as viagens de trem pelo país,  (por tratar-se de) um país gigante e que causa a necessidade de viagens longas e com custo alto.  Enfim, certamente, o mais importante é fazer um planejamento financeiro prévio, com boa antecedência. Sem isso não conseguiria estar presente nos Mundiais de maneira alguma”, descreve.

“Para ir ao Catar me organizei previamente durante os últimos três anos. Ou seja: estou indo com recursos próprios, poupados arduamente para possibilitar a viagem e novas experiências em uma Copa do Mundo. A minha realidade não me permitiria estar presente  na Copa se não fizesse esforços financeiros, como deixar de realizar gastos desnecessários no cotidiano”, revela.

Ele viaja para o país do Oriente Médio com ingressos comprados para assistir ao jogo do Brasil contra Camarões (marcado para sexta-feira, 2 de dezembro) e a outras três partidas da terceira rodada da primeira fase da Copa: Austrália x Dinamarca, Gana x Uruguai, e Alemanha x Costa Rica. Assistirá outros jogos da competição, com viagem de volta ao Brasil prevista para o dia 12 de dezembro, antes das semifinais e da grande final da Copa.

Confiança no Brasil

O professor e apaixonado por futebol diz estar confiante na Seleção Brasileira na Copa do Catar. Mas, acha que falta um líder ao time dirigido pelo técnico Tite.  “Quanto ao Brasil, penso que temos um bom time, com uma safra talentosa de atacantes. Por outro lado, como o futebol é um jogo coletivo, acredito que neste Mundial temos uma seleção com um jogo coletivo mais apurado, com os jogadores mais aplicados em situações de ataque e defesa. Porém, sinto falta de líderes em campo”, observa Leandro.

“Nós nunca fomos campeões do mundo sem líderes, desde 1958.  Bom, infelizmente, penso que não temos líderes nesta atual seleção, alguém como Didi, Mauro, Dunga, Aldair, Nilton Santos, Zito, Cafu, Ricardo Rocha, entre outros. Como cruzeirense, dou um exemplo: em 1997 eu estava no Mineirão, quando vencemos o Sporting Cristal e, sem dúvida alguma, Gottardo era nosso líder. Em 2009 eu também estava no Gigante da Pampulha, na derrota para o Estudiantes, jogo em que a falta de um líder foi determinante”, compara o professor e estudioso do futebol.

Zebra

Sobre a derrota da Argentina para a Arábia Saudita (por 2 a 1), considerada a grande zebra do torneio no Catar, até aqui, Leandro Cordeiro pontua: 

 

“É sempre bom lembrar que uma Copa do Mundo tem suas surpresas, e que o resultado de um jogo de futebol envolve muitas coisas, sejam técnicas, táticas, estratégicas, físicas, psicológicas, entre outras, que talvez somente o futebol é capaz de nos brindar, e o que o torna tão especial e único. Algo que presenciamos logo no início da Copa, com os árabes fazendo nossos hermanos argentinos sentirem a dor e a tristeza da derrota. Surpresa? Talvez sim, talvez nem tanto, afinal, é futebol”.


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