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Ex-presidente do Tupi é indiciado por falsidade ideológica e estelionato

José Luiz Mauler Júnior, o Juninho, é acusado de cobrar R$ 4.500,00 para a realização de testes no clube de Juiz de Fora e não cumprir com os combinados

09/05/2022 16:47 / atualizado em 09/05/2022 17:19
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Juninho, ex-presidente do Tupi, ao lado de Tiago Ferreira Conte
foto: Arquivo Pessoal

Juninho, ex-presidente do Tupi, ao lado de Tiago Ferreira Conte


O presidente do Tupi, José Mauler Júnior, conhecido como Juninho, foi indiciado pela Polícia Civil por estelionato em um caso envolvendo irregularidades nas peneiras de futebol do clube de Juiz de Fora, na Zona da Mata de Minas Gerais. Além dele, respondem pelo mesmo crime Tiago Ferreira Conte e Luigi Firmiano.

Juninho, que também responderá por falsidade ideológica, foi afastado da presidência do Tupi em setembro de 2021, quase dois anos depois de ter sido eleito, em dezembro de 2019.

Tiago e Luigi, integrantes da empresa MultiSport, eram parceiros de Juninho na organização de peneiras no clube em 2021.

A reportagem do Estado de Minas procurou o trio, mas nenhum respondeu aos contatos.

Peneiras

 
As supostas irregularidades em testes no Tupi foram divulgadas pelo ge.globo em 2021. À época, Juninho e a MultiSport organizaram uma série de peneiras para a comissão técnica observar jovens jogadores e integrar alguns ao elenco do clube.

O problema é que o trio cobrava um valor que ia até R$ 4.500,00 para os jovens, muitos vindos de outras cidades e de áreas de vulnerabilidade social.

Entretanto, conforme as investigações, as peneiras não aconteciam, ou as promessas de hospedagem e alimentação não eram cumpridas. Tanto os atletas quanto os familiares usaram as redes sociais para divulgar os problemas. 

“Diante de tudo isso, nós começamos a elucidar os fatos e tudo apontou para um possível estelionato em relação à realização de peneiras para selecionar jogadores para estar no Tupi”, explicou a delegada responsável pelo caso, Ione Barbosa.

“Por conta dos valores pagos pelas vítimas e não tendo a realização das peneiras e nem resposta, fizemos o indiciamento destas três pessoas”.

Inclusive, segundo a delegada, diversas vítimas ainda não foram ressarcidas pelo pagamento das peneiras.

“Muitas pessoas contrataram as seletivas e não foram restituídas. Houve uma acareação entre os envolvidos, eles [trio indiciado] se comprometeram a restituir as vítimas e não fizeram isso até o momento”.

“Com relação a isso, a gente pede a todos que não foram restituídos que procurem a delegacia até o fim da semana para representarem contra essas pessoas”.

O endereço da delegacia é Rua Custódio Tristão 76, bairro Santa Terezinha, em Juiz de Fora. 

José Mauler Júnior, o Juninho, ex-presidente do Tupi
foto: Tupi Football Club/Divulgação

José Mauler Júnior, o Juninho, ex-presidente do Tupi

 
Além de Juninho, Tiago e Luigi, a Polícia Civil pediu a quebra de sigilo bancário de oito pessoas, que não tiveram os nomes divulgados pela delegada.

“O Coaf [Conselho de Controle de Atividades Financeiras] enviou um relatório de inteligência de transações entre as pessoas envolvidas. Chegamos à conclusão, analisando inclusive os movimentos financeiros entre parentes dos envolvidos com saques de cheques altos, que as transações são atípicas. Ao final deste relatório, vamos representar junto ao Judiciário pela quebra de sigilo bancário destas pessoas suspeitas e envolvidas nas transações”, contou Ione.

Delegada Ione Barbosa, responsável por investigar ex-presidente do Tupi
foto: Polícia Civil/Divulgação

Delegada Ione Barbosa, responsável por investigar ex-presidente do Tupi

 

Falsidade ideológica


O ex-presidente Juninho também foi indiciado por falsidade ideológica. De acordo com a delegada Ione Barbosa, foram emitidos sete cheques, em nome do Tupi, assinados por Eloísio Pereira de Siqueira, o Tiquinho, eleito vice-presidente na chapa de Juninho e atual mandatário do Tupi.

Na perícia, contudo, a PC concluiu que os cheques foram assinados por Juninho, e não por Tiquinho. 

“Nós tivemos acesso a pelo menos sete cheques emitidos pelo então presidente [Juninho}. O vice-presidente [Tiquinho] esteve na delegacia e disse que não reconhecia a assinatura dele nos cheques”.

“Diante disso, nós intimamos o presidente para vir à delegacia e ele se negou a dar o padrão dele [de assinatura] para que fizéssemos a comparação. Como tínhamos vasto material, enviamos para a perícia em Belo Horizonte. A comparação foi feita e foi constatado que a letra no cheque não é do Tiquinho. E que a segunda assinatura é do presidente”.

O Tupi Football Club se pronunciou pelas redes sociais. Em nota assinada por Tiquinho, o clube informou que está colaborando com as investigações.

“O Tupi respeita e colabora com as autoridades responsáveis por apurar e julgar os fatos relacionados. A direção atual se posiciona para contribuir e fornecer as informações necessárias para que a justiça seja feita. Nosso foco, no momento, é na campanha do Tupi no Campeonato Mineiro do Módulo II, sendo certos, que acreditamos na competência e senso de justiça de nossas autoridades”.

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