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Cruzeiro conta com vivências de Luxemburgo e Felipão para evitar a Série C

Treinadores veteranos foram cruciais em momentos de crise no clube e obtiveram bons resultados na Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro

12/11/2021 18:00 / atualizado em 12/11/2021 20:37
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Luxemburgo e Felipão foram fundamentais para evitar queda do Cruzeiro à Série C
foto: Bruno Haddad e Gustavo Aleixo/Cruzeiro

Luxemburgo e Felipão foram fundamentais para evitar queda do Cruzeiro à Série C


Vanderlei Luxemburgo e Luiz Felipe Scolari têm muitas coisas em comum no futebol: ambos treinaram a Seleção Brasileira, conquistaram títulos importantes no Palmeiras e ajudaram a livrar o Cruzeiro do rebaixamento à Terceira Divisão do Campeonato Brasileiro.

Os profissionais da velha guarda superaram as críticas por uma suposta desatualização no mundo da bola e emplacaram bons números na Série B graças à vivência de quase quatro décadas à frente de clubes com as mais variadas estruturas. Inclusive, grande parte da torcida ficou com a sensação de que o time voltaria à elite caso fosse conduzido por um dos dois em toda a competição.

Quando contratou Scolari para o lugar de Ney Franco, em 15 de outubro de 2020, o Cruzeiro era 19º colocado na Série B, com 12 pontos em 15 rodadas. Em suas entrevistas, o técnico manteve o discurso de que o foco principal seria evitar a queda à Série C. Em momento algum alimentou o sonho do acesso.

De fato, a Raposa jamais se aproximou do G4. Porém, atingiu 55,55% de aproveitamento com Felipão: nove vitórias, oito empates e quatro derrotas em 21 jogos. O índice superou o desempenho de Juventude e Cuiabá, 3º e 4º colocados, com 53,5% (61 pontos).

Felipão se desligou do Cruzeiro no dia seguinte ao empate por 0 a 0 com o Náutico, em 24 de janeiro de 2021, pela 37ª rodada da Série B de 2020 - a temporada foi estendida até o ano seguinte em razão da paralisação do futebol pela pandemia de COVID-19.

A decisão de deixar o clube partiu do próprio treinador, cujo contrato se encerraria em dezembro de 2022. Pesaram para o fim da parceria os constantes atrasos salariais e a incerteza quanto à busca por reforços de renome indicados pelo comandante.

Menos de sete meses depois da saída de Luiz Felipe Scolari, o Cruzeiro buscou Vanderlei Luxemburgo, em 3 de agosto de 2021, em meio à coleção de resultados ruins de seus antecessores, Felipe Conceição e Mozart Santos.

Conceição perdeu as duas primeiras na Série B, além de cair diante da Juazeirense na terceira fase da Copa do Brasil. Já Mozart contabilizou duas vitórias, sete empates e quatro derrotas em 13 partidas. No geral, a Raposa ficou em 18º, com 13 pontos.

Diferentemente de Felipão, Luxemburgo adotou a tese de que o acesso era possível. Em 20 jogos, ganhou oito, empatou nove e perdeu três, com 55% de aproveitamento. O rendimento seria suficiente para se igualar a Avaí e Goiás, 3º e 4º colocados, com 58 pontos.

Apesar da boa performance do treinador, a equipe sempre esteve distante do G4, sobretudo pelo excesso de empates, e só conseguiu espantar o fantasma da Série C na terça-feira, ao ganhar do Brusque por 2 a 0, no Mineirão, em Belo Horizonte, pela 35ª rodada.

Vanderlei disse que quer ficar no Cruzeiro em 2022, porém condicionou a renovação a um planejamento com salários em dia, boas contratações, crescimento de receitas e possibilidade de investimentos. Coisas que Felipão pediu e não foi atendido.

Enquanto isso, o presidente Sérgio Rodrigues confia na criação da Sociedade Anônima do Futebol para captar recursos que viabilizem a redução de dívidas e a montagem de um elenco condizente com a briga pelo acesso, conforme esperado pelos torcedores celestes.

As três rodadas finais da Série B servirão de laboratório para 2022. No domingo, às 19h, o Cruzeiro enfrenta o Vitória, no Barradão, em Salvador. Depois, pegará Sampaio Corrêa (casa) e Náutico (fora). O time celeste ocupa a 11ª posição, com 46 pontos.

Números dos treinadores no Cruzeiro


Vanderlei Luxemburgo

146 jogos
82 vitórias
34 empates
30 derrotas

Na primeira passagem pelo Cruzeiro, de agosto de 2002 a fevereiro de 2004, Luxemburgo conquistou o Campeonato Mineiro, a Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro em 2003. Foi a melhor temporada da história do clube, que terminou o ano com 52 vitórias, 13 empates e oito derrotas em 73 jogos, com 179 gols marcados e 70 sofridos. Somente na Série A, a primeira no sistema de pontos corridos, o time somou 100 pontos e marcou 102 gols em 46 rodadas (24 clubes). O camisa 10 Alex foi o grande destaque do elenco, com 39 gols em 63 partidas.

Luiz Felipe Scolari

96 jogos
49 vitórias
31 empates
16 derrotas

Em 2000, Felipão levou o Cruzeiro à liderança da primeira fase da Copa João Havelange, equivalente ao Campeonato Brasileiro. Nos mata-matas, o time eliminou Malutrom-PR nas oitavas de final e Internacional nas quartas de final. Na semifinal, acabou derrotado pelo Vasco. Em 2001, a Raposa conquistou a Copa Sul-Minas e caiu nas quartas de final da Copa Libertadores nos pênaltis diante do Palmeiras. O bom desempenho geral de Scolari lhe rendeu convite para dirigir a Seleção Brasileira, pela qual se sagrou campeão da Copa do Mundo de 2002.

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