Sérgio Rodrigues explica próximos passos para venda das ações do Cruzeiro

17/12/2021 22:03 / atualizado em 18/12/2021 00:08

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foto: Marcos Vieira/EM D.A Press
Sérgio Santos Rodrigues, presidente do Cruzeiro, comemorou a aprovação da mudança estatutária no clube

A Assembleia Geral do Cruzeiro aprovou na noite desta sexta-feira a mudança no estatuto que permite a negociação de até 90% das ações da Sociedade Anônima do Futebol. O presidente Sérgio Santos Rodrigues comemorou o resultado do pleito e comentou a expectativa para o acordo com o investidor que realizará o aporte.

“Está sinalizado melhor para o mercado que temos essa disposição. Quem está aqui tomando as decisões em nome dessa torcida maravilhosa - 9 milhões de torcedores -, está fazendo o que a torcida quer. O Cruzeiro quer que venha esse investidor para nos ajudar a voltar ao nosso patamar e ficar ali para sempre”.

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Segundo Sérgio Rodrigues, o próximo passo é se reunir com a XP Investimentos e a Alvarez & Marsal de modo que o Cruzeiro escolha a oferta mais vantajosa. O dirigente garantiu que existem conversas em andamento com o banco e a consultoria.

“Agora é esperar, juntamente com essas empresas, tomar a melhor definição das propostas que vão ter. Já estão chegando, nos passaram algumas coisas em mãos para sentarmos e conversar e ver o que mais pode chegar”.

Sérgio explicou ainda as razões pelas quais a associação civil do Cruzeiro manterá 10% de participação na SAF. O objetivo é ter poder de veto em temas relacionados à identidade do clube, como cores, escudo, nome, sede, etc. O mandatário celeste assegurou um cenário diferente ao do Bragantino, vendido em março de 2019 à companhia de bebida energética austríaca Red Bull por R$45 milhões.

“Há uma certa diferença, porque mantivemos 10%, exatamente para ter esse voto de qualidade para manter a identidade do Cruzeiro, as cores e tudo mais. Com todo o respeito ao Bragantino, que é gerido por um dos melhores executivos do Brasil, o Thiago, que é meu amigo, mas o propósito é diferente. O Cruzeiro é um clube centenário, com 9 milhões de torcedores, com raízes italianas. Sem dúvida nenhuma que quem vier vai entender e respeitar”.

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Conselheiros e associados do Cruzeiro durante votação de mudança do Estatuto do clube. Assembleia geral autorizou venda de até 90% das ações da SAF para investidores. Houve festa dos cruzeirenses no Parque Esportivo do Barro Preto, em BH, devido à possibilidade de chegada de recursos para tornar o futebol mais competitivo a partir de 2022. - foto: Marcos Vieira/EM/D. A Press

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O que mudou no Estatuto do Cruzeiro?

Na Assembleia Geral, conselheiros e associados concordaram, por maioria de votos, a alteração na redação do artigo 1º, parágrafo 5º, do Estatuto Social do Cruzeiro Esporte Clube, que trata da possibilidade de a instituição se tornar empresa. O texto original permitia a negociação de no máximo 49% do capital social, fatia considerada pouco atrativa para especialistas do mercado financeiro. Agora, o investidor terá a opção de adquirir até 90%.

“O Cruzeiro Esporte Clube será acionista obrigatoriamente e de modo permanente na sociedade empresária ou sua sucessora que vier a constituir para explorar a atividade do desporto profissional, titular de pelo menos 10% (dez por cento) do capital social, sendo vedado o registro da sociedade sem a aprovação, pelo Conselho Deliberativo, do contrato social”.

Por que o clube criou a SAF?

O Cruzeiro constituiu a Sociedade Anônima do Futebol no fim de novembro com base na Lei nº 14.193, de 6 de agosto de 2021. A expectativa é captar recursos que ajudem no pagamento de dívida calculada em R$962,5 milhões e facilitar a formação de um time competitivo que retorne à Série A do Campeonato Brasileiro.

Como será aplicado o dinheiro do investidor?

O aporte inicial do investidor deverá ser aplicado tanto nas dívidas da associação civil quanto na qualificação da equipe de futebol. Exemplo: se um grupo comprasse 80% das ações da SAF por R$400 milhões, R$200 milhões abateriam débitos e R$200 milhões seriam utilizados na atividade desportiva com o objetivo de gerar novas receitas.

Qual a obrigação da SAF em relação à associação civil?

Concluída a transação, a SAF terá de destinar 20% das receitas para quitar débitos da associação civil, além de 50% do lucro proporcionado pela operação do futebol. Se em seis anos 60% do passivo original for liquidado, o prazo para a extinção dos 40% restantes é prolongado por mais quatro anos. Ou seja, em uma eventual operação fechada em 2022, o Cruzeiro SAF teria até 2032 para “zerar” as pendências do CNPJ antigo.

O que ficará com a associação civil?

O investidor do Cruzeiro comprará somente a operação do futebol. Patrimônios como a sede administrativa do Barro Preto, os clubes sociais e as Tocas da Raposa I e II permanecem em propriedade da associação civil.

Quando o dinheiro chega?

O Cruzeiro espera ter o capital em mãos em abril ou maio de 2022 - desde que feche com o investidor em janeiro ou fevereiro. Todavia, há o risco de as conversas demorarem meses ou anos para serem concretizadas.

De onde é o investidor?

Pedro Mesquita, head do banco de investimentos da XP, afirmou que os interessados em comprar as ações do Cruzeiro são grupos da Europa, dos Estados Unidos e do Oriente Médio. Os nomes não foram revelados em virtude de cláusulas de confidencialidade.