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'Disfarçado', Wagner Pires diz que 'entregaram' Cruzeiro para Ronaldo

Acusado de corrupção no clube, ex-presidente ainda afirmou que deixou a barba crescer para 'despistar', pois os torcedores 'estão querendo jogar pedra'

23/03/2022 15:13 / atualizado em 24/03/2022 00:58
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Wagner Pires de Sá, ex-presidente do Cruzeiro, gravou vídeo afirmando que o clube foi entregue
foto: Reprodução/Twitter

Wagner Pires de Sá, ex-presidente do Cruzeiro, gravou vídeo afirmando que o clube foi entregue


Um vídeo do ex-presidente do Cruzeiro, Wagner Pires de Sá, causou alvoroço nas redes sociais nesta quarta-feira. Na gravação de 23 segundos, ele saudou um amigo, explicou o motivo de ter deixado a barba crescer e afirmou que o clube foi entregue a Ronaldo Fenômeno. Não há informações sobre a data de registro do episódio.


“Meu amigo Lanza, você nem vai lembrar de mim. Wagner! Grande amigo, grande companheiro. Estou com barba para despistar, porque eles estão querendo jogar pedra, mas beleza. Entregaram nosso Cruzeiro! Fodemos”, disse Wagner, com sinais de embriaguez em um restaurante.

Pires de Sá foi expulso do Conselho Deliberativo do Cruzeiro em 7 de fevereiro de 2022, pouco mais de dois anos após renunciar à presidência, em dezembro de 2019. Seu mandato ficou marcado pelos gastos que elevaram a dívida do clube de R$ 400 milhões para mais de R$ 1 bilhão.

O ex-dirigente se tornou réu na Justiça por suspeitas de lavagem de dinheiro, apropriação indébita, falsidade ideológica e organização criminosa. Integrantes de sua gestão - como o ex-vice-presidente de futebol Itair Machado e o ex-diretor Sérgio Nonato - também respondem pelos possíveis crimes.

Foi justamente a má administração de Wagner que mergulhou o Cruzeiro em uma grave crise financeira e tornou primordial a entrada de um investidor para o futebol. Em 18 de dezembro de 2021, o presidente Sérgio Santos Rodrigues anunciou Ronaldo como parceiro, um dia após a aprovação da venda de até 90% das ações pelo Conselho. O acordo foi intermediado pelo banco de investimentos XP.

Após ser dada como certa, a negociação está em xeque, uma vez que o ex-jogador solicitou que as Tocas da Raposa I e II também sejam transferidas para a SAF. Em troca, ele assumiria a dívida tributária da associação civil, hoje calculada entre R$ 180 milhões e R$ 200 milhões, e com parcelas acima de R$ 1 milhão até 2032.

Alguns conselheiros concordaram com as condições de Ronaldo, enquanto outros alegaram que o clube ficaria desprotegido sem nenhum patrimônio como garantia da liquidação do passivo bilionário. Reunião extraordinária em 4 de abril, às 18h30 (abertura dos portões às 17h30), no clube do Barro Preto, decidirá se a Raposa dará sequência à venda da SAF ao ex-centroavante.

Nas redes sociais, grande parte da torcida é favorável à cessão das Tocas ao Fenômeno, sobretudo pelo início promissor em 2022, com salários em dia e resultados positivos no Campeonato Mineiro e na Copa do Brasil. Inclusive, grupos organizam manifestações favoráveis à aprovação no dia da votação.

A lei determina que a SAF destine 20% das receitas para o pagamento de dívidas da associação civil em um prazo de seis anos, prorrogáveis por mais quatro em caso de liquidação de 60% do débito original. Passado o período máximo de 10 anos, a empresa se tornaria responsável pelas pendências restantes do clube.

No Conselho do Cruzeiro, houve o questionamento ao fato de a operação ser bastante vantajosa a Ronaldo, que teria a obrigação inicial de aportar R$ 50 milhões de um total de R$ 400 milhões. O empresário aplicaria os R$ 350 milhões restantes na movimentação de vendas de direitos econômicos, receitas de televisão, premiações, patrocínios e outros.

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