Se não repetiu a festa da final da Copa do Brasil de 2017, a torcida do Cruzeiro chegou muito perto disso na noite desta quarta-feira, após a vitória por 2 a 0 sobre o Flamengo no jogo de ida das oitavas de final da Copa Libertadores, no Maracanã. E todo o barulho que fez durante os 90 minutos foi só o encerramento perfeito de um dia em que os cruzeirenses pintaram o Rio de Janeiro de azul e branco. Especialmente o bairro de Copacabana, na Zona Sul da cidade, onde a delegação celeste ficou concentrada desde o fim dessa terça, quando desembarcou na capital fluminense.
Em um quiosque em frente ao hotel, os mesmos cruzeirenses responsáveis por uma vigília de 24 horas em Santiago, ainda na fase de grupos, antes do jogo contra a Universidad de Chile, lideraram grande movimentação desde as 10h desta quarta. Eles fecharam um espaço no calçadão da praia e receberam outros torcedores, com direito a banda de samba contratada e muita cerveja. “Onde o Chris está, tudo vira evento. Não tínhamos nada planejado, mas virou isso aí, contratamos uma banda de samba agora mesmo e virou festa”, brincou o cruzeirense e conselheiro do clube, Christiano Rocco.
Já na chegada ao Maracanã, antes de ocuparem as cadeiras, os cruzeirenses voltaram a tomar as rampas de acesso aos assentos com as músicas já populares no Mineirão. O local ficou famoso na final da Copa do Brasil de 2017, quando os torcedores deixaram o estádio com cânticos que comemoravam aquele empate por 1 a 1. No duelo da volta, no Mineirão, o jogo também terminou empatado, sem gols, mas a Raposa bateu o rival carioca nos pênaltis, por 5 a 3, e levantou o troféu.
Dentro do estádio, os cruzeirenses cantaram sozinhos por muito tempo, já que tiveram o acesso liberado pela Polícia Militar antes dos rubro-negros. Rapidamente, a torcida azul ocupou o espaço destinado aos visitantes. Quando os flamenguistas entraram, iniciou-se a disputa de decibéis. Aos 9’, porém, só vozes celestes ecoaram no Maracanã. O gol de Arrascaeta levou os cruzeirenses ao delírio: 1 a 0. A festa seguiu pelo menos até os 19’, quando Thiago Neves acertou a bola no travessão.
O barulho dos cruzeirenses se confundiu num primeiro momento com o apoio dos flamenguistas e depois com a pressão de quase todo estádio. A cada chance desperdiçada pelo time de Maurício Barbieri, os rubro-negros aumentavam o tom de cobrança. Tanto que a saída do time para o intervalo foi com vaias – uma pequena parte do estádio apoiou.
No segundo tempo, a impaciência vermelha e preta se intensificou, e os cruzeirenses fecharam a noite com chave de ouro. Thiago Neves ampliou para 2 a 0 aos 33 minutos, com desvio em chute de Lucas Silva. Daí em diante, o Maracanã pareceu o Mineirão, com festa azul e silêncio dos cariocas.
Na saída do estádio, os cruzeirenses deram o recado: “Vamos Cruzeiro, querido, de tradição, Libertadores ser campeão!”.