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Torcedor do Cruzeiro atira pedras em carro de Itair Machado; assista

Vídeo circula nas redes sociais desde o início da tarde desta sexta-feira

02/10/2020 16:38 / atualizado em 02/10/2020 17:39
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Momento em que Itair Machado é identificado por torcedor
foto: Reprodução

Momento em que Itair Machado é identificado por torcedor


Um vídeo que circula nas redes sociais desde o início da tarde desta sexta-feira mostra o momento em que um torcedor do Cruzeiro atira uma pedra no carro de Itair Machado. O episódio aconteceu enquanto o ex-vice-presidente de futebol do clube estava dentro do veículo, modelo BMW X1.

"O negócio é o seguinte. O que a gente tem que fazer é isso aqui. Quando a gente pega um safado igual esse Itair Machado aqui, olha que pilantra. Dá uma olhada nesse pilantra dentro do carro. O cara que acabou com o Cruzeiro, olha ali. Sentadinho, está vendo? Tem que pegar um cara desse e fazer assim", narra o autor do vídeo antes de atirar a pedra.

“Vem cá, desce aí”, desafiou o torcedor. “Tem que pegar um pilantra desses, que acabou com o Cruzeiro, e fazer isso aqui com um pilantra desses”, complementou. Ele atirou nova pedra no carro do Itair, que arrancou em alta velocidade e deixou o local. 

O Superesportes entrou em contato com o ex-dirigente, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.

Itair Machado deixou a vice-presidência do Cruzeiro em outubro de 2019, durante crise política, administrativa e financeira vivida pelo clube. Ele era o homem forte do futebol na gestão do ex-presidente Wagner Pires de Sá, que renunciou ao cargo após o rebaixamento do clube à Série B.

Em relatório da Polícia Civil finalizado, Itair foi acusado de ter utilizado dinheiro de comissão da negociação do lateral-direito Mayke com o Palmeiras para pagar uma dívida com o técnico Marcelo Oliveira. Ao lado de Wagner e Sérgio Nonato, o ex-vice de futebol foi indiciado pelos crimes de apropriação indébita, falsidade ideológica, associação criminosa e lavagem de dinheiro.

Apartamento


A Polícia Civil indica que operações envolvendo o Cruzeiro foram direcionados para pagar um apartamento para Itair Machado. Em 1º de março de 2018, o clube recebeu R$ 2 milhões do empresário Cristiano Richard dos Santos Machado, sócio de firmas que atuam na locação de veículos e de equipamentos de proteção.

Segundo a investigação, as partes envolvidas incluíram um novo termo no contrato de empréstimo, cerca de um mês depois. Nele, o clube afirmava que não dispunha de recursos para efetuar o pagamento da dívida, que venceria no fim do ano.

Para quitá-la, oferecia percentuais de direitos econômicos de dez jogadores. Entre os atletas estão o goleiro Gabriel Brazão (20%), o lateral-direito Vitinho (20%), os zagueiros Murilo (7%) e Cacá (20%), além dos atacantes David (20%) e Raniel (5%). A partir daí, a Polícia Civil investigou outras transações financeiras entre o empresário e um ex-dirigente do Cruzeiro.

Cristiano Richard pagou R$ 3,7 milhões na quitação do imóvel de Itair. O delegado Domiciano Monteiro, chefe da Divisão Especializada de Combate à Corrupção, Investigação a Fraudes e Crimes Contra a Ordem Tributária explicou o caso em coletiva no dia 11.

“Em data aproximada, este mesmo empresário realiza o pagamento de aproximadamente R$ 3,7 milhões a uma construtora para pagar parte de um apartamento a um então dirigente do Cruzeiro. O que eles tentaram alegar em suas defesas era que o pagamento seria em decorrência de um contrato entre o empresário e o ex-dirigente, que não possui sequer data de pagamento ou garantias”, frisou.

Contrato com Bruno Silva


Segundo relatório da relatório da Kroll revelado pela Globo, o Cruzeiro se comprometeu a pagar R$ 1,2 milhão ao empresário Carlinho Sabiá a título de intermediação pela contratação de Bruno Silva – a primeira de R$ 750 mil, com vencimento em 29 de janeiro de 2018, e a segunda, de R$ 450 mil, 10 dias depois. Chamaram atenção dos investigadores os valores e a rapidez no pagamento. Parte do dinheiro foi repassado para Itair Machado pagar uma dívida.

"A gente chegou a essa conclusão através do depoimento do ex-diretor financeiro, da insistência e exigência do pagamento dessa comissão de uma maneira mais ágil. Empresário de futebol, também ouvido, deixou que os valores pagos são totalmente alheios ao mundo do futebol. Com as provas testemunhais, com o sigilo bancário demonstrando que, parte do valor pago dessa comissão, foi para pagamento de dívida de ex-dirigente, a gente entendeu que o ex-dirigente praticou apropriação indébita de valores", afirmou o delegado que presidente o inquérito do Cruzeiro, o delegado Gustavo Xavier.

Renovação de Fábio


O quarto tópico da investigação foi a renovação do goleiro Fábio, em fevereiro de 2019. A Polícia Civil analisou o pagamento de comissão a dois empresários, que foram indiciados: João Sérgio Ramalho, conhecido como “João da Umbro” (R$ 900 mil), e Wagner Cruz (R$ 750 mil). Este, porém, nunca representou oficialmente o arqueiro.

“Esse empresário que não representava (Wagner Cruz) repassa o valor aproximado de R$ 750 mil para um então dirigente do Cruzeiro Esporte Clube”, diz o delegado Domiciano Monteiro. Os envolvidos no caso foram ouvidos pela Polícia Civil.

Alguns deles afirmaram que, antes de renovar com o Cruzeiro, o goleiro Fábio havia aceitado uma proposta do futebol estrangeiro. A oferta teria sido intermediada pelo empresário Wagner Cruz. Depois, segundo a versão, o jogador teria mudado de ideia e resolvido permanecer no clube.

Por conta da suposta mudança de ideia, Wagner Cruz não receberia a comissão prevista pela transferência do goleiro ao exterior. Por isso, o empresário teria sido incluído na negociação pela renovação com o Cruzeiro e recebido os R$ 750 mil mesmo sem representar Fábio.

“Foram ouvidos outros empresários do mundo do futebol, que negaram veementemente a possibilidade disso acontecer, afirmando que isso era algo impraticável. Não nos foi apresentado sequer uma mensagem de WhatsApp, e-mail, comprovando essa proposta. O goleiro negou veementemente que tenha aceitado a proposta e voltado atrás”, disse o delegado Gustavo Xavier.

“Ou seja, tendo a contradição, conseguimos concluir que há indícios de que essa pessoa (Wagner Cruz) foi inserida no negócio da renovação do goleiro para gerar um crédito de 750 mil em relação ao Cruzeiro. Depois, esse valor foi repassado a um ex-dirigente do Cruzeiro”, completou.

Pagamento retroativo a Itair Machado


Outro caso investigado pela Polícia Civil foi o pagamento retroativo de salários a Itair Machado referentes aos meses de outubro, novembro e dezembro de 2017, no valor de R$ 450 mil. Oficialmente, porém, o ex-dirigente só assumiu o cargo de vice-presidente de futebol do Cruzeiro em janeiro de 2018, quando se iniciou o mandato de Wagner Pires de Sá.

“O então presidente do Cruzeiro (Gilvan de Pinho Tavares) informou que não realizou a contratação desse dirigente (Itair Machado) e que, portanto, não seriam devidos valores a ele por serviços prestados naquela época”, explicou o delegado Domiciano Monteiro.

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