Novo treinador do Cruzeiro, Pepa teve uma curta trajetória como jogador profissional, mas bastante intensa. Em 2019, no evento Porto Summit, o técnico revelou casos polêmicos e excessos cometidos durante a carreira profissional. Os relatos foram publicados pelo jornal esportivo Record, de Portugal, em setembro daquele ano.
Além dos problemas físicos - que resultaram na aposentadoria precoce do então atacante aos 26 anos - Pepa superou dificuldades financeiras e a depressão até se estabelecer como treinador.
"Não fui responsável"
"Quando cheguei ao Benfica, marquei o primeiro gol na equipe de juniores, que foi muito falado. Ganhando mil contos com 17 anos, e minha mãe perguntava se estava tudo bem. Eu respondia que sim, mas não tinha dinheiro. Isso demonstra que não fui responsável".
Excessos na boemia e saída do Benfica
"O Benfica me castigou porque eu estava me perdendo na noite. A solução foi emprestarem-me ao Lierse. Mas continuei na má vida. Era pouco profissional porque continuava a sair à noite e às vezes ia direto para o treino. Quando voltei da Bélgica, tinha duas filhas e, por influência do empresário, rescindi com o Benfica para jogar no Varzim, porque havia a promessa que, se corresse bem, iria para o Porto, onde estava o José Mourinho".
Problemas físicos
"Quando quis mudar, o corpo não deixou. Tive pubalgia, que na altura era muito complicada de tratar. Eram seis meses e a carreira ficava em risco. Depois fui para o Paços, onde tive um tumor no pé. Foi lá que chorei com a minha mulher, quando me deram a notícia. O José Mota estava com o médico e chamaram-me. Tinha 23 anos, duas filhas e caiu-me aquela notícia. Felizmente era um tumor benigno. Arrebentei o joelho todo. Fui operado cinco vezes".
Estudos contra a depressão
"Não tinha o 12º ano [equivalente ao Ensino Médio no Brasil] e fui estudar. Não tive tempo para depressão, tive geladeira vazia. É verdade, deixei de pagar a prestação da casa, mas comida para as filhas nunca faltou".
Início como técnico
Carreira no futebol
Nascido em 14 de dezembro de 1980, em Torres Novas-POR, Pepa foi comparado a gênios do futebol, como Eusébio e Pelé, no início da carreira dele. O ex-atacante era um dos destaques da base do Benfica e conquistou um título europeu sub-18 pela Seleção Portuguesa.
Na carreira, ele também defendeu o Lierse SK, da Bélgica, além dos portugueses Varzim, Paços de Ferreira e Olhanense. Por conta das lesões, Pepa pendurou as chuteiras em 2007, aos 26 anos.
Após o fim da carreira como atleta, Pepa passou por Sacavenense, Odivelas e Taboeira, trabalhando nas categorias de base. Depois, foi auxiliar técnico do Tondela e de equipes da categoria de base do Benfica.
O comandante de 42 anos também dirigiu Sanjoanense, Feirense, Moreirense, Tondela, Paços de Ferreira, Vitória de Guimarães e Al-Tai, da Arábia Saudita.