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Cruzeiro SAF: entenda a mudança estatutária e o propósito do clube-empresa

Clube celeste tenta captar investidores para subir à Série A e voltar a brigar por títulos importantes

17/12/2021 23:00 / atualizado em 18/12/2021 00:09
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Assembleia Geral do Cruzeiro aprovou alteração de Estatuto
foto: Pedro Leite/Superesportes

Assembleia Geral do Cruzeiro aprovou alteração de Estatuto


Os torcedores do Cruzeiro esperam que o dia 17 de dezembro de 2021 fique marcado por ser o começo da recuperação de uma instituição atirada ao fundo do poço por más administrações enquanto associação civil. Na condição de empresa, a expectativa é que haja responsabilidade, transparência e compromisso na gestão esportiva e financeira, de modo que os apaixonados pelo clube voltem a comemorar títulos importantes. Entenda nos sete tópicos abaixo como a mudança estatutária desta sexta-feira impactará no futuro da Raposa em médio e longo prazo.


O que mudou no Estatuto do Cruzeiro?


Na Assembleia Geral, conselheiros e associados concordaram, por maioria de votos, a alteração na redação do artigo 1º, parágrafo 5º, do Estatuto Social do Cruzeiro Esporte Clube, que trata da possibilidade de a instituição se tornar empresa. O texto original permitia a negociação de no máximo 49% do capital social. Agora, o investidor terá a opção de adquirir até 90%.

“O Cruzeiro Esporte Clube será acionista obrigatoriamente e de modo permanente na sociedade empresária ou sua sucessora que vier a constituir para explorar a atividade do desporto profissional, titular de pelo menos 10% (dez por cento) do capital social, sendo vedado o registro da sociedade sem a aprovação, pelo Conselho Deliberativo, do contrato social”.

SAF: Assembleia Geral do Cruzeiro aprovou mudança do Estatuto



Por que o clube criou a SAF?


No fim de novembro, o Cruzeiro constituiu a Sociedade Anônima do Futebol com base na Lei nº 14.193, de 6 de agosto de 2021. A expectativa é captar recursos que ajudem no pagamento de dívida calculada em R$962,5 milhões e facilitar a formação de um time competitivo que retorne à Série A do Campeonato Brasileiro.

Como será aplicado o dinheiro do investidor?


O aporte inicial do investidor será alocado tanto no pagamento de dívidas da associação civil quanto na qualificação da equipe de futebol. Exemplo: se um grupo comprasse 80% das ações da SAF por R$400 milhões, R$200 milhões abateriam débitos e R$200 milhões seriam utilizados na atividade desportiva com o objetivo de gerar novas receitas.

Qual a obrigação da SAF em relação à associação civil?


Concluída a transação, a SAF terá de destinar 20% das receitas para quitar débitos da associação civil, além de 50% do lucro proporcionado pela operação do futebol. Se em seis anos 60% do passivo original for liquidado, o prazo para a extinção dos 40% restantes é prolongado por mais quatro anos. Ou seja, em um eventual acordo fechado em 2022, o Cruzeiro SAF teria até 2032 para “zerar” as pendências do CNPJ antigo.

SAF: torcida do Cruzeiro durante votação de mudança do Estatuto



O que ficará com a associação civil?


O investidor do Cruzeiro comprará somente a operação do futebol. Patrimônios como a sede administrativa do Barro Preto, os clubes sociais e as Tocas da Raposa I e II permanecem em propriedade da associação civil.

Quando o dinheiro chega?


O Cruzeiro espera ter o capital em mãos em abril ou maio de 2022 - desde que feche com o investidor em janeiro ou fevereiro. Todavia, há o risco de as conversas demorarem meses ou anos para serem concretizadas.

De onde é o investidor?


Pedro Mesquita, head do banco de investimentos da XP, afirmou que os interessados em comprar as ações do Cruzeiro são grupos da Europa, dos Estados Unidos e do Oriente Médio. Os nomes não foram revelados em virtude de cláusulas de confidencialidade.

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