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Recuperação judicial do Cruzeiro: administradoras dão prazo para relatório

Empresas vão auxiliar o juízo, identificar a real extensão das dívidas e supervisionar o cumprimento do plano de recuperação

Pedido de recuperação judicial do Cruzeiro foi aceito pela Justiça
foto: Bruno Haddad/Cruzeiro

Pedido de recuperação judicial do Cruzeiro foi aceito pela Justiça

As administradoras responsáveis pelo processo de recuperação judicial da associação do Cruzeiro informaram que divulgarão um relatório preliminar da situação processual em 15 de agosto, conforme nota enviada ao Superesportes (leia na íntegra na sequência).

A Acerbi Campagnaro Colnago Cabral Sociedade de Advogados e a Credibilita Administração Judicial e Serviços atuam em conjunto em diferentes frentes para dar prosseguimento ao processo de recuperação, deferido pela Justiça na última quarta-feira (15).

"O papel das equipes de administração judicial nomeadas será o de auxiliar o juízo, identificando a real extensão das dívidas e atestando a continuidade da atuação da entidade, supervisionando o cumprimento do plano de recuperação, das normas estabelecidas pela legislação e elaborando relatórios mensais das atividades da Recuperanda com as informações por ela fornecidas", lê-se na nota direcionada à reportagem.

O processo de recuperação judicial a readequação da dívida do clube, que se aproxima de R$ 1 bilhão, de acordo com balanço financeiro divulgado neste ano. As administradoras judiciais atuarão no sentido de conciliar os interesses dos credores e buscar formas de manter as atividades da associação do Cruzeiro.

Leia a nota enviada pelas administradoras

A ACERBI CAMPAGNARO COLNAGO CABRAL ADMINISTRAÇÃO JUDICIAL (“Acerbi”) e a CREDIBILITÀ ADMINISTRAÇÕES JUDICIAIS (“Credibilità"), considerando a decisão de processamento da recuperação judicial do Cruzeiro Esporte Clube, esclarecem que o processo de recuperação judicial objetiva conciliar os interesses dos credores com a manutenção das atividades e todas as funções sociais que dela decorrem.


O papel das equipes de administração judicial nomeadas será o de auxiliar o juízo, identificando a real extensão das dívidas e atestando a continuidade da atuação da entidade, supervisionando o cumprimento do plano de recuperação, das normas estabelecidas pela legislação e elaborando relatórios mensais das atividades da Recuperanda com as informações por ela fornecidas.

A Acerbi e a Credibilità informam que iniciaram as atividades de inspeção dos estabelecimentos e de comunicação aos credores e, considerando a necessidade de exame mais profundo do processo, divulgarão, no dia 15 de agosto de 2022 um relatório preliminar da situação processual.

Acentuam, ainda, aos credores, torcedores e interessados que, conforme o art. 22, inciso I, alínea b e k da Lei 11.101/2005, quaisquer informações referentes ao processo, poderão ser obtidas diretamente no endereço eletrônico mantido pela administração judicial – contato@rjcruzeiro.com.br ou por meio do telefone (31) 99889-1921.


Recuperação judicial do Cruzeiro


O Cruzeiro solicitou, na última segunda-feira, o pedido de recuperação judicial. A solicitação foi deferida pelo juiz substituto Adilon Cláver de Resende, da Vara Empresarial da Comarca de Belo Horizonte, dois dias depois.

Além de definir as administradoras judiciais responsáveis pelo processo, a Justiça determinou que a associação do Cruzeiro apresente as "contas demonstrativas mensais, enquanto perdurar o seu processo de recuperação judicial, sob pena de destituição dos seus administradores, e também a apresentação do Plano de Recuperação, no prazo de 60 dias, contados da publicação da decisão".

Ainda de acordo com a decisão judicial, "os credores legitimados a esta recuperação judicial têm o prazo de 15 dias para apresentarem de forma administrativa - para a Administração Judicial - suas habilitações e ou divergências quanto aos créditos relacionados".

Dívida apontada no balanço 

 

Em abril, o Conselho Deliberativo do Cruzeiro aprovou o balanço do exercício de 2021, que apontou dívida de R$ 970 milhões e déficit acumulado de R$ 1 bilhão. Com relação ao endividamento, a gestão do presidente Sérgio Santos Rodrigues atribuiu o crescimento aos acordos realizados com atletas que não integravam mais o elenco, às variações cambiais das dívidas na Fifa e aos juros de empréstimos.

 

Também em abril deste ano, o ex-jogador Ronaldo assinou a compra de 90% das ações da Sociedade Anônima do Futebol do Cruzeiro por um investimento de R$ 400 milhões - R$ 50 milhões de aporte inicial e R$ 350 milhões por capital próprio e/ou receitas incrementais baseadas na média apurada com o futebol de 2017 a 2021 (R$ 220 milhões).

 

Em março, o estafe de Ronaldo e o banco XP (representante do Cruzeiro) ajustaram alguns pontos do contrato, como a impossibilidade de venda das ações a um terceiro por um período de cinco anos ou até complementar os R$ 400 milhões, e o licenciamento da marca do clube à SAF, com pagamento de royalties à associação civil após quitada a dívida.

 

O Fenômeno ainda assumiu o passivo tributário da instituição, de R$ 180 milhões e com parcelas superiores a R$ 1 milhão até 2032, tendo como contrapartida as propriedades das Tocas da Raposa I e II.

 

A lei da SAF determina a destinação de 20% das receitas do clube-empresa para o abatimento de dívidas da associação civil em um prazo de seis anos, prorrogáveis por mais quatro em caso de liquidação de 60% do débito original.

 

O pedido de recuperação judicial era uma das exigências do Fenômeno para confirmar a compra de 90% da SAF do Cruzeiro, o que foi acatado pelo Conselho Deliberativo do clube. 


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